A pandemia de COVID-19 forçou muitos consultórios médicos a repensar o funcionamento das salas de espera, oferecendo em uma experiência melhor para muitos pacientes
- De acordo com um novo estudo, antes da pandemia a pior parte do consultório médico era ficar sentado na sala de espera por longos períodos.
- Um agendamento melhor de consultas durante a pandemia ajudou com o tempo que se passa na sala de espera.
- Algumas mudanças no ambiente de saúde podem permanecer pós-pandemia.
Um acontecimento pré-pandêmico que pode ficar no passado é o tempo que você passa na sala de espera do seu médico.
E as pessoas estão felizes com isso.
De acordo com um estudo da Yosi Health, quase metade das pessoas entrevistadas (46%) afirmam que antes da pandemia, a pior parte do consultório médico era sentar na sala de espera por longos períodos de tempo.
Além disso, 30% das entrevistadas disseram que a melhor mudança no consultório médico desde a pandemia é um melhor agendamento de consultas, o que reduz os atrasos na sala de espera.
“Ao permitir que os pacientes reservem suas consultas on-line e pedir que eles apareçam na hora certa, as clínicas agora estão diminuindo o tempo de espera… As clínicas agora estão prestando mais atenção em quanto tempo as pessoas esperavam. Agora as clínicas têm um incentivo para reduzir o tempo de espera e não fazer as pessoas esperarem mais do que o necessário ou serem expostas a outras pessoas”, disse Hari Prasad, especialista em tecnologia de saúde e CEO da Yosi Health.
A experiência tradicional da sala de espera frequentemente envolvia pacientes sentados ao lado de outros pacientes, preenchendo formulários em pranchetas, tocando em quiosques e outros dispositivos. Mas agora essas coisas estão indo embora lentamente, disse Prasad.
“Estamos vendo uma melhoria na experiência digital desse paciente à medida que ele começa a exigir mais dessas conveniências como consumidor”, disse ele.
O atendimento em que o paciente fica dentro do veículo, como num drive-thru, também é uma forma pela qual os provedores adotaram um novo tipo de atendimento.
O Dr. David Berg, presidente e cofundador da Redirect Health, diz que até a pandemia atingir, os consultórios médicos historicamente não eram eficientes em separar pessoas com sintomas de pessoas saudáveis que recebiam serviços ou procedimentos de exames anuais.
“Nos primeiros dias do COVID-19, os médicos e os sistemas de saúde tiveram que inventar novas maneiras de cuidar das pessoas, minimizando seu tempo no consultório. O carro se tornou a nova sala de exames para algumas situações. E uma vez que os planos de saúde embarcaram nessa e começaram a pagar a mesma quantia por consultas virtuais em paridade com as no consultório, toda a forma como abordávamos os cuidados de saúde mudou”, disse Berg.
A mudança das primeiras consultas no consultório para o ambiente virtual
O COVID-19 forçou os profissionais de saúde a otimizar os aspectos de seus serviços de maneira rápida e remota, ao mesmo tempo em que protegiam a privacidade dos pacientes.
“Aparentemente da noite para o dia, estávamos todos focados nas pessoas que passavam o mínimo de tempo dentro de nossas clínicas”, disse Berg.
Antes da pandemia, você provavelmente marcava uma consulta num consultório e era atendido por um médico ou ia a um pronto-socorro e esperava mais.
“No novo sistema de hoje, inspirado no COVID, mais pessoas estão sendo atendidas virtualmente primeiro e, em seguida, são direcionadas para o melhor local e nível de atendimento – tudo enquanto estão no conforto de sua casa, trabalho ou frequentemente em uma viagem”, disse Berg.
Antes do COVID-19, uma experiência virtual no consultório do seu médico era incomum. Prasad observou que isso pode ocorrer porque muitas clínicas lidam com a redução dos reembolsos e o aumento do custo do atendimento, sendo que as soluções de tecnologia normalmente não as ajudam.
“Dessa forma, [a tecnologia] não era uma das principais prioridades para as clínicas que prestam cuidados médicos às pessoas, mas agora com a pandemia, o tempo de espera expôs o risco dessas salas de espera, não apenas com a proximidade física de outras”. ele disse.
Além disso, Berg diz que os provedores pré-pandemia que ofereciam serviços virtuais não eram pagos adequadamente pelos planos de saúde ou pagadores do governo.
“Ver uma mudança da primeira consulta no consultório para o virtual teria levado muito mais tempo se o COVID-19 não forçasse as coisas e acelerasse o tempo. Assim como o número de pessoas que lidam com cuidado com os filhos e reuniões com o Zoom aumentou exponencialmente, o mesmo aconteceu com as pessoas que aprenderam a apreciar uma experiência de saúde mais eficiente. Tudo o que eles precisavam fazer era usar a mesma tecnologia que usavam para se comunicar com seus entes queridos – adicionando as proteções de privacidade necessárias”, disse ele.
Conforme os pacientes começaram a receber cuidados virtualmente, eles se tornaram consumidores capacitados em busca de serviços digitais, diz Prasad.
“Especialmente quando se trata de como os pacientes se encontram com seus médicos ou clínicas. Essa é uma área em que vemos uma melhora significativa, especialmente com a forma como os pacientes podem agendar visitas online”, disse Prasad.
As pessoas ainda querem ver seu médico pessoalmente
Apesar de gostar de serviços virtuais e digitais, as pessoas ainda esperam ter visitas presenciais com seus médicos.
O estudo da Yosi mostrou que cerca de 60% das pessoas entrevistadas estariam dispostas a voltar para as visitas presenciais e esperam que isso aconteça.
“Embora tenhamos mudado para os serviços de telemedicina online, agora também veremos uma mudança de volta para as tradicionais consultas presenciais”, disse Prasad.
No entanto, embora as pessoas indiquem que querem ver seus médicos, elas ainda esperam que o tempo de espera diminua. A pesquisa Yosi mostrou que as pessoas podem mudar seus profissionais médicos se não lhes forem oferecidas a conveniência e as experiências digitais para tornar sua consulta melhor, mais rápida e mais fácil.
“É necessário que os provedores se esforcem e ofereçam essas conveniências não apenas para a retenção e fidelidade do paciente, mas também para melhorar os resultados dos pacientes. Freqüentemente, as experiências digitais melhoram os resultados”, disse Prasad.
Ele prevê uma fusão de tecnologia com visitas pessoais. Ele antecipa que as pessoas vão preferir preencher formulários e fornecer informações de planos de saúde, identificação e de cartão de crédito virtualmente antes de chegarem.
“Agora os pacientes estão se conscientizando de que, ao usar esses serviços, eles também podem reduzir o tempo de espera, portanto, esperamos que os pacientes adotem mais soluções de tecnologia para melhorar suas próprias experiências”, disse ele.
Berg observa que um modelo virtual exigirá legislação estadual e federal que rege a saúde virtual nos Estados Unidos.
No Brasil, a Lei nº 13.989 autorizou a prática e telemedicina no país durante a crise sanitária da pandemia – até então, a prática da teleconsulta não era permitida. Contudo, a lei não resolveu todas as questões relativas à matéria e não existe ainda uma legislação de caráter permanente sobre o tema.
Algumas pessoas podem precisar de ajuda com serviços digitais
Enquanto Prasad percebe os profissionais de saúde se movendo no sentido de permitir que os pacientes usem dispositivos pessoais, como um telefone ou computador para reduzir o tempo de espera, ele reconhece que os pacientes mais velhos e aqueles que não têm acesso aos dispositivos podem precisar de outras opções.
“As soluções estão evoluindo, então não são baseadas em aplicativos. Isso pode tornar mais fácil para pacientes idosos, de modo que usar um sistema online, não um sistema de smartphone, pode ajudar”, disse ele.
No entanto, ele observa que a pandemia ajudou algumas pessoas mais velhas a se tornarem mais experientes em tecnologia.
“Os pacientes idosos se sentem mais confortáveis usando um tablet, porque durante a pandemia, todos começaram a usá-lo para se conectar com seus amigos e familiares. Acredito que a demografia irá evoluir com o tempo com a forma como eles se adaptam à tecnologia”, disse Prasad.
Fonte: Healthline e Agência Brasil
Tradução e adaptação: Redação AME – Amigos Múltiplos pela Esclerose