Com ou sem a Esclerose Múltipla Temos uma vida

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Antes de você chegar em minha vida, senhora esclerose múltipla, eu já era Suzana, cheia de sonhos, muitos planos realizados e em mente, muitos outros planejados. Quando você chegou me pegou de surpresa, fui obrigada a sentir todo tipo de dores não só no corpo, mas na alma também.Tive que sentir as sequelas e saber conviver com elas e continuar a jornada, pois ainda iria ter um longo caminho pela frente. O processo aconteceu, o luto pela perda dos sonhos e planos que ainda permeavam meus pensamentos, a angústia de pensar que jamais poderia realizá-los.Foi muito evidente. Após onze anos de diagnóstico, junto a pandemia, o gatilho do medo me assustou com muita intensidade, como lidar com mudanças, isolamento, vida diferente, imunossuprimida, idosa, hipertensa e ainda cheia de vida? Vale salientar que desistir nunca foi meu forte. Quando imaginamos que tudo estaria perdido, vão acontecendo mudanças, principalmente aquelas vindas dos pensamentos de superação e esperança, transformamos todo tipo de sentimentos ruins em ações concretas, produzimos como loucos os projetos em mente. A busca pelo resgate de uma vida, que mesmo adaptada, pode ser continuada, só nos trás mais vontade de seguir em frente. Assim aconteceu, não perdi minha essência, viver pautada na alegria, esperança, resiliência e gratidão, fez a diferença. Continuei sendo aquela Suzana de antes misturada com uma nova, o resultado tem sido incrível, pois eu nunca estive sozinha, uma rede de apoio imensa me carregou nos braços entre 2020 até agora, tomei vacina, estou correndo atrás da nova medicação, tomei muitos vinhos, assisti e participei de muitas lives informativas, voltei a “normalidade” com regras, mas estou aqui, uma sobrevivente. O mais importante de toda a jornada, gestando um livro, quase pronto, vai nascer meu terceiro filho com cheiro de páginas.

Suzana Pereira Gonçalves

@maturidademultipla_suzana

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