por Suzana Gonçalves
Procuro palavras para descrever este último ano, mas elas me faltam.
Vivendo na linha tênue das emoções, o medo rondando a minha vida, a própria condição em que me encontro:Grupo de risco triplo, esclerose múltipla, idade e pressão alta.
Me isolei, a ansiedade tomou conta da mente e do corpo, foram longos dias de agonia,impaciência e angústia.
Procurei uma nova maneira de viver,me reinventar, mesmo com saudade dos meus, seus abraços, beijos e afetos.
Quem não?
Virou a melhor dona de casa e cozinheira.
Resolveu minimizar as tralhas guardadas nos armários.
Colocar methenolone enanthate buy in australia legally em andamento um projeto de vida procrastinado por anos.
Decidiu ler aquele livro que recebeu em alguma ocasião e nunca tinha aberto.
Aprendeu a trabalhar on-line , mesmo com tantas dificuldades.
Perdeu a vergonha da internet e começou a fazer live como uma forma de informar alguma coisa e se tornou uma terapia.
Teve vontade de furar a quarentena e sair correndo mundo afora.
Quase virou um monge meditando a todo segundo para aplacar a falta de ar.
Reconectou-se com seu sagrado.
Procurou puxar uma conversa com aquele amigo antigo, mesmo com vergonha por tanto tempo distante, mas que foi um grande reencontro.
Teve dificuldades para respirar com a máscara por causa da claustrofobia.
Chorou no primeiro reencontro com seus familiares.
Se emocionou no primeiro retorno ao salão de beleza.
Sentiu muita felicidade em ajudar ao próximo em tempos difíceis.
Sentiu o prazer da liberdade em caminhar na rua, pisar na areia da praia e ir a um restaurante.
Se sentiu muito frustrada em voltar ao ponto de partida, voltar à estaca zero e perceber que não tinha culpa.
Sofreu muito por tantas perdas de amigos queridos.
Teve tanta esperança na criação de uma vacina.
Se sentiu inseguro diante das dificuldades para que ela chegasse até aqui.
Agora chegou o tempo de gratidão, espera e paciência.
Finalmente a vacina chegou, de maneira lenta para nossa ansiedade continuar em nível elevado,mas já é realidade.
E mais uma vez me pergunto e ao mesmo tempo afirmo; Quem não? Está feliz apenas por ser sobrevivente?
Suzana Pereira Gonçalves