Terapias modificadoras da doença (DMTs) são subutilizadas em pessoas mais jovens, indica estudo

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Embora DMTs possam oferecer mais benefícios a pessoas mais jovens com a condição, cerca de um terço delas não recebe esses medicamentos

 

De acordo com um novo estudo, quase um terço das pessoas com esclerose múltipla (EM) com menos de 40 anos não estão sendo tratadas com terapias modificadores da doença (DMTs), embora seja esperado que os indivíduos mais jovens obtenham mais benefícios com as DMTs.

As DMTs para EM são usados ​​com mais frequência em idades mais jovens, quando provavelmente há maior atividade da doença, mas uma proporção substancial de pessoas mais jovens com EM permanece sem tratamento”, escreveram os pesquisadores.

O estudo também sugeriu que um número substancial de pessoas mais velhos com esclerose múltipla está sendo tratado com DMTs, embora os benefícios desse tratamento sejam menos claros.

O estudo, “Padrões de prescrição de terapia modificadora da doença em pessoas com esclerose múltipla por idade”, foi publicado na revista Therapeutic Advances in Neurological Disorders.

As DMTs são medicamentos que comprovadamente alteram o curso da EM em ensaios clínicos. Até o momento, mais de uma dúzia foram aprovadas. Como elas retardam a progressão da doença ao longo do tempo, espera-se que as DMTs sejam mais benéficas para pessoas com EM relativamente jovens que ainda estão no início de sua doença, em comparação à pessoas idosas com EM mais avançada. Por causa disso, em parte, muitos ensaios clínicos de EM excluíram participantes com mais de 55 anos.

No novo estudo, uma equipe de pesquisadores nos EUA analisou dois grandes registros de MS para avaliar como os padrões de uso de DMT variavam com a idade.

“O objetivo deste estudo foi determinar as frequências das prescrições de DMT em relação à idade no cenário do mundo real”, escreveu a equipe.

Os dois registros em questão são o Comitê de Pesquisa da América do Norte em Esclerose Múltipla (NARCOMS, na sigla em inglês) e o Registro de Vigilância de Esclerose Múltipla (MSSR, na sigla em inglês).

É importante notar que o registro NARCOMS inclui dados para a população geral de pesssos com EM, enquanto o MSSR, que foi estabelecido pela Administração de Saúde de Veteranos dos EUA, coleta dados especificamente sobre veteranos de guerra dos Estados Unidos com EM.

No total, os pesquisadores avaliaram os dados de 6.948 pessoas no registro NARCOMS e 1.719 pessoas no MSSR. As taxas gerais de uso de DMTs foram semelhantes nos dois registros: 47,9% no NARCOMS e 54,5% no MSSR.

Em ambos os conjuntos de dados, mais pessoass mais jovens do que mais velhos receberam uma DMT.

Especificamente, 29,5% das pessoas com idades entre 71 e 80 anos no registro NARCOMS receberam a prescrição de uma DMT, em comparação com 61,4% das pessoas com 40 anos ou menos. No MSSR, 27,2% das pessoas com idades entre 71-80 receberam a prescrição de uma DMT, em comparação com 70,5% dos indivíduos com 40 anos ou menos.

“Dados do mundo real do NARCOMS e do MSSR mostraram frequências decrescentes do uso de DMT com a idade”, concluíram os pesquisadores. “No entanto, quase um terço das pessoas com EM mais jovens com menos de 40 anos parecem não estar usando DMTs, apesar do reconhecimento generalizado da importância do tratamento precoce na EM.”

Além de mostrar que muitas pessoas jovens com EM não estão recebendo DMTs que poderiam beneficiá-los, os dados ilustram que uma parte substancial dos pessoas idosas está recebendo DMTs – embora os benefícios e a segurança das DMTs na população idosa sejam menos certos, pois evidências sugerem que há um menor risco de recaída devido a um sistema imunológico menos ativo.

“O uso continuado de DMTs em idosos pode ser o resultado da noção percebida de que a inatividade da doença é devido ao tratamento, e não ao curso natural da doença com o envelhecimento”, escreveu a equipe.

A equipe pediu mais pesquisas sobre os efeitos das DMTs em pessoas idosos e sobre estratégias que poderiam ajudar a obter medicamentos reconhecidamente eficazes para pessoas mais jovens.

Como ponto interessante, os pesquisadores descobriram que, no MSSR, 70,5% das pessoas com idades entre 31-40, e 72,5% com idades entre 41-50, estavam em uma DMT. Por outro lado, as respectivas taxas de uso de DMT foram menores no registro NARCOMS: 61,5% para pessoas com idades entre 31-40 e 62,7% para aqueles com idades entre 41-50. Nenhuma diferença substancial nas taxas de uso de DMT foi encontrada entre outras faixas etárias.

Os pesquisadores especularam que essa diferença pode ser explicada, pelo menos em parte, porque os participantes do MSSR – sendo veteranos – podem ter acesso mais fácil a cuidados de saúde e DMTs. Eles escreveram que “os custos das DMTs são geralmente mais baixos no sistema de saúde integrado dos veteranos [do que no sistema de saúde geral dos EUA], devido em parte à capacidade de negociar preços com a indústria farmacêutica.”

“Lidar com o tratamento inadequado de pessoas com EM mais jovens, que são mais propensas a se beneficiar do uso de DMTs, requer esforços contínuos para melhorar o acesso às DMTs”, acrescentou a equipe.

 

Fonte: Multiple Sclerosis News Today

Tradução e adaptação: Redação AME – Amigos Múltiplos pela Esclerose

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