Sobre Coronavírus – Atualização 20/03/2020
Contágio: o que se sabe é que ele passa como uma gripe comum: contato respiratório, toque de mãos, toque em superfícies contaminadas, por isso as medidas de higiene e restrição de circulação são as mais eficazes para prevenção de contágio. O mais importante é evitar ficar no mesmo ambiente fechado e com muitas pessoas juntas. Quem esta com tosse e, especialmente, febre, deve ficar a mais de 2 metros que outras pessoas e dormir em quartos separados.
Gravidade: a contaminação é fácil, mas a taxa de letalidade gira ao redor de 1 a 3%, dependendo das doenças que a pessoas já tiver e idade, mas pode ser maior em populações de risco, como idosos, pessoas com restrição de mobilidades, pessoas com doenças crônicas e pulmonares e imunossuprimidos. A maioria das pessoas terá algo semelhante a uma gripe forte. A procura por hospitais e serviços de saúde deve ser feita naqueles com sintomas mais desconfortáveis, como febre alta (> 38,5) e falta de ar.
Prevenção: medidas de boa higiene costumam ser suficientes. Manter mãos lavadas com frequência com água e sabão ou álcool gel (um não é superior ao outro), evitar visitar pessoas adoecidas ou com febre e manter a casa e ambiente de trabalhos limpos, sem exageros ou paranoia. Restrição de deslocamento é uma das medidas mais eficazes para evitar o espraiamento do vírus e todos devem seguir as recomendações de autoridades locais como Prefeitura, Governo do Estado e Federal.
Restrição de deslocamento: recomenda-se manter as medidas atualmente propostas pela Prefeitura, Governo do Estado e Federal. A ordem do momento é o isolamento social, isto é, evitar ao máximo sair do espaço de sua residência e ter contato com outras pessoas fora de seu ambiente. A previsão é que esta situação mais restrita dure 2 semanas, mas esta recomendação pode mudar a depender de como a situação evolua no Brasil e deve ser guiada pelo Ministérios da Saúde, Governos Estaduais e Municipais.
Viagem: deve-se evitar viajar neste momento. Mas esta recomendação pode mudar de acordo com a evolução do número de contaminados ou informações da Organização Mundial da Saúde ou Ministério da Saúde.
Uso de máscaras: no presente momento, o uso é recomendado para profissionais de saúde lidando com pessoas contaminadas ou por aqueles já contaminados com intenção de evitar o espalhamento de gotículas. O uso de máscaras por pessoas não contaminadas com intenção de se evitar o contágio é pouco eficaz, pois o contagio se dá também pelo tato, toque e olhos, além de que, no ambiente hospitalar, mascaras são descartadas com frequência periodicamente, e manter uma mascara no rosto por horas não previne contágio, pois a face externa da mascara torna-se contaminada e, ao toca-la, pode-se passar o vírus pela pele. A não ser que você opte por sair de casa vestido de astronauta, só o uso de máscaras não ajudará muito.
Isolamento: neste momento, o isolamento de pessoas não contaminadas no Brasil não está plenamente recomendado, mas sim evitar ao máximo o deslocamento desnecessário. Novamente, esta orientação pode mudar de acordo com orientações futuras do Ministérios da Saúde, Governos Estaduais e Municipais, mas é importante evitar cinema, restaurantes e áreas comerciais em horários de pico, escolher ficar em casa para ver um filme, evitar festas e conglomerados, especialmente em ambientes fechados.
Uso de estimulante imunológicos: uso de substâncias que alegam promover aumento de imunidade não devem ser usadas sem recomendação médica específica. A grande maioria não funciona como prometido e os medicamentos que o fazem podem promover alterações indesejadas. Manipular o sistema imunológico pode também provocar doenças autoimunes e até mesmo uma recaída/surto de EM ou NMO. A manutenção de uma boa alimentação, preferencialmente sem alimentos industrializados e ultra processados, evitar ingesta excessiva de álcool, não fumar, dormir 8h por noite e fazer atividades físicas regulares são as principais ações promotoras de um sistema imunológico saudável e eficaz.
Em caso de mais dúvidas ou situações especificas de tratamentos ou doenças, peco que consulte seu médico de confiança.
Alguns sites que podem ser esclarecedores e complementares:
Relato honesto sobre quem já teve: https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2020/03/10/brasileiro-com-coronavirus-relata-rotina-em-casa-nao-e-um-bicho-de-sete-cabecas.ghtml
Mapa do Ministério da Saúde do Brasil: http://plataforma.saude.gov.br/novocoronavirus/
Algumas informações sobre medidas preventivas e controle da infecção: https://www.bbc.com/portuguese/geral-51736012 e Tudo o que você precisa saber sobre o novo coronavírus Sars-CoV-2 – 22/01/2020 – Equilíbrio e Saúde – Folha
Mapa global de infecções por coronavírus: Coronavirus COVID-19 (2019-nCoV)
Organização Mundial de Saúde: https://www.who.int/emergencies/diseases/novel-coronavirus-2019/situation-reports
Estas informações foram compiladas por mim, Prof. Dr. Denis Bichuetti, como um auxílio a perguntas feitas com frequências por pacientes, familiares e amigos, e estão sujeitas a atualizações e não substituem nem prevalecem sobre as orientações do Ministério da Saúde, Governos Estaduais e Municipais ou Organização Mundial da Saúde
Atualizado em 20 de março de 2020
Questões específicas para pessoas com esclerose múltipla e neuromielite óptica neste momento de pandemia.
- Não há nada que indique, até este momento, que conviver com EM ou NMO seja, pela doença em si, um fator de risco para contaminação por COVID-19. Entretanto, pessoas com mobilidade reduzida, como aqueles que dependem de um apoio uni ou bilateral ou cadeira de rodas, são conhecidamente de maior risco para síndromes respiratórias mais graves, independente do agente, e devem ter atenção redobrada nas medidas preventivas.
- Pessoas com EM e NMO devem seguir as mesmas recomendações preventivas que a população geral. Não há orientação específica para uso de máscaras de forma indiscriminada, a não ser que você esteja na janela de um tratamento imunossupressor de alta potência, como transplante de medula óssea ou quimioterapia. Manter uma boa higiene, evitar conglomerados, restringir o contato pessoas e deslocamento são as principais recomendações para se evitar o contágio.
- Caso você trabalhe em um espaço com muitas pessoas, pode ser interessante pedir um tempo de home office, se permitido. Este tema está em constante discussão e pode depender da política de cada empresa ou ambiente.
- Questões específicas acerca do uso de cada medicamento:
- Não interrompa nem reduza a dose de seu medicamento sem conversar com seu médico. Lembre-se que, caso a caso, pode existir o risco de uma recaída ou surto com a suspensão de alguns medicamentos sem início de um outro no lugar.
- Como esta situação é nova para todos, não há evidência científica do risco de contaminação ou gravidade de infecção por COVID-19 para pessoas que usam qualquer medicamento, e a informação abaixo é baseada no mecanismo de ação conhecido de cada medicamento no sistema imunológico.
- Betainterferonas e Acetato de Glatiramer: não devem oferecer riscos diferentes a população geral por serem imunomoduladores e não imunossupressores.
- Teriflunomida e Fumarato de Dimetila: apesar de imunossupressores, aparentemente não aumentam objetivamente o risco de infecções virais e podem ser considerados seguros. A exceção é se promoverem excessiva queda no número de linfócitos (visto em exame de sangue), situação que pode levar seu médico a sugerir redução de dose.
- Fingolimode: é conhecido seu aumento de risco para infecções virais, como herpes simples e herpes zoster, e este risco pode ser, teoricamente, estendido também para o COVID-19. Entretanto a interrupção abruta de seu uso pode provocar recaída/surto da EM e sua interrupção ou redução de dose deve ser feira apenas por orientação médica.
- Natalizumabe: apesar de ser um medicamento com potente influência sobre o sistema imunológico, a imunossupressão gerada é mais para o cérebro e não para pulmões e vias aéreas. Como o COVID-19 não parece ser um vírus que atinge, de forma predominante, o sistema nervoso central, o uso de natalizumabe parece seguro no momento. A decisão por espaçar o intervalo para a cada 6 ou 8 semanas pode ser avaliada caso-a-caso e apenas por recomendação médica.
- Ocrelizumabe e Rituximabe: por serem medicações imunossupressoras podem aumentar o risco ou gravidade de infecções virais. Para aqueles já em uso é importante conversar com seu médico sobre a possibilidade de se distanciar a próxima dose, mas esta decisão deve-se levar em conta o perfil de cada um e risco de recaída/surto.
- Alemtuzumabe e Cladribina: o risco de infecções virais é significantemente aumentado com estes dois medicamentos, especialmente nos primeiros 4 meses após a tomada. Para aqueles já em uso é importante conversar com seu médico sobre a possibilidade de se distanciar a próxima dose, mas esta decisão deve-se levar em conta o perfil de cada um e risco de recaída/surto.
- Azatioprina, Micofenolato e prednisona em doses acima de 20mg/dia: por serem medicações imunossupressoras podem aumentar o risco ou gravidade de infecções virais. Entretanto a interrupção abruta de seu uso ou redução de dose deve ser feira apenas por orientação médica.
- Na presença de febre ou sintomas respiratórios, como tosse, catarro, falta de ar ou dor no peito, pode ser interessante a suspensão temporária do medicamento em uso, entretanto, não faça isso sem falar com seu médico, pois alguns medicamentos precisam ser reduzidos gradualmente ou não podem ser imediatamente interrompidos.
Estas recomendações são baseadas em opiniões de especialistas da Associação Britânica de Neurologistas Britânicos, um grupo de grande respeito e estimado por muitos médicos Brasileiros e do mundo, e podem ser encontradas em sua forma integral em https://www.mssociety.org.uk/about-ms/treatments-and-therapies/disease-modifying-therapies/covid-19-coronavirus-and-ms . Minha impressão é que as mesmas orientações podem ser aplicadas a pessoas no Brasil, respeitando-se também orientações específicas do Ministério da Saúde, Governos Estaduais e Municipais.