Por Camila Tuchlinski
A Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu 30 de julho como o Dia Internacional da Amizade. O objetivo era estimular a união entre os povos da Terra. E você pode estar se perguntando: por que esse tema é tão importante?
O ser humano é um ser sociável, gregário e que tem a necessidade de interagir, de maneira complexa, com o outro. A socialização, para muitos povos, sempre foi uma questão de sobrevivência, seja para conquistar um pedaço de chão, dividir os alimentos ou proteger-se de inimigos. É um arquétipo fortíssimo e que tem raízes ancestrais, já deu para perceber.
Pensando no nosso tempo atual, já em tenra idade, as crianças são estimuladas a estreitar laços com outras e a primeira oportunidade para isso acaba sendo na escola. Você se lembra de como foi essa época? Quais sensações teve?
Na adolescência, precisamos dessas amizades para não nos sentirmos isolados e, sobretudo, pertencentes àquele grupo. Precisamos de amigos para fazer o trabalho que o professor passa, para nos divertirmos e desabafarmos sobre uma decepção amorosa. Por vezes, acabamos mudando temporariamente nosso ‘jeito de ser’ para tentar caber no mundo do outro – e, quando adultos, entendemos o quão ruim isso é para nós!
Ao mesmo tempo, a amizade nos protege do que muitos de nós têm verdadeiro pavor: a solidão. Como diriam Claudinho e Buchecha na canção ‘Fico Assim Sem Você’: “Eu não existo longe de você/E a solidão é o meu pior castigo/ Eu conto as horas pra poder te ver/ Mas o relógio ‘tá de mal comigo”. Saber que temos alguém com quem contar e para quem contar o que nos aflige é especialmente acolhedor. Faz com que a gente não se sinta rejeitado.
Mas a amizade, desde os primórdios até hoje em dia, é sobre troca. E não vou dizer que você é amiga daquela pessoa ‘por interesse’, senão, ficará chateada e abandonará a leitura aqui mesmo. O que quero provocar é uma reflexão sobre o quanto estamos dispostas a dar e a receber em uma relação como esta.
Assim como a ideia de amor, a amizade precisa ser construída e mantida através de uma série de trocas, não materiais, mas de elementos bem conhecidos de todos nós: atenção, afeto e presença. Então, será que está dando atenção suficiente ao que seu amigo está dizendo? Será que está dando uma resposta de qualidade? E há quanto tempo não o procura? Quanto carinho está disposto a oferecer?
E quando estamos em uma relação de confiança, proporcionada pela amizade saudável, nosso cérebro produz mais ocitocina, um hormônio potente na sensação de prazer. Somos capazes de tratar com o melhor do nosso afeto essa pessoa que não é da nossa família, porém, consegue despertar laços tão ou mais significativos do que aqueles que são ‘do nosso sangue’. Você não precisa ter “um milhão de amigos”, como Roberto Carlos gostaria, mas tenha amigos de verdade.