Primeiro tratamento eficaz para Esclerose Múltipla Primária Progressiva

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Estudos apresentados nos últimos congressos médicos nacionais e internacionais mostraram que uma medicação, que está prestes a ser aprovada para comercialização, se mostrou eficaz no tratamento da EM surto-remissão e primária progressiva. O nome da molécula estudada é Ocrelizumab, desenvolvida pela indústria farmacêutica Roche e que deve chegar ao mercado com o nome de Ocrevus.

No último Congresso Brasileiro de Neurologia, realizado entre 27 e 31 de agosto em Belo Horizonte, foram apresentados dados do estudo que acompanhou mais de 3 mil pessoas com EM no mundo todo, incluindo brasileiros. Esses estudos destacaram a molécula Ocrelizumab como o primeiro tratamento a demonstrar efetividade no controle da progressão da esclerose múltipla primária progressiva, que afeta cerca de 10 a 15% dos diagnosticados com a doença. Os pesquisadores acreditam que o ocrelizumabe têm potencial para ser um tratamento inovador, pois, atua nos linfócitos B, com o objetivo de bloquear a agressão sobre o sistema nervoso central dos pacientes. Segundo o neurologista Jefferson Becker, presidente do Comitê Brasileiro de Tratamento e Pesquisa em Esclerose Múltipla e Doenças Neuroimunológicas (BCTRIMS), os resultados traçam uma nova forma de controlar a doença e, por isso, traz esperança tanto para os pacientes, quanto para a classe médica. “O novo medicamento resultará em um grande avanço aos pacientes e uma opção aos médicos para o retardo do quadro clínico em uma doença tão grave, principalmente nos quadros progressivos que até então não tinha tratamento disponível ”, reforça o especialista.

Já no 32º ECTRIMS (Congresso do Comitê Europeu para Tratamento e Pesquisa em Esclerose Múltipla – realizado em Londres de 14 a 17 de setembro de 2016), um dos maiores eventos de pesquisa de EM no mundo, que congrega pesquisadores da área de saúde do mundo inteiro, mais de 10 estudos específicos (uma lista completa dos trabalhos apresentados pode ser acessada aqui) foram apresentados mostrando a eficácia do Ocrevus como um tratamento para EM surto remissão e primária progressiva.

Os estudos clínicos em Fase 3 (última etapa da pesquisa clínica, quando a molécula é avaliada com uso em pacientes), usaram como parâmetro o NEDA (Nenhuma evidência de atividade da doença), que é alcançado quando o paciente não apresenta recaídas, não tem progressão da incapacidade confirmada nem lesões que captam gadolínio na ressonância magnética e nenhuma lesão nova ou aumentada no mesmo exame. No OPERA (estudo utilizado para avaliar a medicação) 600 mg de Ocrevus foram administrados por via intravenosa a cada seis meses, e seus efeitos foram comparados em relação ao Rebif (interferon beta-1a) em mais de 1.600 pacientes com EM surto-remissão. Os pesquisadores chegaram a conclusão de que o Ocrevus aumentou o número de paciente com NEDA, se comparados ao interferon. Nas primeiras 24 semanas do estudo, 60,8% dos doentes que receberam Ocrevus atingiu Neda; essa proporção aumentou para 72,2% durante semanas 24-96.

Um segundo estudo ORATORIO (NCT01194570) avaliou a eficácia e segurança de Ocrevus em 732 pacientes com EM primária progressiva. Nesse estudo sua eficácia foi medida pelo NEP – Nenhuma evidência de progressão. Este parâmetro olha para três medidas de deficiência física do paciente: confirmação de progressão da doença, velocidade de caminhada e função de membros superiores, refletindo em nenhuma evidência de agravamento da deficiência. As análises mostraram que, em comparação com o placebo, o tratamento com Ocrevus (600 mg por via intravenosa a cada seis meses) aumentou significativamente a proporção de pessoas EM primária progressiva (47%) com NEP em quase dois anos de tratamento (120 semanas).

Em todos os estudos, os efeitos colaterais mais frequentes foram pequenas reações e infecções relacionadas ao tratamento.

"Estes novos dados sugerem que o ocrelizumab tem consistente impacto na progressão da doença e grande potencial de mudar a forma como abordamos o tratamento de ambos pacientes: os com surto remissão e primária progressiva" Professor Gavin Giovannoni, membro da comissão para os estudos OPERA, em comunicado à imprensa.

"Sem opções de tratamento aprovadas, a EM Primária Progressiva continua a ser um desafio para os médicos e as pessoas com EM", disse Xavier Montalban, professor de Neurologia e Neuroimunologia do Hospital Universitário Vall d'Hebron, Instituto de Pesquisa e Cemcat, em Barcelona – Espanha. "OCREVUS tem impactado significativamente três medições de invalidez-chave, que destacam ainda mais a sua relevância clínica em pessoas com esclerose múltipla primária progressiva."

Esperamos que o medicamento seja aprovado com celeridade não só nos países europeus e norte americano, mas também no Brasil, para que nossos amigos múltiplos, principalmente os com a doença na sua forma primária progressiva, possam começar um tratamento que se demonstrou bastante eficaz nas fases de pesquisa. 

 

Referências:

– http://www.investimentosenoticias.com.br/noticias/saude/nova-molecula-pode-mudar-o-futuro-do-tratamento-da-esclerose-multipla?utm_content=buffer494af&utm_medium=social&utm_source=facebook.com&utm_campaign=buffer

– https://multiplesclerosisnewstoday.com/2016/09/15/ectrims-2016-new-data-shows-ocrevus-effective-for-relapsing-and-primary-ms

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