Escrever sobre a EM: uma forma de manter minha sanidade

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Olá amigos múltiplos, tudo bem?

Desde criança, colocar minhas ideias sobre o papel nunca foi um problema, uma vez que sempre tive facilidade em derramar minhas emoções em forma de escrita.

Os que são contemporâneos meus devem lembrar das comemoração cívicas nas escolas, nas quais comemoravam-se todas as datas importantes registradas nos calendários. Nessas comemorações, impreterivelmente, haviam apresentações de jograis e leituras de textos, tanto os que já estavam prontos na literatura, quanto os escritos pelos alunos e professores. Invariavelmente, ano após ano, fui encarregada de escrever ao menos um texto para ser apresentado nas diferentes datas comemorativas.

Assim, o tempo passou e eu cheguei ao Ensino Médio escrevendo continuamente para os diversos tipos de eventos que ocorriam na minha escola. 

Daquela época, ainda tenho bem nítida na lembrança a professora Mabel que lecionava uma disciplina chamada, se não me falha a memória, PIP – Programa de Informação Profissional –  e que sempre me aconselhava a seguir a carreira jornalística devido ao meu entrosamento com a escrita. 

O tempo passou e, por uma série de circunstâncias, a minha vida tomou um rumo em que a escrita ficou arquivada por anos a fio, uma vez que eu não tinha mais razões para escrever nada além de cartas comerciais e alguns cartões de boas festas. Vale dizer que não segui a carreira jornalística e acabei, muitos anos depois do término do ensino médio, enveredando pelo estudo do Direito e durante toda a graduação produzi boas peças processuais, mas aquela escrita dos meus tempos da escola regular continuou trancafiada em algum cantinho do meu cérebro.

Mais alguns anos se passaram, o Direito também foi arquivado e acabei por realizar um sonho antigo: me graduar em Artes Plásticas. No decorrer do curso a expressão dos meus pensamentos e sentimentos por meio da escrita foi transparecendo, timidamente, nas justificativas para os trabalhos práticos desenvolvidos. Ao término da faculdade, meu TCC – Trabalho de Conclusão de Curso, nada mais foi, como o próprio título dizia, um retrato de mim. Nele deixei fluir toda a minha essência interior e, por meio do trabalho escrito, talvez muito mais do que pelo trabalho prático, produzi meu autorretrato.

Todavia, após a conclusão do curso, já tendo sido diagnosticada com Esclerose Múltipla, me vi sem motivação para prosseguir minha caminhada e, me sentindo completamente só, sem perspectiva alguma, me deixei levar pela autopiedade e pela desilusão com a minha própria vida. Me faltavam forças para reagir e prosseguir com minha história.

Desse modo, me deixei ficar em real estado de inanição por quase 60 dias, mas, felizmente, emergi da apatia que me consumia em tempo de não me tornar refém permanente da falta de confiança em mim mesma e decidi, após muito pensar sobre o assunto, usar a habilidade que descobri ainda criança para exteriorizar minhas inquietações como esclerosada. 

Foi assim que o blog minhasescleroses.blogspot.com.br tomou forma. Primeiramente na minha mente para, depois, ganhar um corpo real e receber em seus posts todas as minhas mazelas, dores, angústias, apreensões, expectativas, alegrias, vitórias, conquistas, superações, decepções… afinal, tudo o que tenho vivido durante minha trajetória acompanhada pela minha companheira bipolar, como costumo apelidar a Esclerose Múltipla.

Algum tempo depois de iniciar meu blog, fui convidada pela Bruna para escrever no blog da AME e aqui estou eu tentando compartilhar um pouco das minhas vivências e visões de esclerosada.

Por fim, quando me perguntam porque escrevo sobre a Esclerose Múltipla, sem titubear respondo: eu escrevo para manter a minha sanidade.

 

Um beijo carinhoso no coração de todos!

Bete Tezine

 

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