Pessoas com doenças crônicas devem receber doses de reforço da vacina para a imunização completa contra a covid-19; saiba mais
Na reportagem, você ficará sabendo que:
– Pessoas com doenças crônicas são considerados grupo prioritário pelo Plano Nacional de Operacionalização do Ministério da Saúde;
– Uma dose de reforço aumenta a resposta imune contra covid-19;
– É preciso conversar com o médico sobre os benefícios da vacinação paralelamente ao uso de medicamentos contínuos.
Juliana Mezzaroba, de 36 anos, tem bronquite asmática, que é uma doença crônica, e se sentiu aliviada quando ficou sabendo, no fim do ano passado, que o governo de São Paulo adiantaria a terceira dose da vacina contra covid-19. “Foi ótimo porque foi bem na época de festas de fim de ano. Eu já tinha a noção que os casos iam aumentar mesmo sem a ômicron. Pensei que estaria um pouco mais protegida. Tenho a minha bronquite controlada, tomo remédio há muitos anos, porém, nunca se sabe”, afirma.
A programadora musical comemora o fato de não ter sido contaminada pelo vírus: “E até hoje não peguei covid. Se tiver outra dose, com certeza vou tomar e indico para que as pessoas tomem quantas doses puderem e forem necessárias”. Juliana teve algumas reações na primeira e na terceira dose, como um pouco de febre e dores no corpo, que passaram em um dia.
Marcia Denize Denardin, de 52 anos, tem esclerose múltipla e tomou três doses da vacina contra o coronavírus. “Acredito que tenha sido fundamental ter conseguido ser imunizada. Estou enfrentando essa pandemia com todos os cuidados, álcool gel, máscara, distanciamento e a vacina, graças a isso, não tive covid e espero que continue assim”, ressalta.
Ela já se prepara para uma quarta dose agora em fevereiro: “Isso porque faço um tratamento para a EM com imunossupressor e me enquadro para essa dose adicional. Acredito que todos deveriam fazer todas as doses recomendadas, uma segurança a mais para enfrentarmos principalmente as variantes que são muito contagiosas”.
De acordo com o Manual de Diretrizes para os Cuidados das Pessoas com Doenças Crônicas nas Redes de Atençao à Saúde e nas linhas de Cuidado Prioritárias do Ministério da Saúde, as doenças crônicas, em geral, estão relacionadas a causas múltiplas e são caracterizadas por início gradual, de prognóstico usualmente incerto, com longa ou indefinida duração. Elas apresentam curso clínico que muda ao longo do tempo, com possíveis períodos de agudização, podendo gerar incapacidades. Requerem intervenções com o uso de tecnologias leves, leve-duras e duras, associadas a mudanças de hábitos, em um processo de cuidado contínuo que nem sempre leva à cura, mas pode melhorar a qualidade de vida.
Na campanha de vacinação contra a covid-19, pessoas com doenças crônicas foram considerados grupo prioritário pelo Plano Nacional de Operacionalização (PNO), elaborado pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI).
Por que a dose de reforço é importante para pessoas com doenças crônicas?
Para entender sobre a importância da imunização completa para as pessoas com doenças crônicas, batemos um papo com a médica Raquel Vassão.
A neurologista explica que várias das doenças crônicas como obesidade, pressão alta, diabetes são fatores de risco para desenvolver covid grave. “Como está disponível no Brasil inteiro, é de bom tom que as pessoas tomem a vacina de reforço, independente de ter ou não uma doença crônica”, acrescenta.
Raquel Vassão explica que há pesquisas que revelam a necessidade de uma dose de reforço para prolongar a resposta imune ao coronavírus. “O tempo de duração da resposta imune pode ser limitado e uma dose de reforço amplia esse tempo e ainda reforça a resposta imune contra covid. Caso tenha contato com o vírus, você pode ter uma resposta melhor, não desenvolver a doença ou, se desenvolver, ser um quadro brando”, pondera.
É importante lembrar que pessoas imunossuprimidos que tomam corticóide em dose alta frequentemente ou que tomam alguma outra medicação que muda o funcionamento do sistema imune precisam conversar com o médico para poder escolher o melhor momento de fazer essa vacina. O objetivo é verificar o cenário ideal para que essa resposta do próprio corpo à vacinação seja a melhor possível.
A neurologista Raquel Vassão ressalta que contraindicações são muito poucas, mas pessoas alérgicas precisam ficar atentas: “Se a pessoa teve uma reação anafilática, ou seja, uma reação alérgica grave, logo após a injeção, provavelmente tem alguma contraindicação e, para algumas vacinas, como Astrazeneca, se tiver alguma trombose próxima ao momento de vacinação anterior, pode ser um problema”, alerta.