Bom dia, amigos múltiplos!
Olha eu aqui falando de amor novamente, depois de um longo tempo fechada para balanço. Logo no inÃcio da minha vida de esclerosada, uma das minhas preocupações estavam voltadas para a minha vida afetiva. Como assim eu poderia envolver uma pessoa em uma vida totalmente compremetida por uma doença tão grave e sem cura? O que eu ainda não sabia era que essa doença “tão grave” estava salvando a minha vida! Quem me conhece sabe que eu sou a mulher dos paradoxos! “Para tudo que eu quero descer”…Â
Eu estava doente antes mesmo de ficar doente – uma referência aqui aos trilhos de trem nos Alpes, antes mesmo que houvesse um trem para passar – Minha vida estava tão sufocante, que eu “me” adoeci – eu acredito mesmo nisso! Tudo bem que poderia ser um resfriado, por exemplo. Só que não. Eu precisava de algo que gerasse cicatrizes para me lembrar do quanto eu estava doente da alma. Espere um pouco, não precisava ser cicatriz no cérebro… Calma gente… precisava. Eu acreditava que podia controlar o mundo e controle se constroi na cabeça. Foi lá que deixei meus primeiros registros. Como a coisa estava feia para o meu lado, ainda precisei lesionar os nervos ópticos – não um, mas os dois e de uma vez! Isso, me maltratei a esse ponto. Precisei disso. E hoje, dou graças a Deus. Olha só… Graças a Deus! Esse “Cara” voltou para a minha vida.  E me trouxe a Fé de volta pro meu aconchego – meu ethos!
Hoje, vim aqui para dizer poeticamente que ninguém é capaz de cuidar de ninguém quando não consegue cuidar de si mesmo. Recolhi minhas trouxas, me reinventei, criei espaços que eu nem sabia serem possÃveis – espaços fÃsicos, inclusive (Centro Cultural Caravelas foi um deles). (Re)Encontrei almas nesse lugar. Saà dele, vivi um luto pesado. Novas lesões para me lembrar do quanto sou importante para mim mesma… Mais uma vez renasci. Cá estou. Sentindo-me iluminada. Vivendo um dos maiores sonhos da minha vida. Eis que revirando o meu blog “Palavras”, revisitei um texto antigo cujo tÃtulo é “Indo Embora”. Estou indo embora, de volta pra casa… Minha casa são caminhos… Minha casa é onde encontro amores… minha casa é na estrada, onde meu teto são estrelas que iluminam a minha vida… Abri mão de tudo que me lembrasse a minha vida antiga. Doei o meu apartamento para minhas filhas, vim morar em Saquarema e de quebra cuidar de mim, dos meus pais e viver ao lado dos meus irmãos. Voltei pra casa da infância. Mas, com a maturidade no corpo. Quero do mundo o que o mundo tem para me dar. E desse meu pedaço do mundo não abrirei mão – “…Já não sonho, hoje faço com meu braço o meu viver”. A vida voltou a sorrir para mim!
P.S.: Dedico esse texto à Celina Gavino. Minha eterna Terapeuta!