Um estudo descobriu que o aumento nos níveis de vitamina D da exposição ao sol pode fornecer um efeito protetor para Esclerose Múltipla em crianças
Escrito por Don Rauf em 16 de dezembro de 2021
Embora a exposição excessiva ao sol possa danificar as células da pele e aumentar o risco de câncer de pele, a luz solar também pode trazer benefícios à saúde. Um estudo publicado online em 2021 pela revista Neurology da American Academy of Neurology, mostrou que, para crianças e adultos jovens, passar mais tempo ao ar livre reduz as chances de desenvolver a Esclerose Múltipla (EM).
A baixa exposição ao sol e à radiação ultravioleta (UVR) e os baixos níveis de vitamina D já foram bem estabelecidos como fatores de risco ambientais para a EM de início na idade adulta. Os sinais da doença geralmente aparecem quando uma pessoa tem entre 20 e 50 anos. Mas de 3% a 5% de cerca de um milhão de pessoas com Esclerose Múltipla nos Estados Unidos começaram a apresentar sintomas antes dos 16 anos, de acordo com a National Multiple Sclerosis Society. Para crianças com a doença, os sintomas são altamente inflamatórios, com recaídas mais frequentes do que os adultos.
Para esta investigação, cientistas da University of California em São Francisco (UCSF) e da Australian National University queriam verificar se a relação entre a exposição ao sol e a Esclerose Múltipla era verdadeira entre essa população menor de jovens diagnosticados com EM.
Os pesquisadores compararam dados de 332 participantes com idades entre 3 e 22 anos, que tiveram EM por uma média de sete meses, e incluíram dados de 534 jovens participantes sem EM. As crianças com Esclerose Múltipla foram pareadas com os controles com base na idade e sexo.
Em questionários preenchidos por indivíduos com EM ou seus pais, cerca de um em cada cinco indicou que passou menos de 30 minutos diários ao ar livre durante o verão anterior. Por outro lado, apenas cerca de 6% das pessoas sem Esclerose Múltipla disseram que passavam menos de 30 minutos ao ar livre por dia.
Depois de ajustar para outros riscos de EM, os autores do estudo calcularam que aqueles que passavam uma média de 30 minutos a uma hora ao ar livre diariamente tinham uma chance 52% menor de desenvolver EM do que aqueles que passavam uma média de menos de 30 minutos ao ar livre diariamente.
“A exposição ao sol é conhecida por aumentar os níveis de vitamina D”, disse a coautora sênior, Emmanuelle Waubant, MD, PhD, professora do departamento de neurologia da UCSF em um comunicado. “Também estimula as células imunológicas da pele que têm um papel protetor em doenças como a EM. A vitamina D também pode alterar a função biológica das células imunológicas e, como tal, desempenhar um papel na proteção contra doenças autoimunes”.
A Dra. Waubant e seus colaboradores também destacaram como a geografia pode fazer a diferença. Eles estimaram que os moradores da Flórida (onde a luz solar é mais intensa) teriam 21% menos probabilidade de ter EM do que os moradores de Nova Iorque.
Para os pais preocupados com os riscos de câncer de pele decorrentes do aumento da exposição ao sol, os pesquisadores observaram que o uso de protetor solar não pareceu bloquear os efeitos terapêuticos de mais luz solar.
Embora os resultados do estudo sugiram uma ligação entre a exposição ao sol e um menor risco de EM em crianças, ainda são necessários ensaios clínicos para determinar se o aumento da exposição ao sol ou a suplementação de vitamina D pode prevenir o desenvolvimento de EM ou alterar o curso da doença após o diagnóstico, de acordo com Waubant e seus colegas.
No geral, no entanto, os autores do estudo sugeriram que o aumento da exposição ao sol parecia ter mais pontos positivos do que negativos. Eles apontaram outras pesquisas indicando que a exposição ao sol se correlacionava a menores riscos em relação à doença de Parkinson, Alzheimer e outros tipos de demência, bem como Esquizofrenia e outras doenças autoimunes como Diabetes Tipo 1, Doença de Crohn e Lúpus.
Os autores do estudo concluíram que “aconselham um tempo regular ao sol de pelo menos 30 minutos diários durante o verão, usando proteção solar conforme necessário, especialmente para pessoas com parentesco de primeiro grau de pacientes com EM, pois esta pode ser uma intervenção válida para reduzir a incidência de EM em crianças. ”
Tradução e adaptação: Redação AME – Amigos Múltiplos pela Esclerose
Fonte: Everyday Health