Infusões de Natalizumabe em casa parecem tão seguras e eficazes quanto as realizadas em clínicas

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De acordo com estudo, infusões de Natalizumabe também são mais rápidas e mais baratas quando feitas em casa, além de serem preferidas por pessoas com EM

 

As infusões de Natalizumabe administradas em casa a pessoas com Esclerose Múltipla remitente-recorrente (EMRR) economizam dinheiro e são mais convenientes, além de aparentemente tão seguras e eficazes quanto as administradas em ambientes clínicos, relatou um estudo piloto comparando os dois métodos de administração.

No entanto, seus pesquisadores recomendaram a realização de ensaios maiores para verificar essas descobertas, particularmente no controle de efeitos colaterais devido à hipersensibilidade ao medicamento em casa.

O estudo, “Infusões caseiras de Natalizumabe para pessoas com Esclerose Múltipla: um estudo piloto randomizado cruzado”, foi publicado no Annals of Clinical and Translational Neurology.

A terapia de infusão em casa cresceu desde seu início na década de 1970, observou o estudo, seguindo uma tendência global de fornecer mais cuidados de saúde em outros ambientes em vez de hospitais.

Entre os medicamentos que estão sendo testados para administração em casa está o Natalizumabe, usado para limitar os danos à bainha de mielina que isola os neurônios em pessoas com formas recorrentes de esclerose múltipla.

O medicamento, feito pela Biogen, é geralmente administrado como infusão intravenosa de uma hora em um ambiente clínico sob supervisão de um médico, e evita que as células imunes inflamatórias entrem no cérebro e na medula espinhal. Essas células atacam e degradam erroneamente a mielina na EM.

Para testar a elegibilidade de Natalizumabe para uso em casa, pesquisadores australianos inscreveram 35 adultos com EMRR em um ensaio clínico para avaliar se a administração em casa era segura, viável, aceitável para pessoas e profissionais de saúde, eficiente no tratamento de sintomas e econômica.

Os participantes, que estavam usando Natalizumabe por cinco anos em média, foram randomizados para cuidados usuais ou infusões em casa. Cada pessoa foi submetido a três infusões mensais em uma dessas configurações e, em seguida, mudou para a outra configuração para mais três infusões.

Os pesquisadores compararam os resultados de segurança, adesão à terapia, satisfação individual, qualidade de vida, deficiência e custos entre as duas abordagens.

No geral, as medidas de adesão e qualidade de vida foram as mesmas, independentemente da configuração, e nenhum efeito colateral adverso foi registrado. As pessoas relataram se sentir mais satisfeitas com a conveniência das infusões caseiras do que com aquelas administradas em ambientes clínicos, e as infusões administradas em casa provaram ser a opção mais barata.

Em termos de adesão, 170 (82,1%) do total de 207 infusões administradas foram realizadas em até três dias da data recomendada, não havendo diferença entre a administração domiciliar e a clínica.

Embora nenhum efeito colateral relacionado à terapia tenha sido relatado, 18 infecções ocorreram em 11 indivíduos – oito entre aqueles que estavam sendo tratados em casa e 10 entre aqueles em uma clínica. A infecção respiratória foi a infecção mais comumente relatada no geral, ocorrendo mais na clínica do que em casa (seis contra uma). Mais infecções do trato urinário, ao contrário, ocorreram em casa do que na clínica (três contra duas).

“Os riscos de infecção para pessoas com EM em terapias modificadoras da doença são elevados em comparação com a população em geral, e o controle de infecção no atendimento domiciliar é um problema sério, com cerca de 3,5% dos pacientes desenvolvendo uma infecção grave durante o atendimento domiciliar”, observou o estudo.

Duas infecções de pele durante o atendimento domiciliar e uma durante o atendimento clínico também foram registradas.

As pessoas mostraram uma clara preferência pelo tratamento domiciliar, classificando-o de forma consistente como significativamente mais conveniente no Questionário de Satisfação do Tratamento para Medicamentos (TSQM, na sigla em inglês) – que cobre eficácia, efeitos colaterais, conveniência e satisfação geral.

As pontuações do tratamento em casa foram geralmente mais altas – implicando em uma preferência maior – entre os tópicos do TSQM, mas apenas aquelas sobre conveniência mostraram uma diferença estatisticamente significativa.

Não foram observadas diferenças estatisticamente significativas na qualidade de vida ao longo do estudo, conforme medido pelo Formulário Curto Padrão de 36 Itens em Pesquisa de Saúde. Em ambos os grupos de pessoas, a qualidade de vida tendeu a aumentar ligeiramente do primeiro período de tratamento para o seguinte.

Em média, as infusões em casa custam menos e levam menos tempo do que as infusões na clínica. O custo médio das infusões na clínica foi de AU$ 538 (cerca de R$ 2.048), em comparação com AU$ 480 para infusões em casa (cerca de R$ 1.827), excluindo os custos de farmácia. As pessoas passaram uma média de 53,9 minutos por infusão em casa, contra 146 minutos na clínica.

Este estudo piloto demonstrou não haver diferenças na segurança e eficácia entre as infusões clínicas e domiciliares de Natalizumabe e forneceu fortes evidências de viabilidade no último cenário”, concluíram os pesquisadores.

“Os estudos em larga escala devem ser conduzidos para testar ainda mais essas descobertas”, acrescentaram,“principalmente em relação à segurança e ao manejo da hipersensibilidade [eventos adversos] no ambiente doméstico e para a equivalência dos resultados clínicos.”

 

Fonte: Multiple Sclerosis News Today

Tradução e adaptação: Redação AME – Amigos Múltiplos pela Esclerose

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