O dia que a Matilda (minha bengala) saiu na rua pela primeira vez, coincidentemente encontramos vários conhecidos.
E pra ser bem sincera com vocês, não foi uma experiência nada boa! Sensação ruim, me senti mal, de verdade…
Eu não pedi pra ter Esclerose Múltipla, não pedi pra usar bengala. Então eu tentei até onde pude andar sem ela, mas sei que terão momentos que preciso.
Estou me dedicando cada dia mais às atividades físicas e fisioterapia, pois sei que juntas elas me ajudarão na jornada com a EM e na minha mobilidade. Mas, ainda assim, sei que terei que trabalhar essa aceitação diária, essa nova realidade que ainda é bem complexa, mas que aos poucos estou aprendendo a lidar.
Sigo rindo da cara dela
Alguém me disse um dia que os primeiros anos de um diagnóstico são os piores, e realmente às vezes sinto na pele o quanto mudei.
Num dia estou ótima, no outro mais uma infusão, efeitos colaterais, fadiga, a perna que fica fraca no meio da rua quando você está sozinha. A visão que embaça. O calor que piora tudo…
A dona EM se mostra pra mim de várias formas, mas nenhuma delas consegue me fazer sentir inferior, incapaz. As vezes, eu até rio de mim mesma, da situação.
Sigo, rindo da cara dela, dançando com ela, mesmo vez ou outra ela me derrubado ou pisando no meu pé.
Quando ela se apresentou pra mim
Quando a Esclerose Múltipla se apresentou pra mim, foi um choque, pois não fazia ideia do que era a doença… quando eu, ingênua, achei que fosse uma crise de ansiedade, “é psicólogo, é só estresse” disseram. Eu realmente não fazia ideia do que se tratava, não a conhecia, então fui pega de surpresa.
Senti um formigamento no braço direito e foi se estendendo para todo o corpo do lado direito, ali eu já sabia que algo errado estava acontecendo comigo.
No hospital, já fiquei internada e ali eu permaneceria por mais 8 dias e a minha vida mudaria por completo. De lá pra cá, fui me tornando uma nova Carol, uma mulher que se reencontrou, que aprendeu o que é resiliência na pele, que não quer mais perder tempo, não quer perder vida, eu renasci.
Junto com a EM nasceu a mulher que hoje me orgulho, essa mulher que não tem medo de ser quem é e que vai lutar por voz e por igualdade para pessoas com Esclerose Múltipla.
O que é ser forte pra você?
O que é ser forte pra você? Ser forte não quer dizer que você vai vencer todas as batalhas que aparecerem. Até porque você também pode fraquejar sem que isso seja sinal de fraqueza. Somente quem é realmente muito forte demonstra que também tem seus momentos mais fracos.
Tem dias em que precisaremos de uma mão para nos levantar, de um ombro para chorar, de um abraço para confortar. Ao se permitir pedir tudo isso, você também está sendo forte, porque só os fortes sabem que é necessário ter alguém ao lado.
Não há uma fórmula mágica para ser forte, nem dá pra ser forte o tempo todo, ninguém é! Mas muitas vezes ser forte é a nossa única opção. Que possamos nos libertar de autocobranças e comparações. Todos nós estamos enfrentando uma batalha silenciosa.
Me siga no Instagram @acarolinarochag