PROBLEMAS DE FALA E DEGLUTIÇÃO NA ESCLEROSE MÚLTIPLA

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Pessoas com esclerose múltipla podem ter problemas de fala e muitas vezes têm dificuldades para engolir, problema chamado Disfagia. Estas situações acontecem porque a doença prejudica o funcionamento de nervos no cérebro e medula espinhal, responsáveis por tais tarefas.

São bastante variáveis os níveis de gravidade em cada caso. Uns mais leves, outros mais graves. Porém, existem profissionais capacitados para auxiliar no tratamento e uso de técnicas para favorecer fala e deglutição.

Se você percebeu que está se engasgando para engolir sólidos e/ou líquidos, ou se sua fala está mais “travada”, “enrolada” e as pessoas estão tendo dificuldades para entender o que você fala em uma conversa, está na hora de procurar um fonoaudiólogo, que é o profissional de reabilitação que vai poder ajudar você com esses sintomas.

Como identificar problemas de deglutição

  • Tosse durante ou após a alimentação;
  •  Engasgos;
  •  Escape de alimento ou saliva da boca durante a alimentação;
  • Sensação de desconforto na garganta ao engolir;
  • Medo ou recusa do ato alimentar;
  • Infecções pulmonares recorrentes, como pneumonias aspirativas.

 

Conforme literatura da área, para avaliação da deglutição os métodos mais difundidos são a avaliação clínica da deglutição (ACD) e os exames instrumentais de videofluoroscopia (VFC) e videoendoscopia da deglutição (VED).

A videofluoroscopia da deglutição também chamada de videodeglutograma ou deglutição com bário modificado é uma avaliação completa, pois possibilita a visualização de todas as estruturas e fases da deglutição e segundo o olhar do fonoaudiólogo, é indicado para um diagnóstico preciso e estabelecimento de plano terapêutico mais específico.

Esse exame ainda não é encontrado com facilidade em todas as cidades, pois depende de fonoaudióloga especializada, radiologista e centro cirúrgico disponível, porém em centros maiores já é possível sua realização com custo que varia de 350 a 800 reais, dependendo do local. Alguns hospitais já o realizam pelo SUS de forma gratuita através de prescrição médica.

Além disso, é crescente o número de casos em que a pessoa entra judicialmente com o pedido por terapia especializada e consegue que o município, Estado ou Federação custeiem os atendimentos.

 

Como identificar problemas de fala

Como já citado anteriormente, os problemas de fala são variáveis de pessoa para pessoa conforme a área cerebral danificada, podendo se apresentar de forma leve, moderada ou grave. Cabe salientar a importância do acompanhamento médico de neurologista e fonoaudiólogo para que seja realizada avaliação e manutenção da qualidade de fala a fim de minimizar possível agravamento ao longo do tempo.

Neste sentido, amigos e familiares também podem contribuir dando seu feedback de fala para que a comunicação seja mantida da melhor maneira possível e os ajustes necessários sejam implementados.

 

Tratamento para problemas de fala

Se a fraqueza ou rigidez muscular está tornando difícil para você falar, alguns medicamentos podem ajudar, e junto com seu fonoaudiólogo você poderá fazer alguns desses itens:

  • Manuseios para favorecer o tônus e movimentação da musculatura envolvida na fala e voz como pregas vocais, língua, lábios e bochechas. Ex: Estalo de língua, vibração de lábios e língua, bico, sorriso forçado, inflar e suflar bochechas, sopro.
  • Estratégias diferentes de fala que podem ajudá-lo a se comunicar melhor com os outros como usando palavras e/ou frases mais curtas ou mesmo, articulando os sons com a boca mais aberta para melhor projeção do som e facilitação para o interlocutor.
  • Prática de exercícios de controle da respiração. Pode ajudá-lo a falar frases mais longas em uma respiração ou acentuar palavras específicas.
  • A leitura em voz alta articulando de forma exagerada os sons das palavras também pode ser uma importante aliada na ativação dessa musculatura e projeção vocal.

 

Tratamento para problemas de deglutição

Sua fonoaudióloga também pode ajudar com problemas de deglutição. Ela pode sugerir mudanças na consistência da dieta, postura corporal e de cabeça durante a alimentação, adaptações de mobiliário para favorecer o ato alimentar, exercícios que podem ajudar, fazer uso de bandagem elástica neurofuncional e/ou eletroestimulação para alcançar algum objetivo terapêutico, orientar sobre a necessidade de envolvimento de profissional nutricionista para auxiliar conduta, bem como exames complementares que julgar necessário, principalmente nos casos mais graves.

O uso de sondas para a alimentação também é uma situação a ser discutida quando outras opções já tenham sido esgotadas a fim de evitar complicações pulmonares e manter o aporte calórico e a qualidade de vida do sujeito com EM.

 

Existem alguns cuidados diários que também podem favorecer a deglutição:

  • Manter postura sentada, membros alinhados com pés e braços apoiados em um ângulo de 90 graus (sempre que possível) durante as refeições.
  • Manter postura de cabeça em posição neutra ou ligeiramente fletida para frente para proteção de vias aéreas.
  • Manter a postura acima descrita por 20 a 30 minutos, no mínimo, após as refeições para evitar refluxo e/ou engasgo posterior à alimentação.
  • Evitar distrações como rádio e televisão durante a alimentação, mantendo atenção na mastigação, respiração e deglutição do alimento.
  • Evitar falar enquanto se alimenta.
  • Coloque pequenas quantidades de alimento na colher/garfo.
  • Pode ser necessário engolir duas ou três vezes por mordida ou sorvo.
  • Se a mastigação é difícil para você, converse com sua fonoaudióloga para adequar a consistência. Cabe ressaltar que a troca de consistência por conta própria pode trazer prejuízo nutricional e muitas vezes, é necessária avaliação de nutricionista para adequar dieta e gasto calórico.
  • Se líquidos finos causam tosse, tente engrossá-los com espessantes. Como podem causar constipação, você também pode substituir líquidos finos por líquidos mais espessos naturalmente como sucos ou sopas cremosas, por exemplo.
  • O fracionamento do líquido com uso de canudo ou colher também pode ser uma opção para que sejam prevenidos engasgos.
  • Tome cuidado na hora de engolir os medicamentos. Se algum tranca em sua garganta e está difícil de tomar, pergunte ao seu médico se ele pode ser esmagado junto a algum alimento ou manipulado de outra forma.
  • Evite alimentos muito secos e grãos pequenos. Quando for comer arroz, por exemplo, prefira misturá-lo com algum molho, que melhore a consistência e ajude na deglutição.
  • Em caso de engasgo, procure inclinar o corpo para frente e para baixo e tossir com força. Evite ingerir líquidos durante o episódio para não agravar a situação. É fundamental que familiares e cuidadores estejam cientes dos primeiros socorros em caso de engasgos (manobras específicas) e estejam aptos a fazer uso de aspirador, se necessário, conforme gravidade do caso.

 

Fonte:  Redação AME – Amigos Múltiplos pela Esclerose

Para essa matéria, contamos com a consultoria da fonoaudióloga Fernanda Schultz – CRFa. 3.9719 (fonofernanda@yahoo.com.br), formada no conceito neuroevolutivo Bobath, atua em neurologia na Clínica Fisiovitta Health Center, Itapema/SC.

Fonte: Redação AME – Amigos Múltiplos pela Esclerose

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