Consulta pública para inclusão de Tetraidrocanabinol + Canabidiol para o tratamento de espasticidade na EM está aberta até 5 de outubro

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Gilberto Castro tem 47 anos e teve seu diagnóstico em 1999. As primeiras notícias que recebeu dos médicos foi que, em até cinco anos, ele perderia a mobilidade. Assim, sem receber orientação sobre alternativas naturais para sua condição de doença, Gilberto foi buscar na internet conteúdos e soluções que pudessem melhorar sua qualidade de vida. Foi quando conheceu o tratamento à base de Cannabis Sativa. “Há alguns anos, quando comecei meu tratamento, o antiespasmódico que eu utilizava já não fazia mais efeito. Eu sofria com os sintomas da Esclerose Múltipla e os efeitos colaterais dos medicamentos. O uso dos canabinoides me trouxeram muita qualidade de vida”, conta.

Hoje Gilberto é um ativista da causa e está sempre acompanhando a experiência de outros pacientes e de cuidadores que recorrem a medicamentos como o Mevatyl, composto de tetraidrocanabinol (THC) 27 mg/ml + canabidiol (CBD) 25 mg/ml, para o tratamento de seus sintomas na EM ou em outras condições neurológicas. “Se aprovado, esse será um grande primeiro passo para nós. Mesmo tendo as moléculas separadas de canabinoides em relação a uma planta inteira, esses componentes são muito eficazes e é muito importante tê-los disponíveis em uma farmácia, ao invés de importar a um alto custo. Este é um extrato de uma planta e é importante lutar por um recurso natural que oferece proteção e regeneração neurológica”, concluí Castro.

A consulta pública foi solicitada à Conitec pela empresa de produtos Beaufour IPSEN Farmacêutica para que o medicamento Mevatyl (tetraidrocanabinol 27 mg/ml + canabidiol 25 mg/ml) seja incorporado no Sistema Único de Saúde (SUS) para o tratamento sintomático da espasticidade moderada a grave relacionada à esclerose múltipla. A consulta pública aberta pelo conselho vai até 5 de outubro.

> 6 passos para entender o que é uma consulta pública e porquê participar delas 

Para Patrícia Savoi, médica e membra do conselho científico da AME e CDD, este é um medicamento que pode tratar diversos sintomas de condições crônicas mas, devido ao seu alto custo e dificuldade de importação, é inacessível para boa parte da população, reduzindo as possibilidade de linhas terapêuticas ou de tratamentos complementares e, assim, reduzindo também a qualidade de vida de quem convive com uma condição crônica neurológia. “Os canabinoides são fitoterápicos derivados da Cannabis Sativa. O medicamento para que se propõem esta consulta pública possui pouquíssimos efeitos colaterais descritos, é de fácil manejo e não apresenta efeitos adversos quando usado em complemento a um tratamento”, comenta.

Ainda segundo Patrícia, ainda existe preconceito na sociedade civil quanto na comunidade científica sobre tratamentos à base de Tetraidrocanabidiol e canabidiol, porque medicamentos como este acabam sendo diretamente associados a uma prática que, no Brasil, é considerada ilegal. Porém, é importante termos espaço de conversa e debate para saber diferenciar as indicações do uso. “Quanto ao tratamento, sabemos que além da eficácia para a espasticidade, os canabinoides também mostram resultados muito positivos para dores neuropáticas, além de agirem como anti-inflamatórios, antioxidantes, anti-eméticos, melhorando eventos adversos de outros medicamentos, auxilia no controle da ansiedade e da insônia – sintomas muito comuns em quem convive com uma condição crônica –  além de ser um poderoso neuroprotetor. Todos esses benefícios podem melhorar a qualidade de vida de quem convive com uma doença que afeta do sistema nervoso central como a Esclerose Múltipla”, avalia Patrícia.

RECOMENDAÇÃO INICIAL DA CONITEC
A Conitec recomendou inicialmente a não incorporação no SUS do tetraidrocanabinol 27 mg/ml + canabidiol 25 mg/ml para o tratamento sintomático da espasticidade moderada a grave relacionada à esclerose múltipla. O Plenário realizou a avaliação crítica de estudos de eficácia, segurança, custo-efetividade e impacto orçamentário na perspectiva do Sistema Único de Saúde (SUS) e concluiu que, embora a medicação possa ser considerada segura, o nível de evidência dos desfechos de eficácia é de baixa qualidade, com grau de recomendação fraca a favor da incorporação do medicamento.

Para participar com experiências ou opiniões sobre a consulta pública nº49, acesse o portal da Conitec. Contribua até 05 de outubro  por meio do formulário online disponível.

Nosso posicionamento

Após ouvir a sociedade médica, a sociedade civil, demandante e estudar com profundidade o relatório inicial disponibilizado pela Conitec, nós emitimos o seguinte posicionamento:

A inclusão do medicamento a base de Tetraidrocanabinol 27 mg/ml + canabidiol 25 mg/ml para o tratamento sintomático da espasticidade moderada a grave relacionada à esclerose múltipla, é uma nova alternativa segura ao tratamento de sintomas da doença, garantindo a ampliação do arsenal terapêutico, a partir da atualização do Protocolo Clínico de Esclerose Múltipla, além de assegurar o poder de escolha de cada médico e paciente frente às possibilidades de tratamento. Dada a particularidade do desenvolvimento da Esclerose Múltipla em cada paciente, é preciso oferecer o maior número possível de opções seguras e eficazes para que se possa conviver com qualidade de vida frente à um diagnóstico. Pessoas com Esclerose Múltipla que têm seus sintomas minimizados, têm maior qualidade de vida e capacidade produtiva. Logo, ofertar um medicamento para um sintoma tão incapacitante como a espasticidade, é de suma importância para que essas pessoas, que já utilizaram outros antiespasmódicos sem sucesso no tratamento, continuem vivendo suas vidas de forma plena. Além disso, este é um medicamente registrado pela ANVISA, logo, têm sua evidência de eficácia comprovada

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