A multiplicidade que habita em mim saúda a multiplicidade que habita em você

Compartilhe este post

Compartilhar no facebook
Compartilhar no linkedin
Compartilhar no twitter

Eu deveria começar os meus relatos de blogueiragem me apresentando, mas como sagitariana que sou, adoro quebrar protocolos e positivar o que nem sempre é visto de maneira positiva. 

Pensando nisso, decidi que esse meu primeiro texto vai ser sobre o que a palavra múltipla significou na minha vida depois do diagnóstico da esclerose.

Imagine você, com seus 14 anos do nada sentir uma indisposição física inexplicável, sentir uns formigamentos bem loucos e do nada perder a visão do olho direito… 

Para nós (e para os profissionais da saúde que acompanham quadros de EM) é compreensível e contextualizado, tem explicação, mas quando a gente é adolescente, jovem essas coisas podem parecer simplesmente aleatórias e confusas, os adultes sempre justificam o nosso comportamento com a puberdade, então parece que a gente não tem muita noção do que de fato está acontecendo com nosso corpo, tudo é aleatório… pelo menos comigo foi assim. 

O interessante nisso é que eu nunca me entendi como uma pessoa padrão, com áreas da vida bem estruturadas por várias questões – isso é papo pra outra hora – mas talvez por esse mesmo motivo é que a aleatoriedade de certa forma nunca foi uma área de total desconforto pra mim, principalmente na relação com o corpo que nós mulheres negras que aprendemos a não amar e muito menos explorar ou investigar desde muito cedo. Tudo bem até aqui, né? 

Pois bem, é aí que a multiplicidade entra: receber o diagnóstico da esclerose múltipla com 15 anos me proporcionou vivenciar muitas experiências de maneira diversa e diferenciada para o meu contexto geracional, social, racial, político e afetivo. 

Eu sou muito feita disso, hoje com 26 anos  a frase que costumava dizer “eu tenho a esclerose, mas ela não me tem” mudou para “a gente convive junta e na medida do possível, bem.” 

Foi na multiplicidade dos sinais, da forma de observar, de buscar qualidade de vida, mesmo nas provações, perrengues e dificuldades que eu aprendi a lidar e não me limitar à esclerose. Um dos mantras é: foca no múltipla e vai!!! 

Então, é assim que me apresento: meu nome é Jéssica Teixeira Eugenio, mas pode me chamar de Jazz. Embora não pareça, tenho 26 anos e sou esclerosada. Atualmente moro em Salvador – BA, mas sou nascida em São Paulo e criada em Osasco – SP. Já morei em Chapecó – SC, no sul do Brasil, cursei letras até o 6º semestre, sou apaixonada por literatura marginal e periférica, e artes no geral, principalmente das expressões da cultura hip-hop. Sou metida a poeta, ativista, rapper e arte educadora, intelectual… das tantas coisas que sou, o que posso dizer é que mesmo pesando um bocado saber que a aleatoriedade tinha seu sentido através do diagnostico, isso me libertou é muito para que eu pudesse descobrir a multiplicidade, com responsabilidade e cuidado para ter qualidade de vida e vivida, pra ser quem eu quisesse ser. 

Então, saudando e agradecendo meus mais velhos e mais velhas, meus mais novos e mais novas, e meus e minhas iguais da AME, começo por aqui: a multiplicidade que habita em mim, saúda a multiplicidade que habita em você!!!

Explore mais

Ativismo e Direitos

Entenda novo PCDT de Esclerose Múltipla

O Governo Federal lançou uma consulta pública para a nova proposta de PCDT (Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas) de Esclerose Múltipla, na plataforma Participa +