Todos nós, ao recebermos o diagnóstico passamos por uma espécie de morte. É meio dramática essa comparação, mas é como se morrêssemos para a vida como a conhecíamos para renascer em outra. E para que haja esse renascimento, é preciso vivenciar o luto.
"O luto/perda normalmente passa por 5 fases: negação, raiva , negociação, depressão e aceitação.
As fases do luto, não possuem um tempo predefinido para acontecerem. Depende da perda e da pessoa. Porém sabe-se que a que leva mais tempo é da fase da depressão para a fase de aceitação, algumas pessoas levam décadas de vida e outras nunca conseguem aceitar com serenidade a perda.
A depressão – A depressão surge quando o individuo toma consciência que a perda é inevitável e incontornável. Não há como escapar à perda, este sente o “espaço” vazio da pessoa (ou coisa) que perdeu. Toma consciência que nunca mais irá ver aquela pessoa (ou coisa), e com o desaparecimento dela, vão com ela todos os sonhos, projetos e todas as lembranças associadas a essa pessoa ganham um novo valor." (fonte: jornal GGN)
Um dos primeiros sinais da depressão e o que talvez a torne maior do que deveria (segundo minha observação = psicologia de botequim) é o isolamento social.
Inicialmente a pessoa se isola pela tristeza ou pela raiva, depois pela incompreensão alheia. Ter que ficar se explicando o tempo todo é cansativo e frustrante. Ter que parar uma atividade no meio para descansar é frustrante. E essas pequenas frustrações do dia a dia vão se acumulando e só servem de combustível para a raiva ou para o isolamento.
Aí a pessoa precisa parar de trabalhar e lá se vão os colegas e todas aquelas pessoas que encontrava diariamente no caminho, no ônibus, no bar da esquina onde costumava tomar café.
Então os amigos continuam convidando pra sair pra dançar, mas dançar já não é mais uma alternativa viável de diversão e a pessoa começa a recusar os convites. E os amigos se cansam e param de convidar. E a pessoa se ressente com os amigos e se isola ainda mais.
E o que era para ser uma fase, se torna cotidiano.
E as perdas vão se somando. A pessoa perde o fôlego, diminui a marcha, perde a concentração, o emprego, a renda, qualidade de vida, os amigos, a esperança. A vida vai ficando cada dia mais se graça.
A vida não se transforma assim tão radicalmente, muitos até continuam levando suas vidas da mesma forma que antes pois com as novas medicações e com o diagnóstico vindo cada vez mais rápido isso está se tornando mais comum, porém a maioria vê seu mundo virar de ponta cabeça e se isola pouco a pouco do resto do mundo.
Então, se você tá vivendo tudo isso, perdoe o afastamento das outras pessoas. Não é fácil conviver com alguém que não acha graça em nada. Se dê mais uma chance, procure ajuda, grite por socorro.
Se você tem um amigo nessa situação, saiba que não é você que se tornou enfadonho para ele, é a vida dele que tornou tudo enfadonho. Faça uma visita, ligue, mande uma mensagem. Para que ele perceba que não está só.
Em qualquer um dos dois casos, tenha em mente que a depressão não é uma escolha, não é falta de “tanque de roupa pra lavar”, e que a pessoa “não se ajuda” porque ela não consegue se ajudar. Sair de uma depressão sozinho pode até ser possível, mas é muito difícil. E o isolamento só dificulta ainda mais.