E lá se vão 14 anos…
A vida me presenteou com o diagnóstico da Esclerose Múltipla e o presente, a princípio, era grande e pesado. Uma caixa enorme e ali estava eu para desembrulhá-la.
Uma caixa dentro da outra. E eram muitas.
A primeira levei um tempo, muito tempo para abrir. Era a DOR. Dor física mesmo… e multiplicada.
A segunda era o MEDO, um pavor imenso do desconhecido.
A terceira encontrei o BUSCAR respostas e explicações.
A quarta, depois de lutar para abrir, encontrei uma placa com a REVELAÇÃO: Suzana, você sabe o que é Esclerose Múltipla?
A quinta estava meio bagunçada com mil papéis escritos POR QUÊ?
A sexta veio cheia de papéis mais coloridos e escritos PARA QUÊ?
A sétima abri muito hesitante, mas resolvi encarar e achei uma placa branca com as bordas para colorir com o nome ACEITAÇÃO!
A oitava continha muitas informações sobre tudo. Cansada de abrir caixas, me dei conta que eram receitas bem elaboradas de um bolo o qual teria que conhecer para poder fazê-lo. Os ingredientes eram cheios de força e esperança. Era só seguir as regras e achar a SOLUÇÃO! “Suzana, tem tratamento, faça direito e siga em frente”, assim escutei do meu neurologista.
A nona já estava muito leve e de dentro dela saiam sons, odores, luzes, sabores…estava ansiosa para abrir. Ao abrir, saíram de dentro voando para todos os lados, anjos, borboletas, arco íris e fadas do bem adornadas de flores. Eram meus familiares, amigos e profissionais de saúde em um baile surreal. Eles vieram até mim para uma dança intensa que dura até hoje e não haverá fim.
Quando cheguei na décima, resolvi me concentrar para me despedir do presente. Ela seria a última e brilhava muito, meu coração transbordava de alegria e curiosidade.
Dei uma espiada pela brechinha da caixa e só enxerguei LUZ, era a ESPERANÇA.
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