A saúde sexual feminina pode ser um desafio para pessoas com Esclerose Múltipla. As pessoas se queixam de fadiga, falta de libido e espasticidade como os principais problemas enfrentados. Neste contexto, exercícios de fisioterapia e melhorar o autoconhecimento relacionado ao próprio prazer podem ser aliados no processo.
Suzana casou com o companheiro quando tinha 26 anos de idade. Aos 51, recebeu o diagnóstico de esclerose múltipla, quando já tinha três filhos. “A cada filha que nascia, eu senti dormências, formigamentos e falta de força muscular. Muita fadiga após os 50 anos. Até que aos 51 perdi a visão do olho esquerdo. Neurite óptica, junto com a perda real da força muscular do lado esquerdo” , lembrou a escritora que mora em João Pessoa, na Paraíba.
Para Suzana, 45 anos de experiência com um mesmo companheiro também facilitou quando a EM chegou na vida dela: “Acredito que, se uma pessoa com esclerose múltipla não tem um relacionamento bom, com diálogo, dificulta. Vou dar um exemplo: na hora do gozo, ‘escapa xixi’ e isso causa vergonha. Aí mora o perigo: a vergonha. Então, tudo deve ser conversado, adaptado (toalhas especiais) para uma vida sexual ativa e amorosa. Isso precisa vir à tona”. Ela ressalta que muitas pessoas que têm também precisam lidar com complicações urinárias. “Tem pessoas que têm urgência em fazer xixi ou mais resistentes. E têm pessoas que usam fraldas. Os cuidados com a higiene íntima são dobrados”, diz.
Aline, de 28 anos, foi diagnosticada com esclerose múltipla em 2018, com perda de força, formigamento, dupla visão e embaçada, além da perda de sensibilidade. Ela afirma que a sociedade não sente muita diferença na vida sexual após a EM, mas defende que o assunto precisa ser melhor discutido na diferença. “Acredito que o que precisa ser dito é que há mulheres que, com o diagnóstico da EM, a vida sexual muda totalmente, como perda de libido, dor na hora da relação, sentir fadiga. A vida sexual de mulheres com esclerose múltipla existe, mas, em algumas situações, tem que ser remanejada para melhor adaptação e não é porque temos uma doença rara e crônica que o nosso desejo sexual acaba”, considera.
A maioria das pacientes atendidas pela neurologista Raquel Vassão reclama de redução da libido, alteração da sensibilidade na região genial, dificuldades de atingir o orgasmo, da atenção com a urina. “Isso principalmente, o sexo, comprometendo o desempenho sexual, acabando com a pessoa pode ficar durante o desempenho.
De toda forma, sempre é bom consultar um ginecologista em relação ao desconforto e dores durante o ato sexual, pois podem ser sintomas de outras doenças também. Para a contração excessiva da musculatura da região, Raquel Vassão destaca que podem ser sessões de fisioterapia pélvica.
Sobre fadiga, outra queixa relatada por muitas mulheres, a médica dá algumas dicas: “Tudo pode ser conversado. Às vezes, você pode dar uma descansadinha antes de começar. Às vezes aquele dia não vai dar mesmo. fadiga ao acordar é menor. Temos que lembrar que somos humanos e tem dia que a gente vai querer ou não”.
O prazer sexual feminino e esclerose múltipla
Falar sobre sexo e tesão ainda é tabu para muitas mulheres, que não são ensinadas a buscar o prazer com seus parceiros. Masturbação, então, é algo quase “inexistente” socialmente para elas. No entanto, conhecer o próprio corpo é fundamental para uma vida sexual saudável.
“Nós mulheres não aprendemos a pensar só a pensar em sexo e também não somos homens em pensar em sexo, né, não é reduzido na esclerose múltipla, é comum que as outras doenças não têm redução na libido, pois ela muito analisa a nossa autoimagem”, Raquel Vassão.
Um neurologista lembrou que, quando uma pessoa recebe um diagnóstico de doença crônica, é “um luto de si mesmo”: “E ela tem que reaprender a ser uma nova pessoa. Isso a gente faz, de alguma coisa, todo santo dia. Mas no contexto de um diagnóstico desse tipo, atrapalha a autoimagem. Então, como a vontade de transar tem mais relação em como você se sente, muitas vezes o diagnóstico atrapalha a vontade de fazer sexo”, destaca.
Mas como desconstruir esses dentro de nossa mente, no nosso ‘mundo interno’, na hora do sexo? Falando sobre o assunto ao longo do dia, responda Raquel Vassão: “Uma das coisas que falo é pra gente aprender a pensar em sexo: se você tiver um parceiro fixo ou que mandar uma mensagem maliciosa no começo do dia, para aquilo aquilo Fique na cabeça e na cabeça do parceiro o dia todo, pra formar, dentre outras, converse sobre sexo com o parceiro, parceiros como parceiros, como dificuldades é um ideal caminho”.
A neurologista que existem diversos métodos para modificar as alterações tão sensíveis nos quadros de esclerose múltipla tão lembrados. “Pode estimular durante o sexo, fazer preliminar bacana, gastar tempo com a preliminar, conversar com parceiros sobre isso. E fazer terapia, principalmente mulheres. A educação feminina é muito complicada, tem muitas coisas que têm medo de não dar prazer para o parceiro e parceiro e se esquecendo de si, entre tantas outras coisas”, conclui.
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