Nessa semana aconteceu uma coisa diferente e senti muita vontade de escrever a respeito. Tereza estava dormindo como um anjinho e, de repente, um barulho atormentador se inicia. Pedras começaram a cair do lado de fora da casa, era o vizinho quebrando uma parede do apartamento dele.
Tereza deu um pulo e já na posição de engatinhar, se virou na minha direção e começou a chorar olhando pra mim. Não era um choro normal de "quero colo", era um choro do tipo "faz o som parar, estou com medo". O som durou cerca de 5 minutos e deixou uma dorzinha de cabeça na bebê.
Enquanto ela chorava e se contorcia de dor, ela me olhava como quem pedia "tira essa dor de mim", mas o que eu podia fazer? Não dava pra passear, por causa dos frequentes assaltos e assassinatos. Não dava pra pedir pra pararem, porque já fiz isso e eles só ignoraram. Dei colinho e paracetamol, solução parcial.
Enquanto ela voltava a dormir eu me lembrava de outras mães, mas não eram só mães, eram as mães de esclerosados. Lembrei das vezes que falavam sobre ver o filho pedindo pra que a dor parasse e se sentiam impotentes. Elas falavam sobre como choravam quando iam dormir e como se mostravam firmes e fortes diante do filho adoecido. Eu não tinha ideia do que era isso, do que era ver um filho sofrer de dor, então só respondia tipo "nossa, que triste" ou "deve ser tenso, né?!".
Lembrei de quando o Júlio passou mal e estávamos sozinhos, a impotência que senti; a angustia; o medo; a dor que era nele, mas parecia que era em mim; a lágrima contida; o desespero. Agora eu sabia que sabia o que as mães sentem. Orei em silêncio por todas, orei pra que essas mulheres nunca percam essa força.
Vocês nunca estarão sozinhas. Vocês são maravilhosas, são super-mães.