Como a temperatura afeta pessoas com esclerose múltipla

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Esclerose Múltipla (EM) é um distúrbio neurológico que se apresenta com uma infinidade de sintomas.

A doença causa alterações físicas e emocionais nos pacientes. Um sintoma peculiar visto em pessoas com EM é a sensibilidade ao calor. Embora a sensibilidade ao calor também seja um sintoma de muitas outras condições, a exacerbação dos outros sintomas, quando a temperatura corporal central aumenta, é uma característica perturbadora e infeliz que afeta as pessoas com esclerose múltipla.

 

O que causa os sintomas na EM?

A esclerose múltipla é um distúrbio autoimune. Essa autoimunidade, a tendência do sistema imunológico do corpo de ofender seus próprios tecidos ou órgãos, resulta em danos aos nervos em pacientes com EM. As fibras nervosas do sistema nervoso central têm uma camada protetora chamada bainha de mielina. A bainha também cobre muitos nervos do sistema nervoso periférico. Reações imunológicas são iniciadas contra o componente principal, mielina, desta bainha protetora que eventualmente leva a danos nos nervos.

A maioria dos sintomas observados em pacientes com esclerose múltipla é devido aos danos causados ​​aos nervos específicos. Os sintomas e sinais dependem da parte do sistema nervoso afetado e da extensão dos danos causados ​​aos nervos.

 

Sensibilidade ao calor em pessoas com EM

Estudos relatam que cerca de 60 a 80% das pessoas diagnosticadas com EM podem apresentar sensibilidade excessiva ao calor. As pessoas com este distúrbio neurológico experimentam uma exacerbação temporária de seus sintomas existentes e também novos sintomas perturbadores quando expostos a temperaturas elevadas. Eles são sensíveis até mesmo a um ligeiro aumento na temperatura do corpo (0,25 a 0,5 ° C) que pode ser devido ao exercício físico ou a um ambiente mais quente.

Em muitas pessoas com EM, a doença se apresenta com períodos intermitentes de recaídas e remissões. Mas a sensibilidade ao calor que causa a exacerbação dos sintomas é diferente das recaídas. O problema é, na verdade, uma “pseudo exacerbação” dos sintomas. O aumento da temperatura não causa danos nos nervos. A maioria das pessoas com esclerose múltipla pode realmente descobrir a sua intolerância ao calor e eles estão cientes do fato de que seus sintomas pioram com o aumento da temperatura.

 

Mas o que causa essa sensibilidade ao calor?

Os cientistas, que inicialmente atribuíram causas vasculares e hormonais, atualmente propõem que o motivo seja um distúrbio ou bloqueio nos mecanismos fisiológicos normais de condução nervosa.

Dados recentes de pesquisas sugerem que a desmielinização não causa apenas lentidão da condução do impulso nervoso ao longo das fibras nervosas afetadas, mas também está ligada a um fenômeno chamado Bloco de Condução Dependente de Frequência. Os nervos desmielinizados podem conduzir apenas impulsos de frequência única ou de baixa frequência. Eles não são capazes de conduzir efetivamente os impulsos nervosos de alta frequência. Sendo este o caso, verifica-se também que um ligeiro aumento na temperatura pode retardar ou bloquear completamente os potenciais de ação nas fibras nervosas desmielinizadas.

 

Aumento da temperatura agrava os sintomas da EM

A maioria dos sintomas da EM deve-se à condução prejudicada do impulso nervoso e, com o aumento da temperatura, os sintomas pioram nas pessoas afetadas. Entre os vários sintomas da EM, fadiga, fraqueza nos membros, problemas visuais, dor e dormência e disfunções cognitivas são comumente piorados quando a temperatura corporal aumenta.

Wilhelm Uhthoff, em 1890, descreveu o fenômeno peculiar da “piora temporária dos sintomas com o exercício” em pacientes com neurite óptica. A neurite óptica é uma condição que afeta os olhos. É um problema comum em muitas pessoas com esclerose múltipla. Uhthoff notou que os sintomas visuais eram agravados quando as pessoas com EM realizavam exercícios. Embora ele tenha atribuído o exercício como a etiologia desse problema, percebeu-se mais tarde que qualquer ação ou condição que aumente a temperatura corporal central pode piorar os sintomas em pacientes com EM. Isso é chamado fenômeno de Uhthoff ou sinal de Uhthoff.

Fadiga é um sintoma comum e é visto em quase 70% das pessoas com esclerose múltipla. A fadiga prematura ocorre em pessoas com EM quando elas estão expostas a um leve aumento na temperatura. Fraqueza, afetando especialmente os membros também é um sintoma que é percebido durante ou agravado por um aumento de temperatura.

A dor central é outro sintoma comum que piora com o aumento da temperatura. Estudos propõem que a razão por trás disso pode ser o dano causado ao tálamo e às vias espinotalâmico corticais, levando à disfunção termorregulatória. Dormência é outro sintoma que piora com a elevação da temperatura corporal.

As funções cognitivas em pacientes com EM também são sensíveis ao calor. Problemas de memória, dificuldades de julgamento, dificuldades de concentração e problemas com outras habilidades cognitivas, como a compreensão da linguagem, são mais pronunciados com o aumento da temperatura corporal. Um estudo recente apontou que pessoas com EM demonstraram piora das funções cognitivas nos dias mais quentes.

A influência da temperatura sobre a pacientes de EM foi estabelecida logo no final do século XIX. A sensibilidade ao calor foi percebida como uma razão importante para os sintomas incapacitantes da doença. Embora a pseudo exacerbação dos sintomas seja um fenômeno temporário, eles são bastante perturbadores e severos o suficiente para restringir as atividades dos pacientes com EM, especialmente durante as estações mais quentes.

 

Fonte: Brain Blogger  – Traduzido e adaptado – Redação AME: http://bit.ly/2VmxDRf

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