A deficiência que eu tinha como um medo tornou-se um orgulho!
Autora: Jennifer Powell é uma ativista, apresentadora de podcast e colunista semanal sobre esclerose múltipla.
Eu temia ser uma pessoa com alguma deficiência mais do que temia a esclerose múltipla.
Na época do meu diagnóstico, eu me movia muito bem. Minha mobilidade mudou conforme minha doença progrediu. Eu não podia deixar para lá meu pé caído severo, caminhada instável e mudança na fala.
Meu preconceito em relação à deficiência era difícil de ignorar. Ficava envergonhada com minha deficiência. Eu marginalizei a mim mesma a às minhas necessidades. Mais tarde, descobri que essa era uma forma de capacitismo internalizado.
Capacitismo é a discriminação e o preconceito social contra pessoas com alguma deficiência, seja ela motora, visual, auditiva, intelectual, entre outras.
Me familiarizei com o significado para entender melhor o que eu temia. Enfrentei de frente o que mais temia: ter uma deficiência.
Logo percebi que muito do meu capacitismo internalizado estava enraizado na infância e resultava de um capacitismo sistêmico.
De acordo com o escritor Jahleel Wasser, “O capacitismo sistêmico é um sistema de instituições, políticas e valores sociais que colocam as pessoas em desvantagem com base em valores sociais de inteligência, capacidade física e habilidades mentais. O capacitismo sistêmico consiste em inúmeras barreiras, em relação a atitude, comunicação, política, justiça criminal, social/ambiental, transporte, etc.”
Repassar o que eu vivi me ofereceu uma perspectiva sobre o alcance limitado que eu tinha. Embora não seja por mal, isso me inspirou a ter consciência.
Criada no condado de Marin, Califórnia, eu não tinha muitos objetivos. Participei de vários esportes e atividades e me destaquei em vela e esqui. Como uma criança ativa, não estava perto de outras pessoas com deficiências. Percebi que existiam dois ou três indivíduos em cadeiras de rodas em uma sala de aula especializada. Mas isso era apenas durante a escola, e nossas salas de aula eram diferentes. Fora da aula, raramente via ou interagia com alguém com deficiência.
Posso ver como isso contribuiu para que eu enxergasse as pessoas com deficiência como diferentes. E embora alguns aspectos externos sejam diferentes, como pessoas somos todas iguais. Quando somos crianças, o diferente é castigado e deixado de lado. As crianças temem o que é atípico. Eu mantive esses mesmos sentimentos quando adulta. Não passei a diferenciar o padrão de uma criança da mente de um adulto.
Não me sinto mais limitada ou intimidada por causa da minha deficiência. Eu me sinto fortalecida e iluminada! Comemorei esse fato em julho, que é o Mês do Orgulho da Deficiência.
De acordo com AmeriDisability, um veículo que cobre pautas relacionadas a questões de deficiência, “Este mês que fala sobre deficiência é usado para promover a visibilidade e a consciência geral do orgulho positivo sentido pelas pessoas com deficiência. … ‘Orgulho da deficiência’ foi definido como aceitar e honrar a singularidade de cada pessoa e vê-la como uma parte natural e bela da diversidade humana.”
Descobri a beleza em mim mesma quando decidi abraçar o que antes temia. E quando o fiz, nunca mais olhei para trás.
Fonte: MS News Today
Tradução e adaptação: Redação AME – Amigos Múltiplos pela Esclerose