Olá Amigos Múltiplos. Como têm passado?
Estou escrevendo este Post em um lugar inusitado. Minha Mãe está, neste momento, fazendo uma cirurgia, e eu estou na sala de espera “matando tempo”.
E sala de espera de hospital é competição de quem está pior de saúde, né?
Viver isso me fez lembrar de uma frase que ouvi de um grande amigo (e que veio a se tornar meu sócio) no dia em que fui internada para minha primeira pulsoterapia – quando fui diagnosticada. Ele me disse: “Cynthia, sei que eu dizer isso agora não vai diminuir sua dor, mas todo mundo tem alguma coisa, e você vai aprender a conviver com isso”.
Eu estava muito assustada, pois, além de não saber exatamente o que era a tal Esclerose Múltipla, nunca tinha vivenciado nenhum problema de saúde, nem mesmo na família. Minha Avó, de 93 anos, até pouco tempo, sequer precisava de remédio para pressão, dor, ou qualquer que seja. Em casa, a saúde nunca foi uma preocupação.
Essa frase me marcou, e desde então, sempre que penso que meu problema (a Esclerose, ou qualquer outro problema de saúde) é o único e o pior do mundo, me lembro que “todo mundo tem alguma coisa”… e que a dor maior é de quem sente.
Da unha encravada à doença incurável, ninguém sente a mesma coisa que sentimos. E por pior que seja a minha situação, a pessoa ao meu lado também vai estar vivenciando uma dor (por menor que seja), que para ela vai ser a mais importante e grave, ao menos naquele momento.
Sabe por que isso acontece??? Porque estamos vivos!
Quando era mais nova (e até hoje isso acontece!), quando estava com dor de cabeça e dizia à minha Mãe, sua resposta era categórica: “que bom filha, sinal que você tem cabeça”. E essa é a mais pura verdade.
No dia que alguém me disser que não sente nenhum tipo de dor, que nada em seu corpo/organismo incomoda, certamente vou querer estudar essa pessoa, pois a verdade é que VIVER DÓI, e dói desde que nascemos.
A diferença é que há aquelas dores intensas e curtas, que duram somente o tempo suficiente para nos mostrar que temos terminações nervosas, como a batida do dedinho do pé na quina do armário; e aquelas que nos acompanham por um tempo – ou pela vida toda –, não nos deixando esquecer que existem. E essa dor pode ser física, mas pode também ser mental… ou, pior, física e mental.
Comigo e a Esclerosinha é assim: tem dias que não sinto nenhuma dor, sequer sinto fadiga, formigamento ou dormência; mas tem outros dias em que tenho tudo junto e, além disso, me coloco a pensar que, a qualquer momento, posso ter um novo surto, que pode me deixar com alguma sequela grave. E, nesses dias, não adianta vir me dizer que está tudo bem, que não vou ter nada e que existem coisas muito piores… é claro que acalento e empatia nos ajudam a sentir melhor. Mas a dor, aquela que martela somente em quem sente, não vai passar… essa, quando não passa com um bom analgésico (quando física), só passa com o tempo mesmo!
Por isso, saiba respeitar o tempo da sua dor, mas, acima de tudo, não pense que ela é a única e maior do mundo.
Respeite a dor daqueles que estão ao seu lado!!!