O início da vacinação contra a dengue pela rede pública chega em boa hora, com novos surtos generalizados da doença pelo país, e diversas localidades decretando situação de emergência. O primeiro grupo a ser vacinado serão crianças e a partir de 10 até 14 anos, em 315 cidades dos estados com maiores índices de contágio (AC, AM, BA, GO, MA, MS, PB, RN, SP e o DF). Os locais e grupo prioritário para vacinação foram definidos pelo Ministério da Saúde em conjunto com Conass e o Conasems, seguindo recomendação do Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização do ministério e a OMS (Organização Mundial da Saúde).
Devido à baixa capacidade de produção do laboratório, apenas 3 milhões de indivíduos devem ser imunizados ainda em 2024. Não há previsão da inclusão de outros grupos ainda, porém a vacina está disponível na rede privada, e a procura pelas doses tem aumentado nos últimos meses.
Pessoas com Esclerose múltipla podem tomar a vacina?
A EM não configura uma contraindicação para a imunização pela vacina contra a dengue, A QDenga é uma vacina de vírus vivo atenuado, nestas vacinas o vírus é enfraquecido a ponto de não ser capaz de causar a doença, enquanto ainda consegue estimular uma resposta imune do organismo. Segundo a bula da QDenga, o imunizante é contraindicado para “pessoas com imunodeficiência congênita ou adquirida, incluindo aqueles recebendo terapias imunossupressoras tais como quimioterapia ou altas doses de corticosteroides”.
Como explica a neurologista Raquel Vassão do conselho científico da AME “O que acontece, é que algumas das medicações mais utilizadas para o tratamento de EM, tem efeito imuno supressor. Então a depender da medicação, pode ter o risco de o vírus ser reativado no organismo da pessoa, mesmo que seja um risco pequeno.”
Na prática, isto significa que pessoas que façam uso dos medicamentos Ocrelizumabe, Ofatumumabe, Fingolimode, Cladribina, Alentuzumabe, não podem tomar a vacina QDenga.
E quem não usa estes medicamentos, pode tomar a vacina?
Na teoria, sim. No entanto, Raquel recomenda sempre seguir a recomendação do seu neurologista. “Se meu paciente quiser tomar a vacina, eu observo se ele está estável, e sem surtos há algum tempo, se a resposta for sim, eu libero. Porém é algo que cada pessoa deve consultar com o médico, pois cada caso é diferente do outro.”
O combate ao mosquito ainda é a principal medida
É importante frisar que, de acordo com o próprio Ministério da Saúde, a melhor forma de prevenção seguirá sendo o combate ao mosquito transmissor, eliminando focos de água parada. Não há previsão da entrada de pessoas com condições autoimunes na lista de vacinação contra a dengue pelo SUS, devido a falta de estudos que atestem a segurança da vacina para estes grupos, até o momento. Além disso, a vacina não protege contra outras doenças perigosas transmitidas pelo mosquito Aedes Aegypti, como a Zika e a Chikungunya – a primeira, pode apresentar riscos de complicações neurológicas.
Vale lembrar que, para pessoas com EM a infecção pela dengue pode também ser gatilho para uma recaída, portanto, o combate ao mosquito transmissor é uma medida fundamental. Além disso, a proteção pessoal é altamente recomendada, portanto lembre-se de passar repelentes nas áreas expostas do corpo, e em casa inseticidas e telagem das janelas são boas formas de proteção.
Matéria Redação AME