Dados de 2 anos de estudo sobre o ocrelizumabe na Esclerose Múltipla precoce

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Quase 80% das pessoas com Esclerose Múltipla Remitente Recorrente (EMRR) em estágio inicial não apresentaram evidência de atividade da EM após dois anos de tratamento com o ocrelizumabe, de acordo com dados atualizados de novo estudo. Além disso, mais de 88% das pessoas com Esclerose Múltipla (EM) não apresentaram novas lesões com inflamação ativa e mais de 90% também não tiveram recaídas ou progressão de disfuncionalidade confirmada em dois anos. Ainda, o perfil de segurança do foi consistente com o relatado em ensaios anteriores de Esclerose Múltipla.

“Com mais de 250 mil pessoas tratadas com o ocrelizumabe, continuamos a ver reduções significativas na progressão EM equilibradas com segurança favorável”, disse Levi Garraway, diretor médico da Genentech e chefe de desenvolvimento global de produtos, em um comunicado de imprensa da empresa. “Também estamos focados em manter as necessidades não atendidas – como diagnóstico e tratamento precoces – o que é fundamental para garantir que os pacientes recebam o tratamento mais adequado”.

Essas descobertas, juntamente com ensaios clínicos adicionais e dados de segurança do mundo real, apresentadas pela Genentech em dois pôsteres no 38º Congresso do Comitê Europeu para Tratamento e Pesquisa em Esclerose Múltipla (ECTRIMS), realizado de 26 a 28 de outubro, ambos virtualmente e em Amsterdã, na Holanda.

Ocrelizumabe é um tratamento de EM projetado para matar células B

O ocrelizumabe (Ocrevus) é aprovado para formas recidivantes de EM e Esclerose Múltipla Primária Progressiva (EMPP). Administrado diretamente na corrente sanguínea duas vezes por ano, funciona matando as células B, um tipo de célula imunológica envolvida nos ataques imunológicos anormais que levam à EM.

Em ensaios clínicos, o ocrelizumabe demonstrou reduzir a taxa de recaídas de EM e aliviar a disfuncionalidade sentida pela pessoa. Mas iniciar o tratamento com terapias de alta eficácia, como o ocrelizumabe, nos estágios iniciais da patologia, pode estar associado a resultados ainda melhores e benefícios clínicos de longo prazo.

Isso foi o que o médico Hans-Peter Hartung, professor de neurologia na Heinrich Heine University Düsseldorf, mostrou no pôster “Pacientes virgens de tratamento com Esclerose Múltipla Remitente Recorrente em estágio inicial mostraram baixa atividade da doença após 2 anos de terapia com ocrelizumabe, sem novos sinais de segurança: o estudo ENSEMBLE Fase IIIb.”

Participantes do estudo

Primeiramente, o ensaio internacional ENSEMBLE (NCT03085810) está avaliando a segurança e a eficácia do ocrelizumabe durante quatro anos em 1.225 adultos (784 mulheres e 441 homens) com EMRR em estágio inicial ou com duração da doença de até três anos, que não receberam tratamento anterior.

Portanto, os participantes tinham idade mediana de 32 anos. Eles experimentaram o primeiro sintoma de EM menos de um ano antes de entrar no estudo e tiveram seu diagnóstico há menos de três meses. Contudo, a maioria dos participantes (75,4%) experimentou recaídas e atividade da patologia baseada em ressonância magnética no ano anterior.

Entretanto, o principal objetivo do estudo era avaliar a proporção de pessoas sem evidência de atividade da doença (NEDA), em dois anos de tratamento. NEDA é um estado definido pela ausência de recaídas, lesões cerebrais novas ou crescentes e progressão de disfuncionalidade confirmada em seis meses. Outras metas incluíam taxa de recaída anualizada (ARR), progressão da disfuncionalidade – avaliada com a Escala Expandida do Estado de Incapacidade (EDSS) – e medidas de segurança. Por fim, a maioria dos participantes (95,8%) permaneceu em tratamento por pelo menos dois anos.

Dois anos de ocrelizumabe levaram à ausência de atividade da Esclerose Múltipla

Assim, consistente com os achados de um ano do estudo, uma alta taxa de NEDA associou-se aos dois anos de tratamento com o ocrelizumabe, com 77,3% dos participantes. Notavelmente, 93,4% deles não tiveram recaídas e 90,7% não tiveram progressão de disfuncionalidade confirmada. Além disso, 92,7% não apresentavam lesões novas ou crescentes no cérebro ou na medula espinhal e 93,3% não apresentavam lesões inflamatórias.

Tanto o ARR ajustado quanto os escores médios de EDSS foram menores com o tratamento com o ocrelizumabe. Em dois anos, os participantes tiveram uma média de 0,033 recaídas por ano, em comparação com 1,23 recaídas por ano antes de iniciar o tratamento. Para a maioria das pessoas (87,4%), o escore da EDSS permaneceu estável ou melhorou, indicando menor disfuncionalidade.

“Os resultados de segurança foram consistentes com estudos anteriores, sem novos sinais de segurança”. Segundo os pesquisadores, o número de pessoas que descontinuaram o estudo devido a razões de segurança foi baixo.

Infecções foram relatadas por 62% dos pacientes e infecções graves por 2,7%. Um total de 32 pacientes (2,6%) tinha COVID-19, o que levou a duas das três mortes ocorridas durante o estudo até o momento. “No estudo de pessoas que ainda não haviam feito tratamento para a EMRR em estágio inicial, a atividade da doença com base em medidas clínicas e de ressonância magnética foi mínima na maioria dos indivíduos tratados com ocrelizumabe por 2 anos”, escreveram os pesquisadores.

Segundo trabalho apresentado sobre o ocrelizumabe

Ainda, no segundo pôster, “Segurança do ocrelizumabe na EM: análise atualizada em pacientes com esclerose múltipla recidivante e primária progressiva”, os pesquisadores forneceram evidências da segurança favorável de longo prazo do Ocrevus em pessoas com EM. Desta forma, eles analisaram dados de segurança de até nove anos de tratamento com o ocrelizumabe. Isso de um total de 11 ensaios clínicos em andamento e estudos de extensão abertos envolvendo pessoas com recaída de EM e EMPP.

Além disso, até novembro do ano passado [2021], o ocrelizumabe fazia parte do tratamento de 5.848 pessoas com Esclerose Múltipla, e cerca de metade recebeu pelo menos oito doses da terapia. Assim, isso representou um total de 25.153 pacientes-ano de exposição. Paciente-anos, ou PY, é uma medida do número de pessoas que participam de um estudo e o tempo de acompanhamento. Por exemplo, 100 PY refere-se a dados coletados de 100 pacientes acompanhados por um ano ou de um paciente acompanhado por 100 anos.

Pandemia da covid-19

De acordo com os pesquisadores, as taxas de eventos adversos ao longo de nove anos de tratamento permaneceram consistentes com as relatadas para o período de tratamento no qual o ocrelizumabe foi comparado ao tratamento ativo ou a um placebo. Assim, a pandemia da covid-19 resultou em um pequeno aumento na taxa de eventos adversos, eventos adversos graves, infecções e infecções graves devido ao covid-19. Desta forma, ao excluir esses casos, as taxas de infecções graves “permaneceram baixas e dentro da faixa relatada nos registros”. Além disso, nenhum novo padrão foi identificado em pessoas com recaídas de EM ou EMPP.

Todavia, os resultados destacam que “durante um período de acompanhamento de 9 anos, não observaram-se nenhum sinal de segurança novo (com exceção do tipo covid-19) ou sinal de segurança inesperado em pacientes tratados com [Ocrevus] em ensaios clínicos em andamento”. O ocrelizumabe “continua a exibir um perfil de segurança estável e favorável”, acrescentaram. Por fim, em março de 2022, mais de 250 mil pessoas com EM em todo o mundo iniciaram o tratamento com ocrelizumabe após sua aprovação. Portanto, para além da pesquisa, o monitoramento dos casos clínicos reais e os ensaios clínicos continuará para segurança a longo prazo.

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NOTA DA AME:

No Brasil, na saúde privada, o ocrelizumabe (Ocrevus) é aprovado. No entanto, apenas em situações em que o natalizumabe não possa mais ser utilizado, por falha terapêutica ou devido à segurança da pessoa. Portanto, o ocrelizumabe não está disponível no SUS e nem na saúde privada, para a forma primariamente progressiva da EM.

Leia mais aqui sobre os tratamentos disponíveis no Brasil.

Leia mais no site da AME:

 

Tradução e adaptação: Redação AME – Amigos Múltiplos pela Esclerose

Fonte: Multiple Sclerosis News Today, direto do #ECTRIMS2022

Escrito por Lindsey Shapiro, em 26 de outubro de 2022

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