Esse tema não estava originalmente na sequência de assuntos que trataria. No entanto, aqui em Porto Alegre, abril foi um mês muito louco, sem lógica. A temperatura passou por mudanças drásticas e meu corpo idem. Em apenas um mês tivemos dias agradáveis, de calor infernal e momentos frios em que precisei ficar com gorro e cachecol mesmo dentro de casa. Precisamos de certa previsibilidade em nossa rotina. Quem tem mobilidade reduzida já conhece os obstáculos e alternativas do caminho e consegue agir de forma mais ou menos planejável sobre as limitações materiais, mentais ou arquitetônicas. Mas e quando as condições ambientais estão além do nosso controle?
Para se ter uma noção mais exata, começamos o mês com o típico clima de outono. Temperaturas amenas, em que a mínima não descia dos 15° e a máxima não superava os 25°. Estava realmente feliz, pois finalmente a temperatura se afastava daquele calorão do verão e pude “respirar sem a ajuda de aparelhos” (ventilador/ar condicionado etc.). O outono geralmente me dá superpoderes e consigo andar melhor, não tenho tanta fadiga e consigo cumprir mais rigidamente a rotina de exercícios.
No entanto, no meio do mês a temperatura subiu a limites insuportáveis. E nós, aqui de casa, que já estávamos pensando em guardar o ventilador, tivemos que desistir da ideia. Segundo as notícias do jornal, a temperatura foi a mais alta para o mês de abril desde que a medição foi iniciada. E eu, que tinha um compromisso na faculdade, não consegui sair de casa. Além disso, tenho certeza que se não tivéssemos ar condicionado, eu não conseguiria fazer nada. Seria totalmente improdutivo.
Passada uma semana, as temperaturas despencaram. Foram em um curto espaço de tempo de 36° para temperaturas abaixo de 10°. E junto com a retomada de casacos, cobertores e edredons, vieram as dores e o aumento na espasticidade. Queria que os tremores fossem só de frio, mas não. Mesmo com gorros, luvas e cachecóis dentro de casa sentia uma dor muscular que parecia vir de dentro, presente no próprio músculo. Além disso, me sentia encurtado. Minhas costas doíam e os ombros pareciam querer se unir. Uma postura meio corcunda parecia a mais natural do meu corpo.
Aquele clima de outono, que aprendemos na escola, foi derrubado e o tempo enlouqueceu. Essas drásticas variações de temperatura me prejudicaram muito. Não consegui acertar a minha rotina de exercícios, pois em uma semana tinha que lidar com o calor que desfalecia e levava minha fadiga a níveis estratosféricos, na outra precisei lutar contra as dores, a rigidez muscular e as espasticidades. Faça calor ou faça frio, devemos manter nosso ambiente o mais controlado possível, com mais roupa, menos roupa, ventiladores, ar condicionado etc. Nem sempre temos controles dos condicionantes estruturais, sejam eles materiais ou imateriais. Mas certamente o clima/tempo deve ser colocado igualmente como um fator determinante, já que em dias muito quentes ou muito frios somos infelizmente obrigados a cancelar compromissos ou convites de amigos. Seja como for, estou sempre disposto a convites para aquela cervejinha gelada nos dias de calor. Nos dias de frio podem trazer vinhos e queijos aqui em casa.