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Apesar de você, ainda estou aqui

Não tem como não falar do aclamado – e digo com absoluto merecimento -, filme do diretor Walter Salles com atuação memorável da atriz Fernanda Torres. Isso, ele mesmo, o filme Ainda Estou aqui. Mas você deve estar se questionando o que um filme que tem como pano de fundo a Ditadura Militar Brasileira tem a ver com Esclerose Múltipla? Tudo! Vou te explicar.

O filme Ainda Estou aqui narra a trajetória de Eunice Paiva, uma mulher que teve o marido e pai dos seus 5 filhos, o ex deputado e engenheiro Rubens Paiva, sequestrado, torturado e assassinado pelas forças repressoras do regime cívico militar. Esse episódio de violência aconteceu no momento histórico que o Brasil atravessou entre os anos 1964 e 1985, do qual sentimos consequências nefastas até os dias de hoje.

Sim, o assunto é denso e poderia escrever um mês sobre esse período da nossa história. Sou especialista em Ditadura Militar, meu mestrado foi sobre o assunto. Mas, nem de longe foi isso que me chamou atenção no filme.

Então, aonde entra a doença crônica?

Não entra. Entretanto, depois de diagnósticos tão modificadores passamos e nós “bioidentificar” de outra forma (volta lá no meu primeiro artigo aqui do blog). Então, o que quero dizer é: o diagnóstico e suas vivências modificam tanto que não é possível visualizar nada mais sem essa nova perspectiva na qual sua vida passa a ter.

Eunice teve sua vida e de toda a sua família alterada, virada do avesso. Um acontecimento sui generis que mudou tudo. Não foi um diagnóstico, mas atingiu da mesma forma.

Fiquei muito reflexiva sobre o assunto. Eunice perdeu sua casa, sua estabilidade financeira. Ela passou a depender da ajuda de estranhos, viu amigos de longa data se afastarem, sentiu-se sozinha e nem ao menos conseguiu chorar essa dor.

Pois é, não foi um diagnóstico. Entretanto, me fez refletir muito sobre como acontecimentos podem mudar tudo. No meio dessa fatalidade, Eunice encontrou um novo motivo pra sua vida, um caminho que alterou a rota prevista pra sua vida.

Voltou a estudar, formou-se advogada, tornou-se ativista envolvida na defesa das populações indígenas e provou que o marido havia sido assassinado pelas forças da repressão. Spoiler? É sim, mas que Eunice Paiva seja inspiração em nossas vidas e que o diagnóstico nos impulsione e nos motive a seguir, mudar e ser feliz. Sim e por que não?

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