14,5% das pessoas com Esclerose Múltipla apresentam problemas intestinais moderados a graves

Compartilhe este post

Compartilhar no facebook
Compartilhar no linkedin
Compartilhar no twitter

Pesquisadores italianos apontam prevalência menor dos sintomas de problemas intestinais em pessoas com Esclerose Múltipla do que estudos anteriores; contudo, o número ainda é signidicativo

 

Uma disfunção intestinal moderada a grave foi detectada em 14,5% dos adultos com Esclerose Múltipla (EM), relata um estudo italiano. A prevalência da disfunção intestinal aumentou em mulheres e em pessoas com formas progressivas de EM, maior incapacidade, idade avançada e maior duração da doença.

Apesar da prevalência de disfunção intestinal ser menor do que a relatada anteriormente, as descobertas ressaltam a necessidade de exames clínicos de rotina para disfunção intestinal entre pacientes com EM para que um tratamento personalizado seja implementado para prevenir seu agravamento.

O estudo “Prevalência e preditores de disfunção intestinal em uma grande população de pacientes ambulatoriais com Esclerose Múltipla: um estudo multicêntrico italiano” foi publicado no Journal of Neurology.

A disfunção intestinal neurogênica (NBD, na sigla em inglês) – a perda da função intestinal normal devido a um problema nos nervos – é frequente em pessoas com EM. Estima-se que de 39 a 73% das pessoas com EM experimentam NBD, que se manifesta como incontinência fecal, trânsito intestinal lento e constipação crônica.

O NBD pode estar relacionado à disfunção da bexiga, níveis mais elevados de deficiência e longa duração da condição.

Agora, uma equipe liderada por pesquisadores na Itália avaliou a prevalência de NBD em 1.100 pessoas com EM (idade média de 44,2 anos, e sendo 66% mulheres) de nove centros diferentes de EM no país.

Os participantes preencheram a versão italiana do questionário NBD e o International Prostatic Symptoms Score (IPSS). O questionário NBD é composto por 10 questões com pontuação variando de zero a 47, no qual pontuaçoes mais altas indicam sintomas mais graves. Especificamente, a escala distinguiu quatro níveis de gravidade da disfunção: muito pequena (pontuação de 0 a 6); pequena (7-9); moderada (10–13); e grave (14-47).

O IPSS é uma método de avaliação de sete perguntas usado para avaliar os sintomas neurogênicos associados à bexiga. Ele foi desenvolvido originalmente para avaliar problemas de próstata em homens.

No momento da aplicação dos questionários, 843 pessoas estavam em tratamento com algum tipo de terapia modificadora da doença (TMD), enquanto 254 (23,1%) não estavam usando uma TMD. As terapias adicionais incluíram antiespásticos, antidepressivos, ansiolíticos, medicamentos para problemas de bexiga e dor, bem como fisioterapia.

A análise revelou que 862 pessoas (78,4%) tinham sintomas de NBD muito pequenos, seguidas por 78 pessoas (7,1%) com sintomas menores, 75 pessoas (6,8%) com sintomas moderados e 85 (7,7%) com NBD grave.

No geral, 14,5% tinham NBD moderado a grave, uma prevalência mais baixa quando comparada aos relatórios de revisão anteriores (variando de 39-73%).

Em comparação com pessoas com pontuações de NBD menores ou muito menores, aquelas com sintomas moderados a graves eram significativamente mais velhas (idade média de 43,7 anos vs. 47,2), tinham EM há mais tempo (duração média de 10,9 vs. 12,7 anos) e uma frequência maior de EM progressiva.

Além disso, as pessoas com NBD moderado a grave tiveram deficiência significativamente maior em comparação com aqueles com NBD menor ou muito menor, como mostrado por pontuações mais altas na escala de estado de deficiência expandida (EDSS, pontuação mediana de 4 vs. 2).

Os IPSSs também foram significativamente maiores – indicativo de uma pior função – no NBD moderado a grave (média de 21,5 vs. 8,9).

Uma análise posterior revelou que o NBD estava significativamente associado ao controle dos esfíncteres (músculos em forma de anel que regulam a abertura ou fechamento de passagens no corpo); escores de deambulação de EDSS; IPSSs; e o uso de terapias vesicais neurogênicas.

Ser do sexo masculino e realizar o uso de medicamentos anti-espasmos parecem reduzir o risco de NBD.

No geral, este estudo sugere que “os sintomas de NBD podem ser menos frequentes em pessoas com Esclerose Múltipla em relação a relatórios anteriores”, escreveram os pesquisadores. No entanto, “é importante notar que uma prevalência de cerca de 14% de NBD moderado-grave é bastante significativa em uma população composta principalmente por pessoas jovens, ativas e com baixa deficiência”, acrescentaram.

Assim, “um rastreio de rotina da disfunção intestinal na EM pode permitir a identificação e gestão precoce de pacientes que sofrem destes sintomas incapacitantes”, sugeriu a equipe.

 

Fonte: Multiple Sclerosis News Today

Tradução e adaptação: Redação AME – Amigos Múltiplos pela Esclerose

Explore mais