O efeito pseudobulbar é um sintoma de patologias neurológicas, que causa explosões de humor das pessoas com a condição, como a Esclerose Múltipla (EM).
Em sua edição inaugural, uma publicação da The Gerontological Society of America fornece informações sobre como reconhecer e gerenciar o afeto pseudobulbar – explosões descontroladas de choro ou riso que os autores dizem ser um dos sintomas mais “sub reconhecidos e sub tratados” da Esclerose Múltipla (EM) e outras condições neurológicas.
O sintoma neurológico, conhecido como PBA, é abordado em “Entendendo o Afeto Pseudobulbar”, a primeira publicação da série “Insights & Implications in Gerontology” da sociedade.
O afeto pseudobulbar é caracterizado por explosões de riso ou choro que poderiam ser consideradas inapropriadas para o contexto social e não refletem como a pessoa realmente se sente. “Por exemplo, uma experiência que normalmente pode resultar em um suspiro triste pode desencadear um choro descontrolado”, afirma o boletim.
“Os sintomas podem ser graves, com episódios persistentes e incessantes de início súbito ou imprevisível”, explica George T. Grossberg, médico, professor e diretor de psiquiatria geriátrica da Faculdade de Medicina da Universidade de Saint Louis, que ajudou a desenvolver a publicação, conforme informação do comunicado da sociedade para a imprensa.
Os sintomas do efeito pseudobulbar
Essas explosões podem durar apenas alguns segundos ou vários minutos, e podem acontecer várias vezes ao dia. A natureza emocional descontrolada das explosões pode causar constrangimento em situações sociais, muitas vezes levando as pessoas com esse sintoma a se tornarem retraídas e isoladas.
No entanto, a detecção precoce e o manejo do efeito pseudobulbar podem ajudar a minimizar o impacto de tais sintomas e melhorar a qualidade de vida dos pacientes, de acordo com o boletim. As causas precisas do afeto pseudobulbar permanecem incompletamente compreendidas, mas acredita-se que o sintoma se desenvolva devido a danos no sistema nervoso que causam problemas com o circuito neuronal – o funcionamento do cérebro – que normalmente controla as reações emocionais.
Além da EM, o efeito pode se desenvolver em uma série de distúrbios neurológicos, incluindo esclerose lateral amiotrófica (ELA), doença de Parkinson, acidente vascular cerebral, lesão cerebral traumática e câncer no cérebro. Ao todo, 2 a 7 milhões de pessoas nos EUA vivem com os sintomas do efeito pseudobulbar, de acordo com a publicação.
O efeito pseudobulbar é geralmente diagnosticado por meio de discussões sobre o histórico de um paciente, mas o boletim informa que o sintoma geralmente é confundido com problemas de saúde mental, como depressão.
Embora possa ocorrer concomitantemente com a depressão, as duas condições geralmente podem ser distinguidas por certas características, observam os cientistas. Por exemplo, os episódios de afeto pseudobulbar são geralmente intensos, mas breves, enquanto a depressão é caracterizada por mudanças de humor que duram semanas ou meses.
Avaliações padronizadas, como a Center for Neurologic Study–Lability Scale (CNS-LS) e a Pathological Laughter and Crying Scale (PLACS), detalhadas na publicação, também podem ser úteis para estabelecer um diagnóstico de efeito pseudobulbar, disseram os desenvolvedores do boletim.
Para identificar esse sintoma pouco reconhecido, “a avaliação de pacientes com condições neurológicas deve incorporar perguntas sobre humor e emoção, incluindo a avaliação se as respostas a determinados ambientes são desproporcionais ao que seria esperado para outras condições, como ansiedade e depressão”, disse Jill Farmer, médica em medicina osteopática, professora assistente de neurologia na Drexel University College of Medicine, na Filadélfia, e membro do corpo docente de desenvolvimento de conteúdo do boletim informativo.
Mesmo que o efeito pseudobulbar seja diagnosticado, esse sintoma é frequentemente subtratado.
Várias estratégias estão disponíveis, no entanto, que podem ajudar a gerenciar os sintomas de afeto pseudobulbar. Intervenções comportamentais como mindfulness são úteis para alguns pacientes. Educar melhor os cuidadores e outras pessoas sobre o efeito pseudobulbar – incluindo falar sobre como o paciente gostaria que os outros respondessem às explosões – também pode ajudar a tornar o sintoma menos incômodo no dia a dia.
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Tradução e adaptação: Redação AME – Amigos Múltiplos pela Esclerose
Fonte: Multiple Sclerosis News Today
Escrito por Marisa Wexler, em 15 de agosto de 2022