Estive esses dias numa missão muito interessante, que foi voltar à cidade onde efetivei meu cargo de professora, Piracicaba. Tenho muitas histórias sobre a EM nessa fase, pois como vocês já devem saber, o meu diagnóstico veio logo em seguida e precisei deixar a sala de aula pra tratar de um surto.
Só que depois disso as coisas foram ficando mais complicadas e eu estava sozinha numa cidade estranha.
Confesso a vocês, que se fosse a um tempo atrás, eu poderia tentar mais, afinal a inexperiência era enorme.
Vocês podem estar pensando que eu era muito jovem para morar sozinha, mas não é dessa inexperiência que estou tratando, é da EM mesmo. Não fazia a menor ideia do que podia me acontecer, tive muito medo. E se me desse aquelas tonturas que não consigo nem ficar em pé ? E se me desse aquela dormência nas pernas? E aquele desespero de madrugada? Enfim, muito estresse, outro surto.
Até que chegou o momento, que o médico achou melhor eu me readaptar e assim voltar para minha casa.
Foram anos de espera, mas valeu a pena!
Foi um grande aprendizado nesses poucos anos,
pude saber como é trabalhar numa função administrativa, tive alguma noção dos bastidores da educação, conheci pessoas queridas, aprendi que não se pode confiar em todo mundo, aprendi que o outro nem sempre se coloca no seu lugar mas, critica, julga sem saber do que o outro sofre.
Bem estava em Pira, como dizem por aqui, para assinar a minha aposentadoria e como vocês me conhecem, o filme, https://amigosmultiplos.org.br/post/810/minha-vida-com-esclerose-multipla-um-filme, começou a rodar logo que sai de casa…..rsrs
Porém, logo depois de consumar a minha aposentadoria, sentada à beira do rio para saborear um delicioso lombo de peixe filhote com meu "Papa", me veio em mente e se não fosse a EM?
Olha meus amores, não me lembro de ter me feito essa pergunta antes, não por esse motivo.
Então, teria ficado em Pira, enquanto meu namorido estava sozinho no nosso ap, alugado pra gente morar junto? …..rsrs
Uma coisa eu posso dizer com certeza, eu não seria essa mulher – menina sensata, cheia de maturidade que as vezes até banca a chata. Ainda bem que tenho o espírito de uma adolescente encostada em mim que algumas vezes se sobressai, até já a batizei de Marina…..rsrsrs
Contudo, fiz uma lista : E se não fosse a EM?
– não teria feito terapia (apesar de sempre querer)
– não teria feito tantas amizades queridas
– não teria estudado francês, teatro, canto e piano
– não teria me interessado tanto sobre saúde, medicamentos e neurologia
– não teria um blog
– não teria ficado tão corajosa em alguns momentos e tão medrosa em outros
– nunca teria sido telefonista
– não seria tão paciente
E vocês meus amores múltiplos? O que vocês acreditam que não seriam ou não fariam se não fosse a EM?
Acompanho nos comentários as histórias de vocês!
Múltiplos beijinhos e até.