Sexualidade e intimidade na Esclerose Múltipla

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A sexualidade e intimidade podem ser partes importantes na vida de pessoas com Esclerose Múltipla (EM). Ter e desfrutar de uma vida sexual saudável integra o conceito de viver bem para muitas pessoas. A expressão sexual traz benefícios à saúde, incluindo redução do estresse, dor, depressão, doenças cardíacas, câncer de próstata e atrofia vaginal, entre outros benefícios. 

A sexualidade é influenciada por uma série de fatores, incluindo fisiológicos, psicológicos, físicos, culturais e espirituais – alguns dos quais podem ser afetados pela Esclerose Múltipla. Entre 70% a 90% dos homens e 40% a 70% das mulheres relatam mudanças na função sexual em algum momento da EM. A importância da saúde psicossocial e da sexualidade não deve ser subestimada.

A neurofisiologia do sexo 

Sexo é complexo! O ciclo de resposta sexual é dividido em várias fases, incluindo a fase de excitação (excitação inicial que inclui ereção peniana, lubrificação vaginal e ingurgitamento), a fase de platô, orgasmo e resolução. O sistema nervoso está envolvido em todos os aspectos da sexualidade, desde a excitação sexual e atração até o orgasmo e o vínculo.

As redes cerebrais, a medula espinhal e os nervos periféricos estão envolvidas na função sexual. Redes dentro do cérebro interpretam informações sensoriais e atribuem valor a elas, incluindo prazer, dor, etc. (olfato) e tátil (toque). 

Os nervos dentro e sob a pele respondem ao toque, pressão, vibração e temperatura e, em seguida, enviam mensagens ao cérebro através da medula espinhal. A medula espinhal também desempenha um papel crítico na regulação da nossa percepção das sensações táteis e da dor. As áreas motoras do cérebro se comunicam com a medula espinhal para regular o tônus ​​​​muscular e os movimentos.

O sistema nervoso autônomo é responsável por controlar as funções corporais que não envolvem nossa ação consciente, como respiração, frequência cardíaca, pressão arterial e funções digestivas. É ele que também regula as funções sexuais, como ereção, lubrificação vaginal e orgasmo.

Função sexual na Esclerose Múltipla

Problemas comuns entre os homens com EM:

  • Disfunção erétil é o mais comum 
  • Diminuição da sensibilidade
  • Dificuldade em atingir o orgasmo
  • Problemas com a ejaculação

Entre as mulheres:

  • Dificuldade em atingir o orgasmo é mais comumente relatada
  • Diminuição do desejo de atividade sexual
  • Dificuldade de excitação (como diminuição da lubrificação)
  • Dor durante a atividade sexual 

A EM pode afetar a função sexual direta e indiretamente. Os efeitos da EM incluem:

  • De forma direta, devido a lesões desmielinizantes em estruturas do cérebro e da medula espinhal que causam disfunção sensorial, motora ou autonômica, como dificuldade em alcançar e manter uma ereção, lubrificação vaginal e orgasmo. 
  • De forma indireta, afetando a sexualidade, com a diminuição da energia, da concentração, da mobilidade e causando dor e espasticidade. 
  • Alguns medicamentos usados ​​para tratar os sintomas da EM também podem afetar a sexualidade, causando efeitos colaterais sexuais.
  • Mudanças psicossociais e emocionais como diminuição da autoestima, humor e imagem corporal, podem ser causadas pela EM. 
  • Depressão, estresse e ansiedade também podem afetar a sexualidade, e a própria disfunção sexual pode produzir emoções negativas, como medo de rejeição por um parceiro ou medo de ser percebido como menos masculino ou feminino.

Dadas as inúmeras influências na função sexual, é importante ser abrangente na abordagem da sexualidade – isso significa:

  • Obter o apoio do parceiro, neurologista e outros médicos (urologista, atenção primária etc.), psicólogos, terapeutas e outras pessoas que a pessoa conheça e possa confiar, se necessário.
  • Uma excelente comunicação com o parceiro e profissionais da saúde é essencial. A dica é buscar usar a linguagem com a qual a pessoa se sente à vontade e informar ao médico que deseja discutir a saúde sexual durante a consulta, para garantir que haja tempo na consulta.

Dicas

Começar a conversa. Fazer as seguintes perguntas para o neurologista:

  • “Estou preocupado sobre como a Esclerose Múltipla pode afetar minha vida sexual. O que devo procurar e como posso planejar essas mudanças?”
  • “Tenho algumas perguntas sobre como a Esclerose Múltipla pode estar afetando minha sexualidade.”
  • “Não tenho certeza de como falar com meu parceiro (novo/existente) sobre como a Esclerose Múltipla afeta a minha sexualidade. Onde posso encontrar recursos para ajudar?”

Libido/disfunção erétil:

  • Evite drogas ilícitas e álcool
  • Medicamentos podem ser usado para o aumento da libido em mulheres
  • Medicamentos como são altamente eficazes para homens com disfunção erétil, mas podem ser contraindicados para aqueles com histórico de doença cardíaca ou para aqueles que tomam vasodilatadores
  • Supositórios penianos, injeções penianas podem ser úteis
  • Dispositivos de ereção a vácuo e próteses também podem ser usados

OBS da AME: Todos estes medicamentos devem ser usados sob supervisão médica.

Secura vaginal:

  • Lubrificantes à base de água
  • Discuta outras opções com o ginecologista

Dificuldade em atingir o orgasmo:

  • Comunicação!
  • Incorpore mais flerte, fantasia, preliminares ou sexo oral
  • Tente posições sexuais novas ou diferentes
  • Use dispositivos sexuais, como vibradores

 Dor durante a relação sexual:

  • Vibradores e/ou lubrificantes dessensibilizantes podem ser úteis para mulheres
  • Identifique a fonte e a causa da dor (dor no nervo, dor relacionada à espasticidade, lesão, etc.) e desenvolva uma estratégia de controle da dor, incluindo relaxamento, medicamentos, etc., conforme apropriado.

Fadiga:

  • Mudar o horário da atividade sexual para um momento em que a pessoa tenha mais energia
  • Manter níveis saudáveis ​​de atividade física, uma dieta saudável, ter boas rotinas de sono
  • Buscar tratamento para depressão e ansiedade
  • Alguns medicamentos também podem ajudar com a fadiga

Disfunção da bexiga:

  • Usar o banheiro antes da atividade sexual
  • Praticar exercícios da técnica “Kegel” (Nota da AME: Veja aqui os melhores exercícios)
  • É possível usar preservativos e absorventes na cama
  • Alguns medicamentos podem ajudar a reduzir a dificuldade de segurar a urina
  • Não é recomendado o jejum de água devido ao risco aumentado de infecções do trato urinário com este método

Espasticidade: (Nota da AME: Leia sobre espasticidade aqui!)

  • Exercícios de alongamento
  • Diferentes posições sexuais ou auxiliares de posicionamento, como travesseiros
  • Buscar medicamentos antiespasticidade
  • A espasticidade focal que interfere no sexo, como nos músculos que unem os joelhos, pode ser melhorada com alongamentos e injeções botulínicas

Nota da AME: Leia aqui sobre saúde sexual feminina na EM.

Depressão e antidepressivos: (Nota da AME: Leia mais aqui sobre depressão na EM)

  • Buscar uma terapia que possa conversar sobre o tema
  • Praticar atividade física saudável
  • Usar, se necessário, medicamentos antidepressivos
  • Alguns antidepressivos podem causar efeitos colaterais sexuais, mas outros não. Informar ao médico se achar que um dos seus medicamentos está interferindo na função sexual e perguntar se há outro medicamento adequado.

Nota da AME: Leia mais sobre saúde sexual masculina na EM.

Muitas pessoas com Esclerose Múltipla experimentam mudanças em sua função sexual e a EM pode desafiar a percepção de si mesmo e da própria sexualidade. Às vezes, mudar a maneira como se pensa a sexualidade e intimidade pode ser necessário. Por exemplo, é preciso chegar ao orgasmo para desfrutar do sexo? Existem outras maneiras de aproveitar a intimidade com o parceiro? Existem muitas maneiras de ajudar a controlar a disfunção sexual na EM e o apoio de profissionais da saúde também ajuda.


Tradução e adaptação: Redação AME – Amigos Múltiplos pela Esclerose

Fonte: MS Focus

Escrito por By Michael J. Bradshaw e Dr. Maria Houtchens, em novembro de 2016.

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