Cigarro eletrônico faz mal à saúde? Perguntas e respostas

Vape, pods, cigarros eletrônicos apresentam risco, independente do que você fume

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Vaping apresenta riscos, independentemente do que você fume. Começar a usar cigarros eletrônicos ou mudar de produtos de tabaco para cigarros eletrônicos aumenta o risco de efeitos adversos à saúde. A opção mais segura é evitar completamente o cigarro comum e eletrônico.

No Brasil

É importante saber que a comercialização, importação e propaganda de dispositivos eletrônicos de fumar (vapes, pods etc.) está proibida pela Anvisa. Documentos das Sociedades Brasileiras de Cardiologia, Pneumologia e Oncologia possuem vários alertas sobre as manifestações clínicas do uso contínuo de vape. No entanto, dados do Ipec alertam que o Brasil tem cerca de 2,2 milhões de usuários de cigarros eletrônicos.


Algo que é necessário entender é que a pesquisa sobre os efeitos à saúde do vaping está em andamento e pode levar algum tempo até entendermos os riscos a longo prazo. Ou seja, assim como foi com o tabaco tradicional, podem existir riscos ainda desconhecidos a saúde, que apenas décadas de pesquisa poderão esclarecer.

Este texto foi produzido com o que sabe-se atualmente sobre os efeitos dos líquidos de cigarro eletrônico com e sem nicotina, e do vaping de cannabis ou CBD.

Como o cigarro eletrônico afeta o coração?

Pesquisas preliminares sugerem que o vaping apresenta riscos para a saúde do coração. Os autores de uma revisão de 2019 destacam que os aerossóis dos líquidos eletrônicos contêm partículas, agentes oxidantes, aldeídos e nicotina. Quando inalados, esses aerossóis provavelmente afetam o coração e o sistema circulatório.

Um relatório de 2018 do National Academies Press (NAP) encontrou evidências significativas de que dar uma tragada em um cigarro eletrônico com nicotina provoca um aumento na frequência cardíaca. Os autores também descreveram evidências moderadas sugerindo que dar uma tragada em um cigarro eletrônico aumenta a pressão arterial. Ambos os fatores poderiam afetar a saúde do coração a longo prazo.

Um estudo de 2019 avaliou dados de uma pesquisa nacional com quase 450 mil participantes e não encontrou associação significativa entre o uso de cigarros eletrônicos e doenças cardíacas. No entanto, eles descobriram que pessoas que fumavam cigarros convencionais e cigarros eletrônicos tinham maior probabilidade de ter doenças cardíacas.

Outro estudo de 2019 baseado na mesma pesquisa nacional descobriu que o uso de cigarros eletrônicos estava associado a um maior risco de AVC, ataque cardíaco, angina e doenças cardíacas.

Os autores de um estudo de 2018 utilizaram dados de uma pesquisa nacional de saúde diferente para chegar a uma conclusão semelhante: o vaping diário está associado a um maior risco de ataque cardíaco, mesmo quando outros fatores de estilo de vida são considerados.

Finalmente, uma revisão de 2017 sobre os efeitos cardiovasculares do vaping indica que os cigarros eletrônicos podem apresentar certos riscos para o coração e o sistema circulatório, especialmente para pessoas que já têm algum tipo de doença cardíaca.

No entanto, os pesquisadores concluíram que, de maneira geral, acredita-se que o vaping seja menos prejudicial para o coração do que fumar cigarros.

Como o cigarro eletrônico afeta seus pulmões?

Alguns estudos sugerem que o cigarro eletrônico pode ter efeitos negativos nos pulmões, mas são necessárias mais pesquisas. Em particular, um estudo de 2015 examinou os efeitos dos líquidos de vape com sabores em células pulmonares humanas e em células pulmonares de camundongos.

Os pesquisadores relataram vários efeitos adversos em ambos os tipos de células, incluindo toxicidade, oxidação e inflamação. No entanto, esses resultados não necessariamente se aplicam ao cigarro eletrônico na vida real.

Um estudo de 2018 avaliou a função pulmonar de 10 pessoas que nunca fumaram imediatamente após o uso de fluidos de vape, com ou sem nicotina. Os pesquisadores concluíram que o uso de cigarros eletrônicos, com ou sem nicotina, interfere na função pulmonar típica em pessoas saudáveis. No entanto, este estudo teve um tamanho de amostra pequeno, o que significa que os resultados podem não ser aplicáveis a todos.

O relatório de 2018 do NAP encontrou evidências de que a exposição aos cigarros eletrônicos tem efeitos adversos no sistema respiratório. Por fim, os efeitos na saúde pulmonar não são esperados serem observados por 20 a 30 anos. É por isso que levou tanto tempo para que os efeitos negativos do cigarro fossem amplamente reconhecidos.

A magnitude completa dos efeitos dos ingredientes tóxicos dos cigarros eletrônicos pode não ser conhecida por mais três décadas.

Como o cigarro eletrônico afeta seus dentes e gengivas?

O cigarro eletrônico parece ter diversos efeitos negativos na saúde bucal. Por exemplo, um estudo de 2018 relatou que a exposição ao aerossol de cigarros eletrônicos torna as superfícies dos dentes mais propensas ao desenvolvimento de bactérias. Os autores concluíram que vaping pode aumentar o risco de cáries. Outro estudo de 2016 sugere que o vaping está associado à inflamação das gengivas, um fator conhecido no desenvolvimento de doenças periodontais. Da mesma forma, uma revisão de 2014 relatou que o vaping pode desencadear irritação nas gengivas, boca e garganta.

O relatório de 2018 do NAP concluiu que há evidências de que os cigarros eletrônicos com e sem nicotina podem danificar células e tecidos bucais em pessoas que não fumam cigarros.

Existem outros efeitos físicos a considerar?

O relatório de 2018 do NAP encontrou evidências substanciais de que fumar cigarros eletrônicos causa disfunção celular, estresse oxidativo e danos ao DNA. Algumas dessas mudanças celulares foram associadas ao desenvolvimento de câncer a longo prazo, embora atualmente não haja evidências suficientes para comprovação.

O vaping também pode ter efeitos adversos específicos em certos grupos, especialmente em jovens. O CDC (equivalente a Anvisa nos EUA) relatam que uso de cigarros eletrônicos com nicotina pode afetar permanentemente o desenvolvimento cerebral em pessoas com menos de 25 anos.

É possível que ainda não conheçamos todos os efeitos físicos do vaping.

Existe diferença entre fumar cigarros convencionais e eletrônicos?

Os efeitos a longo prazo do tabagismo são bem documentados e incluem um aumento no risco de AVC, doenças cardíacas e câncer de pulmão.

Segundo os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), o tabagismo causa quase 1 em cada cinco mortes nos Estados Unidos.

O vaping pode parecer uma escolha menos prejudicial para pessoas que tentam parar de fumar. No entanto, isso não significa que não haja riscos envolvidos, mesmo se o líquido de vape for livre de nicotina.

Até o momento, há evidências limitadas sobre os efeitos a longo prazo do vaping, porque sabemos que os efeitos nos pulmões levarão décadas para se desenvolver. No entanto, com base na experiência com cigarros, pode-se esperar efeitos adversos à saúde semelhantes, incluindo DPOC, doenças cardíacas e câncer.

Tabagismo eletrônico passivo

Exposição ao vapor de cigarros eletrônicos de terceiros é dito ser menos tóxica do que a exposição à fumaça de cigarros convencionais. No entanto, esta ainda é uma forma de poluição do ar que provavelmente representa riscos à saúde.

Segundo o relatório de 2018 do NAP, o vapor do cigarro eletrônico contém nicotina, matéria particulada e compostos orgânicos voláteis em concentrações que estão acima dos níveis recomendados.

Mais pesquisas precisam ser feitas para entender os efeitos à saúde a longo prazo da exposição ao vapor de cigarros eletrônicos de segunda mão.

Há diferença se o líquido de vape contém nicotina ou não?

Vaping produtos com nicotina aumenta o risco de dependência. Um estudo de 2015 esclarece que pessoas que consomem cigarros eletrônicos com nicotina têm maior probabilidade de se tornarem dependentes de nicotina do que pessoas que usam e-líquidos livres de nicotina. Isto é especialmente prejudicial para os jovens. Pois estes, têm maior probabilidade de começar a fumar cigarros convencionais no futuro.

No entanto, os cigarros eletrônicos ainda apresentam riscos à saúde, mesmo sem nicotina. E-líquidos livres de nicotina contêm diversos produtos químicos potencialmente tóxicos, como líquidos base e agentes flavorizantes. Estudos sugerem que o vaping sem nicotina pode irritar o sistema respiratório, causar morte celular, desencadear inflamação e prejudicar os vasos sanguíneos.

Mais pesquisas precisam ser feitas para entender os efeitos colaterais do vaping sem nicotina.

Quais efeitos de cigarros eletrônicos com cannabis ou canabidiol?

Os efeitos de vaping de cannabis ou CBD podem incluir:

Para cannabis:

  •         Coordenação comprometida
  •         Memória comprometida
  •         Dificuldades de resolução de problemas
  •         Náuseas e vômitos
  •         Aumento da frequência cardíaca
  •         Dependência a longo prazo

Há pouquíssimas pesquisas sobre os efeitos colaterais do vaping de CBD. No entanto, alguns efeitos colaterais relatados do uso de óleo de CBD incluem:

  •         Fadiga
  •         Irritabilidade
  •         Náusea

Esses efeitos colaterais geralmente são leves.

Os e-líquidos de cannabis e CBD geralmente contêm outros produtos químicos, como líquidos base ou agentes flavorizantes. Eles podem causar efeitos colaterais semelhantes aos dos cigarros eletrônicos livres de nicotina.

O saborizante do e-líquido importa?

Sim, o sabor do líquido de vape é importante. Um relatório de 2016 indicou que muitos líquidos de vape contêm agentes flavorizantes em concentrações que podem representar riscos aos usuários.

Outro estudo de 2016 testou mais de 50 sabores de e-líquidos. Os pesquisadores descobriram que 92% dos sabores testados continham um dos três produtos químicos potencialmente prejudiciais: diacetil, acetilpropionil ou acetoína.

Em estudo de 2018, pesquisadores descobriram que a cinamaldeído (encontrada na canela), o-vanilina (encontrada na baunilha) e pentanodiona (encontrada no mel) todos têm efeitos tóxicos sobre as células.

É difícil saber ao certo quais sabores contêm irritantes respiratórios, pois os ingredientes tendem a variar de uma marca para outra.

Não existem níveis seguros para o consumo de cigarros eletrônicos. No entanto, adotar essas medidas pode ajudar reduzir os riscos associados.

  1. Se informe sobre a lista de ingredientes, e potenciais riscos associados.
  2. Evite líquidos com sabor: Líquidos sem sabor têm menos probabilidade de conter agentes flavorizantes potencialmente tóxicos.
  3. Reduza gradualmente a nicotina: Se começou a usar o vape para parar de fumar, reduza gradualmente a dose de nicotina. Fazer a transição para líquidos sem nicotina pode ajudar a minimizar os efeitos colaterais.
  4. Mantenha-se hidratado: Beber água imediatamente após o consumo pode ajudar a prevenir boca seca, desidratação e outros efeitos colaterais.
  5. Escove os dentes depois: pode ajudar a prevenir o acúmulo de bactérias nocivas.

Originalmente publicado por Healthline

Traduzido e adaptado por Redação AME

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