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Sempre gostei de escrever.  Na adolescência tinha sempre um caderno, um diário, uma agenda, um bloco qualquer onde anotar meus rabiscos.

Sempre gostei muito de ler também e a leitura sempre favoreceu a escrita. Além disso, escrevia minhas vivências, expectativas, sonhos, planos, frustrações.

Em geral, não mostrava pra ninguém. Escondia bem escondidinho. Afinal, eram os meus sentimentos, coisas que escrevia para colocar em ordem meus pensamentos e emoções.

Em determinado momento, surgiram as redes sociais. Há quinze anos, Orkut e MSN eram as principais ferramentas para comunicação virtual e a partir delas, surgiu uma nova mania: escrever não mais para esconder, mas para contar aos outros como me sentia.

Com a vida cada vez mais corrida, tendo vindo morar em outra cidade e perdendo contato com meus amigos de infância e familiares, as redes sociais surgiram como uma forma de resgatar esses contatos. A gente continuava distante fisicamente, mas virtualmente próximos.

Escrevendo pequenas notas para atualizar amigos e parentes das novidades, ou textos maiores expressando minha opinião por determinado assunto ou desabafando minhas angústias, a necessidade de um “caderno” maior e mais visível se tornou urgente. Nascia assim, meu primeiro blog.

Surgiu tímido, tinha vergonha dos meus textinhos bobos.  Mas aos poucos a coisa foi crescendo e tomando forma. Quando minha caçula nasceu, raspa do tacho de 5 filhos tendo ainda as gêmeas tão bebês, sair de casa se tornou uma tarefa quase impossível.  A necessidade de falar com as pessoas se tornou essencial pra minha sanidade mental, foi aí que o blog finalmente deslanchou.

Mas com o passar do tempo, algumas dificuldades foram surgindo, fui desanimando. Meu blog falava sobre tudo um pouco, mas principalmente sobre minhas questões ligadas à maternidade e à Esclerose Múltipla. Depois de um tempo, achei que estava ficando muito repetitiva. Além disso, todo mundo começou a escrever sobre maternidade ou sobre Esclerose Múltipla e até mesmo sobre os dois assuntos juntos. Com tanta concorrência com mais qualidade que meu mixuruca e pobre blog, desanimei até o ponto de desistir do blog.

Me restou os textos para a AME. Mas acabo sempre esbarrando no mesmo dilema: escrever sobre o quê? O que as pessoas querem ler? O que é interessante e que eu possa saber o suficiente para emitir opinião? Será que estou mesmo contribuindo ou só ocupando espaço?

Escrever é um exercício. E como todo exercício, requer prática. Quando a gente desanima e para, atrofia. Para mim, essa atrofia também cresceu graças à EM e os déficits cognitivos que ela me trouxe. A fadiga também dificulta meu cérebro de escrever com a fluência de antes. Mas acredito que um pequeno treino diário seja capaz de, senão recuperar a forma antiga, ao menos  me fazer manter a capacidade que ainda não perdi.

Me orgulho de fazer parte do time da AME. É uma honra muito grande ter meu nome ligado a esse projeto.  Não vou abrir mão disso. Vou continuar escrevendo sobre minhas memórias, fazendo minhas reflexões, reclamando um pouco da vida.

Embora eu sinta às vezes que isso é muito pouco, também tenho consciência de que posso ajudar outras pessoas com minhas histórias. Que elas sirvam como um lembrete de que vidas comuns e sem grandes acontecimentos como a minha também podem ser felizes. Que a EM pode ter tirado algumas coisas de mim, mas não mudou quem eu sou, nem a forma como me comunico.

Sou uma pessoa extremamente tímida, mas que aprendeu a falar em público graças ao exercício de escrever.  Que aprendeu muitas coisas novas com o debate, a troca de ideias gerada pelo que escrevo. E isso é essencial para me sentir ativa, participante, viva.

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