Eu, Esclerose Múltipla e obesidade

Obesidade. IMC. Palavras que ninguém acima de um certo peso quer ouvir.

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Incluindo eu mesma, especialmente quando ditas por pessoas que parecem estar tão em forma quanto um violino, estão no peso ideal e não tomam uma longa lista de medicamentos. Eu sei. Já fui esta pessoa.

Antes do meu diagnóstico, eu estava saudável, pesando 62 kg. De repente, eu estava parada no pé da escada depois de chegar em casa do trabalho, chorando porque não tinha mais energia para subir 17 degraus, direto para a cama. Eu estava braba comigo mesmo por ser tão fraca, mas a razão estava além do meu campo de visão, e ausências prolongadas do trabalho se tornaram a norma, em vez da exceção.

Mas então, a Esclerose Múltipla chegou, com uma longa lista de medicamentos e uma lista ainda maior de efeitos colaterais, incluindo ganho de peso.

Inatividade, medicamentos e comer para me sentir melhor, também levaram à ganho de peso. Lentamente a princípio, mas o suficiente para os amigos proferirem o inesquecível: “Talvez se você perdesse peso, você não estaria tão cansada”. Eu estava com muita fadiga para dizer que “Eu pesava três quilos a menos quando recebi o diagnóstico e estava tão cansada quanto naquela época. Então, não, não será resolvido pela sua ideia de perder peso. Não traga meu peso para essa situação.”

Mas meu peso continuou aumentando, apesar de estar de dieta. A inatividade causada pela neuralgia no trigêmeo, vertigem, dor nos nervos do lado esquerdo e outros sintomas da EM eram apenas o começo.

De repente, eu estava com obesidade. Olhei para meu médico com raiva e desgosto estampados no rosto, porque a obesidade muitas vezes é considerada uma palavra suja em nossa sociedade. Talvez se eu comesse menos chocolate da máquina de doces no trabalho ou sorvete no cinema, isso poderia reduzir meu peso. Talvez eu apenas precisasse trocar a bateria da minha balança, pois poderia estar quebrada e, assim, relatando um número mais alto. Talvez eu precisasse aumentar a dose dos meus medicamentos para a narcolepsia para ter mais energia e ignorar as dores de cabeça decorrentes para poder ir à academia. Ou talvez eu estivesse apenas em negação e precisasse de um choque de realidade.

Com 95 kg, eu precisava. Ah, de jeito nenhum eu tinha quase 100 quilos. Ah, não, não, não. Essa balança de peso certamente estava quebrada, então foi para o lixo.

Eu poderia negar se quisesse. Eu poderia negar qualquer coisa se quisesse.

Foi isso. Noventa e cinco quilogramas. Olhando diretamente para mim.

Quando finalmente tive coragem de investigar a obesidade e a EM, não encontrei muita glória, pois dados de pesquisa adequados pareciam escassos em artigos científicos publicados e as soluções, ainda mais escassas.

Não vou aprofundar em dados sobre a obesidade, mas todos sabemos que pode matar. Contribui para resistência à insulina e doenças cardíacas, entre outras enfermidades. Foi só quando meu último médico me receitou medicamentos e um plano de estilo de vida mais saudável que consegui baixar meu colesterol. Inadvertidamente, para ambos, a pesquisa sobre o próprio tópico, encontrada no meio tempo, sugeria que a falta de vitamina D ou a obesidade durante a infância e adolescência podem desencadear a esclerose múltipla. Mais uma incógnita na longa lista de gatilhos para a nossa doença.

Body-shaming

Eu retirei a vergonha e dedos apontados de minha vida, não sinto mais vergonha em admitir que estou acima do peso. Além da esclerose múltipla, tenho uma pélvis inclinada e fascite plantar, o que torna extremamente doloroso andar do sofá até a geladeira. Sim, tenho medo de exercícios que desencadeiam ataques de neuralgia do trigêmeo, já que algo tão banal quanto colocar os pés no chão causa dor aguda no rosto, olhos e ouvidos. Tentei diferentes formas de exercícios para perda de peso, sem sucesso. Novamente, sim, preciso de ajuda, e acredito que a lipoaspiração seja a única resposta, assim que eu encontrar um bilhete premiado na loteria.

Pesquisas mostraram que pessoas com EM remitente recorrente têm maior propensão a deficiência devido à obesidade no momento do diagnóstico. Um aumento na inflamação pode estar por trás de rigidez, dor, obesidade e perda de equilíbrio relacionados a doenças autoimunes, bem como altos níveis de inflamação no sistema nervoso central e altos níveis de colesterol e triglicerídeos. Esses fatores resultam no agravamento dos sintomas de esclerose múltipla.

As pesquisas mais atuais são claras. Coloque seus sapatos confortáveis e vá dar uma caminhada, ou vá para a piscina. Faça o que acredita ser capaz e mantenha-se seguro.

 

Referências:

Originalmente publicado em MS Ireland em junho de 2022

Traduzido e adaptado por Redação AME

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