Mitos e verdades sobre a EM

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A esclerose múltipla é uma doença que atinge a memória de idosos? Os pacientes acabam sempre em uma cadeira de rodas? As mulheres são mais afetadas? A vitamina D tem poder de cura? Conheça mais sobre essa doença e saiba quais dessas afirmações são mitos e quais são verdades.

“A esclerose múltipla é mais comum em idosos.”

Mito: Ao contrário do que muitos acreditam, os pacientes de esclerose múltipla são jovens, a maioria diagnosticada entre 20 e 40 anos, na proporção de três mulheres para cada homem. A EM atinge cerca de 30 mil brasileiros e 2,5 milhões de pessoas no mundo.

“A esclerose múltipla é uma doença fatal.”

Mito: A doença é crônica – ou seja, o paciente irá apresentar a doença por toda sua vida – mas não é fatal. Ao contrário, hoje já é possível viver com qualidade e por muitos anos. Em 1948, a expectativa de vida após o diagnóstico era de 17 anos; hoje, os pacientes vivem apenas 13% menos do que qualquer outra pessoa. Isso graças aos avanços na medicina que permitiram diagnóstico mais rápido e tratamento mais eficaz.

“A esclerose múltipla se manifesta de diferentes formas e, por isso, o diagnóstico pode ser difícil.”

Verdade: As lesões no cérebro causadas pela doença podem ocasionar diferentes sintomas, que vão desde visão dupla ou embaçada, fadiga, formigamentos, perda de força e falta de equilíbrio, até incontinência urinária, por exemplo. Essa ampla variação pode levar os pacientes a buscar ajuda de diferentes especialistas e usar diversos tratamentos até chegar ao correto diagnóstico, em geral feito por um neurologista.

“Mais cedo ou mais tarde o paciente de esclerose múltipla acaba numa cadeira de rodas.”

Mito: Como a doença se manifesta muito diferente entre os pacientes – tanto em relação à forma clínica quanto à gravidade – é errado afirmar que todos os pacientes terão o mesmo quadro.

“Quem não toma sol tem mais chance de desenvolver EM.”

Verdade: Diversos estudos relacionam a baixa exposição ao sol nos primeiros anos de vida ao aparecimento das doenças autoimunes como a EM, provavelmente por uma deficiência na produção de vitamina D. Mas atenção: bastam poucos minutos de exposição antes das 9 horas ou depois das 16 horas para que o nosso organismo produza a quantidade necessária dessa vitamina.

“Altas doses de Vitamina D podem curar os pacientes.”

Mito: A doença ainda não tem cura, mas a vitamina D tem sim um papel complementar no tratamento e sua suplementação é indicada para quem tem deficiência dessa vitamina no organismo. Porém, não há evidências científicas que demonstrem a eficácia de altas doses no tratamento da EM – ao contrário, o excesso da vitamina D no organismo pode levar a complicações na saúde de qualquer pessoa.

“Como a doença se desenvolve lentamente, os pacientes devem esperar seu agravamento para começar o tratamento.”

Mito: Os pacientes devem iniciar o tratamento assim que recebem o diagnóstico para que tenham melhores perspectivas e mais qualidade vida, evitando inclusive a atrofia cerebral causada pela EM. O tratamento precoce diminui os surtos e reduz a incapacidade em longo prazo. A demora na adesão ao tratamento pode significar a ocorrência de novos surtos e, consequentemente, em sequelas irreversíveis.

“Filhos de pacientes têm mais chances de desenvolver a doença.”

Verdade: A causa da doença ainda é desconhecida, mas já se sabe que há um componente hereditário. Filhos de pais com EM têm chance um pouco maior (de 2 a 3%, aumentando para 20% se ambos os pais têm EM) do que a população geral de desenvolver a doença.

“Após o diagnóstico, a maioria dos pacientes não consegue mais trabalhar.”

Mito: A EM tem sido foco de muitos estudos no mundo todo, o que tem possibilitado uma constante e significativa evolução na qualidade de vida dos pacientes. Apesar de serem capazes de trabalhar, muitos pacientes ainda se veem forçados a aposentar de forma precoce por falta de flexibilidade dos empregadores e de entendimento dos colegas às necessidades geradas pela EM. Pequenos intervalos no período de trabalho já podem ser suficientes para melhorar a fadiga, por exemplo. Um estudo apontou que 67% dos pacientes de EM no Brasil estão desempregados e 37% dos pacientes foram submetidos à aposentadoria precoce.

“Os pacientes de Esclerose Múltipla devem ser tratados com injeções a vida inteira.”

Mito: Além dos tratamentos injetáveis, disponíveis no Brasil desde a década 80, já existe opção de tratamento oral, por meio de uma cápsula diária, incorporado recentemente no Sistema Único de Saúde (SUS). Dependendo do estilo de vida dos pacientes, a terapia por via oral pode oferecer mais comodidade e facilidade de adesão ao tratamento.

“Ter um surto significa que a medicação não está funcionando.”

Mito: Apesar de as terapias modificadoras da doença (injetáveis e oral) terem potencial para diminuir a ocorrência de um novo surto, ainda não há um meio de evitá-los inteiramente. Entretanto, se um paciente segue o tratamento corretamente e, ainda assim, continua enfrentando surtos com alta frequência, o médico deve reavaliar o tratamento. Outra medida para avaliar a eficácia do tratamento é o acompanhamento do paciente com exames de ressonância magnética, que permitem identificar se as lesões estão estáveis; e realizar a medição do volume cerebral, que detecta a velocidade com que o paciente apresenta atrofia cerebral causada pela doença.

“O paciente de EM perde massa cerebral”

Verdade: Todo mundo apresenta uma perda de volume ou massa cerebral ao longo da vida, porém os pacientes de EM têm essa redução em uma velocidade de três a cinco vezes maior que as demais pessoas. A chamada atrofia cerebral está relacionada diretamente à incapacidade física e cognitiva. A boa notícia é que recentemente, pela primeira vez, um tratamento para EM foi capaz de permitir que os pacientes apresentassem atrofia cerebral comparável a de pessoas sem a doença.

Fonte: Dr. Guilherme Olival – http://www.esclerosemultipla.med.br. Imagem: Creative Commons.

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