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Meu sogro faleceu (contei AQUI) no dia 02 de março deste ano. Onze dias depois, eu iniciei um auto-isolamento voluntário, alguns dias antes do primeiro decreto do governo do estado do Rio Grande do Sul suspendendo as aulas nas escolas e universidades do estado e dando início ao distanciamento social (chamado por nós de quarentena, embora o termo não seja adequado a todas as situações) por causa da pandemia do novo corona vírus.

Primeiras impressões

Estávamos acompanhando as notícias sobre a pandemia desde os últimos dias do ano passado. Primeiro, com descrença, afinal estava lá na China, do outro lado do planeta. Depois com espanto, diante do alastramento pela Europa e o número crescente de vítimas. Por fim, com apreensão quando chegou por aqui. Quando saíram os primeiro decretos municipais e estaduais, determinando fechamento de alguns estabelecimentos, regras para funcionamento de outros e os pedidos para que nos mantivéssemos afastados uns dos outros, eu já estava afastada por conta.

A apreensão quer virar panico.

E agora, José? Pra onde a gente corre? Quem poderá nos ajudar? Chapolim colorado?

Eu sou uma pessoa otimista, que espera sempre o melhor das pessoas e das situações, mas não sou estúpida, por isso sinto medo. Faço parte daquela parcela da população mais vulnerável a uma infecção com agravamento, pois além da doença crônica, ainda tem a medicação imunossupressora da qual faço uso. E isso faz com que, numa hipotética situação limite onde fosse necessária uma escolha, eu não seja prioridade. É impossível não se aterrorizar com isso e com tudo o que vem junto com essa afirmação.

Mantendo o otimismo.

Mas apesar de tudo, me esforço todos os dias, em todos os momento do dia, por pensar positivamente e não deixar o pânico tomar conta de mim. Até porque, tenho crianças em casa, meu pânico não faria bem nem a elas, nem a mim. Às vezes me recolho e choro sozinha, dou vazão aos meus medos para não sufocar com eles. Mas depois, sigo em frente, com fé de que no final das contas, ficaremos bem.

Quem pode nos ajudar agora somos nós mesmos. Fazendo cada um a sua parte e mantendo – ou tentando – a calma.

Por isso meu pedido: se você puder, fica em casa! Mantenha-se distante das outras pessoas, por você e pelos outros.

 


 

O título faz referencia ao poema “E agora, José?” de Carlos Drummond de Andrade, que você pode ler na íntegra aqui: https://www.culturagenial.com/poema-e-agora-jose-carlos-drummond-de-andrade/

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