De Lima ao Rio de Janeiro

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2006 foi o ano da Copa do Mundo na Alemanha e o estrepitoso fracasso do "Quadrado Mágico"; o ano da acerba trigésima efeméride do golpe de estado na Argentina; o último ano do primeiro período presidencial de Lula; o meu terceiro ano desde a minha viagem de Lima (Peru) até a Cidade Maravilhosa. 

E foi também o ano em que descobri que sou portador de esclerose múltipla.

Eu acabava de terminar o primeiro ano de Eng. Civil na UFRJ. Aos dezoito anos, estava com todo o "pique" dos primeiros anos universitários. Vento em popa. Nunca fui muito bom jogador de futebol, nem, menos ainda, um namorador galã de telenovela. E embora no estrangeiro metade da minha vida, também não sou um particular apreciador das viagens a lugares desconhecidos. Mas gostava de ir à biblioteca, isso sim. Só parava para almoçar e tomar café. Era um modesto jovem cidadão latino-americano. Sem eira nem beira, mas, como todo jovem, essencialmente, esperançoso sobre um mundo melhor. Ainda guardo essas esperanças, apesar dos pesares.

"Muchos años después, frente al pelotón de fusilamiento, el coronel Aureliano Buendía había de recordar aquella tarde remota…". E eu, como o patriarca de "Cien años de soledad", também nunca esquecerei aquela primeira ressonância magnética. Foi no bairro da Penha, o velho bairro do subúrbio carioca, numa clínica de diagnóstico nos derredores do Hospital Getúlio Vargas. Soube, anos depois, que foi nesse hospital onde morreu João Cândido, o "Almirante Negro", esquecido herói da Revolta da Chibata.

Um mês depois, quando o diagnóstico tinha sido fechado, o baque foi minguado pela minha solene ignorância sobre a doença e os seus eventuais efeitos. E, segundo, também pela rotina da faculdade, que não me dava muito espaço para esses pensamentos que vagamente chamamos filosóficos.

Depois, vieram os cinco anos da graduação, o mestrado, a minha mudança para outra cidade para o doutorado, contratempos contingentes, reveses acadêmicos, amores inesquecíveis e já esquecidos… Mas isso será tema para outro texto.

É isso, múltiplos amigos desta seleta confraria de pouco mais de 2 milhões de portadores.

Um grande abraço.

José.

Imagem de acervo pessoal – José com sua sobrinha

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