Em 2012, às vésperas de prestar vestibular e aquela pressão toda por notas no colégio, Marina Pastorelli sentiu que, do nada, a visão dela começou a ficar turva. “Não sabia o que estava acontecendo. Não tinha convênio e nem nada, então, deixei minha visão estranha por dois meses. Aí, do olho direito foi para o esquerdo, depois passou. No ano seguinte, meu pai teve uns problemas de saúde, a gente fez um convênio e eu tive de novo. Coincidiu com uma dor muito forte de cabeça, fui para o hospital pra ver isso e, quando cheguei, lá me internaram direto, pois viram que eu estava sem reflexo. Descobri que estava com neurite óptica, foi aí que descobri a esclerose múltipla”, conta.
Em 2023, praticamente uma década após o diagnóstico, a jornalista engravidou. “A gestação foi muito boa, mas eu tive vários cuidados antes. Sete meses antes de a gente tentar, eu e meu marido, mudei 100% a alimentação. Tirei farináceo, glúten, açúcar, leite, tudo para não ter nenhum sinal de inflamação no corpo. Fiz muito exame com médico integrativo para ver tudo do meu corpo e, com meu neurologista, acertamos as doses do tratamento para esclerose múltipla. A minha preocupação era o pós-gestação”, lembra.
Além disso, ela praticava exercícios físicos com frequência até praticamente o nascimento da filha. Marina conseguiu realizar o parto normal, com analgesia para evitar o estresse e qualquer intercorrência por causa das dores.
Os primeiros 20 dias após o parto, durante o puerpério, foram os mais intensos emocionalmente para Marina. “Agora estou muito melhor e, em três meses, vou fazer ressonância completa para ver tudo certinho”, diz.
Desde 2018, a jornalista trabalha na mesma empresa que, segundo ela, sempre foi acolhedora tanto em relação ao diagnóstico de esclerose múltipla quanto durante o período da gestação. “Eu já trabalhava no esquema híbrido, em parte home office, e tive total liberdade de escolha se trabalhar presencial ou não. Sempre tive apoio em relação a EM, gestação e covid – o que tornou o processo mais simples”, relata.
Sobre amamentação, Marina conta como foi no início: “Tive de fazer algumas escolhas em prol da minha saúde mental. Minha filhinha não pegava meu peito. Tenho mamilo bom para isso, mas ela não pegava e cheguei a usar um bico de silicone. Não queria usar no começo. Mesmo sabendo que pra ela talvez não fosse a melhor opção, mas pra minha saúde mental era melhor saber que estava sendo alimentada, mesmo com um bico artificial”
O maior receio da jornalista agora é voltar ao trabalho após o período de licença maternidade. “Em novembro volto a trabalhar e aí esse é meu maior medo por enquanto: conseguir conciliar a amamentação. Não queria dar chupeta ou mamadeira. Sei que terei liberdade de fazer home office, mas vou querer fazer presencial mais vezes, porque terei ficado quatro meses fora. Meu emocional perto de voltar a trabalhar vai dar uma ‘pirada’. Ao mesmo tempo, sei que vou ter apoio da empresa, mas esse é meu maior medo depois do parto e do puerpério. Estou com medo de voltar ao trabalho porque eu sempre quis muito amamentar”, afirma.