Ao procurar as causas do aparecimento da esclerose múltipla, a investigação tem tradicionalmente percorrido duas correntes: aqueles que ‘culpam’ a um processo inflamatório e aqueles que atribuem a sua existência a aspectos neurodegenerativos. Um estudo publicado na revista Lancet Neurology, dá mais um passo em conta de abranger o papel de ambos na progressão da doença, abrindo assim um novo horizonte para encontrar tratamentos eficazes.
O trabalho demonstra que ambos os processos de inflamação e degeneração neuronal desempenham um papel no desenvolvimento da EM. Assim como os primeiros sintomas “motores” da doença, desde o início até final.
Hans Lassmann, diretor da pesquisa, disse que o processo inflamatório pode ser menos relacionado à idade “se ela for efetivamente tratada nos estágios iniciais.” Algo oposto ocorre, no caso de danos neurodegenerativos, que estejam aumentando, o que explica a perda progressiva da eficácia de alguns tratamentos.
Novos dados, melhores expectativas
A partir do conhecimento de seus mecanismos, os pesquisadores contam com a possibilidade de encontrar novas formas de tratamento. A este respeito, as expectativas concentram-se na utilização de drogas com efeito anti-inflamatório no cérebro. Eles devem ser neuroprotectores aplicando mecanismos de bloqueio de amplificação para retardar a lesão neuronal.
Atualmente estão sendo investigados uma série de medicamentos que visam qualquer um desses processos. De acordo com o diretor do estudo, a luta contra estes fatores amplificadores deverá trazer avanços no tratamento da doença em cerca de 5-10 anos.
O ciclo de danos causados ao cérebro também pode ser observado em outras doenças neurodegenerativas tais como a doença de Alzheimer e doença de Parkinson, e é semelhante ao processo que ocorre no envelhecimento natural. Como resultado, novos tratamentos, resultantes da pesquisa em esclerose múltipla também poderiam ser úteis para estas condições.
Avempo. Traduzido livremente. Imagem: Creative Commons.