Pesquisadores compararam o cérebro de pessoas com tipos de EM diferentes, a EMRR e com EMPP, e encontraram diferenças importantes
Mudanças sutis na estrutura do hipocampo – a região do cérebro envolvida no processamento de memórias – podem diferenciar entre a Esclerose Múltipla remitente-recorrente e primária progressiva, de acordo com um novo estudo.
O estudo, “Desvendando as assinaturas microestruturais baseadas em ressonância magnética por trás dos fenótipos de EM primária progressiva e remitente-recorrente”, foi publicado no Journal of Magnetic Resonance Imaging.
A maioria das pessoas com Esclerose Múltipla (EM) é diagnosticada pela primeira vez com um tipo específico chamado EM remitente-recorrente (EMRR), que é caracterizado por casos em que os sintomas pioram (em surtos) seguidos por períodos de sintomas menos graves (remissão). Os indivíduos com EM progressiva primária (EMPP), por sua vez, experimentam uma piora ou progressão gradual dos sintomas.
Acredita-se que as diferenças nos padrões de progressão da doença entre EMRR e EMPP refletem os diferentes mecanismos biológicos subjacentes a cada tipo. Por exemplo, enquanto a EMRR tende a ser caracterizada por maior inflamação, a EMPP geralmente é caracterizada principalmente por neurodegeneração (dano e morte de células nervosas). Compreender as diferenças mecânicas exatas entre os tipos de EM é uma área ativamente investigada.
No novo estudo, uma equipe liderada por pesquisadores da Universidade de Verona, na Itália, usou a ressonância magnética (RM) para comparar as características estruturais do cérebro de pessoas com EMRR e daquelas com EMPP.
Especificamente, os pesquisadores procuraram por mudanças na massa cinzenta do cérebro. O tecido cerebral pode ser dividido em dois tipos: substância cinzenta e substância branca. A substância cinzenta contém os corpos celulares dos neurônios (células nervosas), enquanto a substância branca representa conexões entre diferentes regiões da substância cinzenta.
A matéria branca recebe o nome pela bainha de mielina branca que envolve os axônios, que são as projeções que os neurônios usam para a comunicação. Como a EM é causada pelo ataque do sistema imunológico à bainha de mielina, as pesquisas sobre as mudanças na estrutura do cérebro na EM geralmente se concentram na substância branca. No entanto, uma nova pesquisa revelou que a massa cinzenta também tem um papel na condição.
No estudo, a equipe usou a ressonância magnética para analisar a massa cinzenta de 45 pessoas com EMPP e 45 com EMRR. O grupo EMPP era significativamente mais velho em média, com uma duração da condição significativamente mais longa e uma incapacidade mais substancial. Ambos os grupos eram em sua maioria femininos.
Um único scanner de ressonância magnética foi usado em cada participante para uma série de técnicas de imagem, cada uma examinando diferentes estruturas ou morfologias no cérebro.
Os pesquisadores então usaram uma bateria de análises estatísticas e algoritmos de aprendizado de máquina para encontrar diferenças significativas entre os dois tipos de EM. Suas análises identificaram 12 regiões com variações substanciais.
Dez dessas 12 regiões estavam em uma parte do cérebro chamada hipocampo, uma estrutura complexa que desempenha um papel central no aprendizado e na memória. Juntos, esses 12 aspectos foram capazes de discriminar entre pacientes com EMRR e EMPP com uma precisão de 83%.
Os pesquisadores reconheceram várias limitações a esta análise, principalmente o pequeno tamanho da amostra e a falta de um grupo de controle (ou seja, pessoas sem EM contra as quais fazer comparações).
No entanto, a equipe concluiu que a região da substância cinzenta “mais sensível às diferenças de grupo era o hipocampo, sugerindo um papel central desta região na progressão da doença e exigindo mais investigações.”
Fonte: Multiple Sclerosis News Today
Tradução e adaptação: Redação AME – Amigos Múltiplos pela Esclerose