EM e Trabalho (Parte 6) – Trabalhando em casa

Compartilhe este post

Compartilhar no facebook
Compartilhar no linkedin
Compartilhar no twitter

As representações históricas do trabalho, quase sempre, o associam a duas imagens: ou como forma de condenação ou como signo de dignidade. Seja como for, se constitui basicamente como um meio a algo (o cumprimento de uma pena, aceitação social ou obtenção de um salário), parecendo incompatível que ele possa ser um fim em si mesmo ou objeto de prazer.

Além do mais, fomos ensinados que trabalho é algo chato, mas necessário, e que se realiza em um tempo e espaço diferenciado. Uma atividade que se dá na rua, no espaço público. Uma batalha que se realiza em um campo separado da tranquilizante e segura vida privada. O momento do trabalho exige seriedade e disciplina, sendo o avesso do descanso e prazeres vivenciados na intimidade. Somos programados a odiar as segundas e vibrar pelas sextas.

Em suma, a felicidade se encontra justamente longe dele. Mas precisa ser assim? Na vida com EM, é necessário harmonizar o trabalho à doença. Às vezes, simplesmente não dá para continuar em um trabalho conduzido pelo tempo impessoal do relógio e realizado em lugar desconfortável para nossas condições. Não dá para continuar repetindo as mesmas coisas irrefletidamente. Mudanças são exigidas, seja na escolha por outra atividade, seja na adaptação e continuidade da mesma.

Dentre essas, por que não pensar em um trabalho feito em casa? Artesanato, culinária, pintura, consultoria empresarial, contabilidade etc., as opções são muitas. Escolhendo ou não uma nova atividade, temos que refletir sobre o que podemos adaptar para fazer certa atividade em casa. Mesmo que não conseguíssemos nos livrar totalmente de um serviço presencial, às vezes podemos realizar 60 ou 70% pela internet. Então, não custa pensar nessa possibilidade.

No entanto, fazer Home Office não é pra todos. Temos que listar todos os prós e contras desse serviço. Se, de um lado, podemos trabalhar com um tempo mais alargado, com roupas e um espaço mais confortável, por outro, as pessoas devem se policiar para que essas facilidades não atrapalhem. Trabalhar em casa exige disciplina e certas pessoas simplesmente funcionam melhor tendo horários, prazos e se deslocando pela cidade em direção a um emprego.

A liberdade exige um preço. Ser o seu próprio patrão ou estar em casa longe das hierarquias e compromissos empresariais nos impõe autocontrole. Estar em casa não deve ser usado como desculpa para um serviço mal feito ou oposto do compromisso e responsabilidade. Aliás uma das coisas que mais prejudicam o Home Office são aqueles risinhos maliciosos e comentários irônicos: “ah, mas vai ficar em casa então”; ou “vai descansar amanhã”. A ideologia do século XIX, de que fala a tirinha do André Dahmer, não é só culpa dos patrões ou da organização do trabalho que possuímos, infelizmente é reproduzida ainda em “brincadeiras” e discursos de muitos de nossos pares.

O fato é que trabalhar em casa nos proporciona uma série de facilidades, com condições mais adequadas ao nosso ritmo e saúde, mas também implica enfrentarmos uma série de armadilhas. Armadilhas que devem ser superadas para o sucesso de nosso próprio empreendimento e, coletivamente, para o sucesso do Home Office no país. Aí vão algumas dicas (lógico que nenhuma é universal, mas deve ser pensada caso a caso):

Ambiente – Mesmo que realizemos uma atividade no lar, o ideal é executá-la em um espaço diferenciado; um escritório, oficina, quarto, um cômodo adaptado em nossa própria casa para esse serviço. O que não impede que, em caso de necessidade e mal estar, um trabalho que começou a ser realizado no escritório termine no sofá. Não precisamos ser tão inflexíveis, mas temos de ter disciplina. No entanto, um espaço diferenciado é importante.

Roupa – Parece bobo e irrelevante, mas se vestir para trabalhar em casa é algo que faz diferença. Lógico que você não precisa se vestir com uma roupa social ou como se fosse para uma reunião de negócios, mas o “ritual” de trocar de roupa para ir trabalhar é importante; marca a transição do pijama e da cama, para o escritório. Além disso, estar com uma roupa confortável, mas apresentável, facilita caso precisemos nos encontrar com algum cliente ou atender alguma ligação em vídeo conferência.

Vida pessoal – Um dos maiores desafios do Home Office é administrar vida pessoal com atividade profissional. O bom senso é sempre o melhor guia. Não é o caso de deixar de lado as demandas e exigências do universo familiar, afinal você trabalha em um tempo adaptável – basta se organizar -, mas devemos tomar cuidado para que estas não atrapalhem o andamento e prazos de nossos compromissos. Um local diferenciado ajuda a administrar a dinâmica doméstica e fazer com que os outros entendam que enquanto estamos ali estamos trabalhando e não devemos ser atrapalhados por qualquer bobeira. Além disso, deve-se ter cuidado para que os barulhos da casa (desde aspiradores de pó a latidos de cachorro) não atrapalhem o serviço ou contatos com um cliente. De certa forma, um cômodo específico pode ajudar nisso também.

Vida social – O trabalho certamente é um dos maiores propiciadores de encontros e relacionamentos. No entanto, trabalhar em casa não nos impossibilita de conhecer pessoas e construir uma rede de clientes e prestadores de serviço, que muitas vezes se retroalimentam ocasionando novas indicações. A internet e as tecnologias digitais facilitam contatos e podem inclusive nos ajudar a conseguir trabalhos presenciais ou por vídeo conferência. O importante é fazer conhecido o nosso produto, seja com um site legal, lista de e-mails ou no boca a boca mesmo.

Distrações – Algo sobre o qual se deve ter o máximo de cuidado é com as distrações. Trabalhar em casa pode ser muito bom, mas é um campo minado, cheio de armadilhas. Há de se ter responsabilidade com os prazos. Deve-se evitar gastar tempo demais em redes sociais e sites quando isso não servir a execução e continuidade do trabalho. Igualmente, é bom evitar “joguinhos” e em descontar ansiedades e “travamentos” em comida. Outra coisa, não devemos esquecer de correr atrás de novos cientes, pois às vezes ficamos tão imersos em uma tarefa que, quando ela acaba, não temos nada em vista.

Bom, essas são só algumas dicas sobre o tema. Muitas ideias para esse post surgiram visitando o site GoHome. Aconselho a quem quiser se aprofundar mais no tema dar uma olhada lá nas dicas da Marina e do André. Há muito ainda o que poderia ser falado sobre a relação entre trabalho e Esclerose Múltipla, mas acredito já ter dito o suficiente. Então, no próximo texto inicio um novo assunto. Até!

 

 

PREENCHA A PESQUISA SOBRE EMPREGABILIDADE E EM: AQUI

 

Explore mais

blog

Quem é você? 

Quem é você? Fico me perguntando isso há 32 anos e nunca tive a real certeza de quem sou. Eu mudo o tempo todo, sou

blog

Ainda estou aqui

Apesar de você, ainda estou aqui Não tem como não falar do aclamado – e digo com absoluto merecimento -, filme do diretor Walter Salles