Embora ainda não haja cura para a esclerose múltipla, já existem inúmeros tratamentos capazes de modificar o curso da doença, as chamadas “terapias modificadoras da doença”. Esses tratamentos têm como objetivo aliviar os sintomas no curto-prazo e, em longo prazo, prevenir a progressão da esclerose múltipla.1
Mas como saber se seu tratamento está atingindo esses objetivos de forma eficaz? Bem, existem formas de avaliar se o tratamento está entregando o resultado esperado ou, se no seu caso, ele não apresenta ou deixou de apresentar a eficácia desejada – quando ocorre a chamada “falha terapêutica”.2
Para se ter uma ideia de quão comum é a falha terapêutica na esclerose múltipla, cerca de 30% das pessoas com esclerose múltipla em tratamento com uma terapia modificadora da doença têm resposta sub-ótima (ou seja, abaixo do esperado), já nos primeiros 1-2 anos de tratamento.3
“Uma regra geral da medicina é que um tratamento que oferece um resultado sub-ótimo precisa ser trocado.”3
Jornal Europeu de Neurologia
De acordo com um recente estudo, publicado no Jornal Europeu de Neurologia, “os diferentes mecanismos de ação que compõe o leque terapêutico hoje disponível oferecem um racional forte para a troca terapêutica, tão logo seja observada uma resposta sub-ótima.”3 Mas as perguntas são: Quando trocar? Como trocar? E por qual classe terapêutica trocar?
“Evite esperar muito para trocar [o medicamento]. Lembre-se: tudo o que for possível fazer deve ser feito para interromper a progressão e prevenir a incapacidade física e cognitiva.”3
Jornal Europeu de Neurologia
COMO SABER QUAL A HORA DE TROCAR O MEDICAMENTO?
De acordo com o mesmo artigo, do Jornal Europeu de Neurologia, o fator mais determinante para a troca de um medicamento no tratamento da esclerose múltipla é quando a doença atinge um nível de atividade considerado inaceitável. Entretanto, ainda não há um consenso sobre o que é a “resposta sub-ótima” no tratamento da EM, e nem sobre qual nível de atividade da doença deve ser considerado inaceitável…3
Por isso, os médicos que participaram do estudo propõem avaliar a predisposição do paciente em responder de forma positiva (ótima) a um tratamento ao avaliar:
O número de novas lesões de T2 na ressonância magnética;3
Número de surtos apresentados no primeiro ano de tratamento;3
Ou ainda as novas lesões de T2 na ressonância magnética ocorridas nos primeiros seis meses de tratamento. Isso porque, a análise de um conjunto de estudos (meta-análise) demonstrou que o efeito de terapias modificadoras da doença nas lesões de ressonância magnética atingido nos primeiros 6-9 meses com um tratamento é capaz de predizer sua eficácia em relação a surtos por um período maior, de 12-24 meses.3
Quando esses índices são altos (muitas lesões e surtos), há um risco maior de aumento da incapacidade nos próximos quatro anos e, por isso, a recomendação seria não apenas trocar o medicamento, como buscar uma nova classe terapêutica na tentativa de atingir a resposta “ótima”. Se o risco existir, mas for considerado menor, o médico pode buscar a troca para outro tratamento da mesma classe terapêutica.3
Já outro estudo, publicado na revista John Hopkins Advanced Studies in Medicine, sugere que a progressão da doença já é um indicativo de que há falha terapêutica. Sinais da progressão podem incluir desde taxa de surtos e novas evidências de atividade da doença na ressonância, como também a progressão da incapacidade (medida na Escala Expandida do Estado de Incapacidade – EDSS ) ou o aparecimento de novo déficit cognitivo.4
Nesse segundo estudo, 56% dos neurologistas entrevistados acreditam que dois surtos no período de 12 meses já classifica a falha terapêutica e progressão da doença; enquanto 44% acreditam que um único surto no período de um ano já é um sinal de falha do tratamento.4
MONITORAMENTO
Para avaliar a atividade da esclerose múltipla remitente recorrente e, consequentemente, a resposta ao tratamento, existem quatro métricas-chaves. São elas:
Surtos;5
Progressão da incapacidade;5
Lesões nas imagens deressonância magnética (IRM);6
ATENÇÃO: CONVERSE SEMPRE COMO SEU MÉDICO SOBRE QUALQUER DÚVIDA QUE VOCÊ TENHA SOBRE O SEU TRATAMENTO!ATROFIA CEREBRAL.7
REFERÊNCIAS
Wingerchuk DM, Carter JL et al. Multiple sclerosis: current and emerging disease-modifying therapies and treatment strategies. Mayo Clin Proc. 2014 Feb;89(2):225-40.
National Medical Advisory Board of the National Multiple Sclerosis Society. Changing Therapy in Relapsing Multiple Sclerosis : Considerations and Recommendations of a Task Force of the National Multiple Sclerosis Society. Disponível em: http://www.nationalmssociety.org/NationalMSSociety/media/MSNationalFiles/Brochures/Clinical_Bulletin_Changing-Therapy-in-Relapsing-MS .pdf. Último acesso em junho de 2016.
Gallo P et al. Overview of the management of relapsing -remitting multiple sclerosis and practical recommendations. Eur J Neurol. 2015 Oct;22 Suppl 2:14-21.
Greenberg E et al. Defining success in multiple sclerosis : treatment failures and non-responders. Adv Stud Med. 2008 Aug;8(8): 274-83.
Lublin F.D., Baier M., Cutter G. E ect of relapses on development of residual deficit in multiple sclerosis .
Sormani M.P. & Bruzzi P. MRI lesions as a surrogate for relapses in multiple sclerosis : a meta-analysis of randomised trials. Lancet Neurol. 2013 Jul;12(7):669-76.
Miller DH, Barkhof F, Frank JA, Parker GJ, Thompson AJ. Measurement of atrophy in multiple sclerosis : pathological basis, methodological aspects and clinical relevance. Brain . 2002 Aug;125(Pt 8):1676–95. Review.
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