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De repente PCD

Semanas atrás, fui fazer uma prova de seleção para um curso (uma hora falo sobre isso). Ao procurar meu nome na listagem dos candidatos alocados por sala, não o encontrei. Fui certeira na letra M, comecei a descer o dedo, mas nada de “Maika” saltar do papel.

Sempre acho sem dificuldade. Na maioria das vezes, miro direto no K e logo encontro. Mas não tive sucesso. Então pensei: “será que deu problema com a minha inscrição?”. Mas não foi isso! Olhei com mais atenção e menos pressa. Ali, separado dos outros nomes, tinha um grupinho de 8 nomes – misturados mas, ao mesmo tempo, separados do outro grupo.

Aí, lembrei: eu sou um pessoa com deficiência e assim me declarei na hora que fiz a inscrição. Devido a alguns surtos da Esclerose Múltipla, não se sabe ao certo quantos foram.

Preste atenção!

Falta de informação, diagnósticos errados, invisibilidade dos sintomas. Faço aqui um mea-culpa por saber ter sido tantas e tantas vezes negligente comigo mesma. Perdi cerca de 60 por cento da visão do olho direito e alguma coisa do esquerdo também. Então hoje, após ter vivido 40 anos como uma pessoa “normal” – digamos assim – tornei-me uma pessoa com deficiência.

Me ver como uma pessoa com deficiência é um processo diário, porque estou construindo uma nova identidade e esse caminho é difícil à beça. Lá fui pra sala. Fiz a prova, a qual solicitei prova ampliada, e fiz tudo. Se passei, não sei… mas, sinceramente, não me importa. Estar ali, naquele lugar, foi um ato de amor comigo mesma.

Estou aprendendo viver com uma deficiência e a procurar caminhos na construção dessa nova identidade. Não é vitimismo, não me entendam mal. É aprender a se ver de outra forma.

Se você sente alguma dor, não pensa “vai passar”. Investigue, pergunte, se informe. O diagnóstico precoce garante qualidade de vida!

A maioria dos diagnósticos de Esclerose Múltipla são processos longos e tortuosos cheio de becos escuros, mas a lanterna que vai iluminar esse caminho tem que estar na sua mão. Escute os sinais do seu corpo!

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