VIAJANDO COM ESCLEROSE E UM BEBÊ: FORTALEZA

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Olá viajantes, tudo bem com vocês?

Depois de mais de um ano sem viajar (isso pra uma viajante como eu é muito tempo), retornei às viagens agora em maio. Passei a gravidez toda em casa e estava esperando o Francisco ficar maiorzinho para nos aventurarmos. Não imaginava como seria viajar com um bebê e achava que crianças com menos de um ano eram muito pequenas para viajar. Mas o desejo de ir pra praia e apresentar o mundo pro meu filho foi maior e, com apenas cinco meses ele foi comigo pra Fortaleza!

Aqui em casa a-ma-mos praia! E eu precisava de umas férias. Dessa vez o Jota não foi junto, porque, como ele mesmo diz, seria mais trabalho que descanso. Isso não é totalmente verdade, afinal, sempre conseguimos curtir juntos, com ou sem cadeira de rodas. Mas numa coisa ele tem razão: o mundo está mais preparado para receber bebês do que cadeirantes.

Pois bem, tirei férias do trabalho, de casa, do marido e fomos eu, Francisco, minha mãe e minha irmã para a ensolarada e linda Fortaleza.

O que eu imaginei que seria mais difícil, a viagem de avião de mais de 6h com o baby, foi muito tranquila. Ele é um docinho. Pegou a chupeta na hora das decolagens e pousos. Brincou com os brinquedinhos que levamos (nenhum fazia barulho pra não atrapalhar os outros passageiros), viu um pouco de Baby TV (ainda bem que escolhemos Avianca com suas televisõezinhas individuais) e dormiu bastante.

Em Fortaleza fizemos alguns passeios pré-programados pela CVC (sim, viajamos com esses pacotes turísticos pagos em 10 vezes mesmo… fiz as contas antes de comprar e estava mais em conta do que comprar individualmente passagens e reservar o hotel), mas se ficássemos só na cidade, já teríamos aproveitado muito.

Escolhemos um hotel à beira mar. E gente, que coisa maravilhosa que é isso. Nunca tínhamos ficado tão pertinho da praia e a-do-ra-mos! O Mareiro Hotel está maravilhosamente localizado, à beira-mar e alguns metros da maior feirinha de praia que eu já vi na vida (duvido que alguém passe por todas aquelas barracas olhando tudo de verdade). Além disso, dispuseram banheira de bebê e berço pro Francisco e eles têm uma Copa Baby, onde eu podia preparar as mamadeiras do Chiquinho. O café da manhã é delicioso (se forem ficar lá, faizfavor de comer tapioca de coco com leite condensado feito por aquelas simpatias de meninas que atendem) e tinha frutas fresquinhas pro Francisco comer durante o dia. Além da água de coco, que ele tá viciado agora. Como eu estava com bebê, não ficávamos muito tempo na praia (sol muito forte e muito quente), então, ter a mordomia de uma piscina gostosa junto ao hall de entrada do hotel era muito bom. Como reparei que todos os ambientes do hotel tinha acessibilidade para cadeirantes, tinha banheiro acessível em todos os ambientes, pedi pra conhecer os quartos adaptados do hotel e foi uma surpresa muito boa: cinco quartos totalmente adaptados para cadeirantes. E quando eu digo adaptado, é de verdade mesmo. A única coisa ruim é que nenhum deles é de frente pro mar. Vi que podia ir com o Jota tranquilamente pra lá. Só teríamos um problema ao sair do hotel: a acessibilidade vai até a primeira calçada de fora do hotel. Faltam rampas de acesso em toda a avenida beira mar e as calçadas não estão muito boas.

Sobre os passeios, fiz um city tour que achei bem chinfrin, com a empresa credenciada da CVC, que é a Ernani Tur. Me parece que todos estão muito interessados em vender as praias do Ceará, mas a história e a cultura ficam bastante de lado, o que eu acho uma pena. Pelo menos a empresa que nos atendeu precisa estudar muito sobre a própria história, sobre as personagens imporantes do estado, sobre a cultura local. Vocês acreditam que o city tour não passa pelo Teatro José de Alencar? Aquela preciosidade em Art Nouveu e eles nem falam que José de Alencar é de lá. Eu até entendo que eles tenham interesse em vender renda, bordado e praia. Mas o Ceará é muito mais que isso.

Conheci a cidade usando o Uber, o Google e as dicas da minha amiga e também esclerosada Bruna, que mora lá e nos levou em alguns lugares bacanas, como o Centro Cultural Dragão do Mar e o Ceart Luiza Tavora.

Como a gente a-do-ra comer peixe, ficamos fãs e agora órfãs do Mercado do Peixe, onde você compra o peixe na banca do pescador e já manda fazer na hora o peixe fresquinho. Chego a salivar pensando nos pargos, camarões e lagostas que comemos lá. Em comparação ao preço que pagamos aqui no Rio Grande do Sul, comer peixe e frutos do mar lá é muito muito muito barato.

Das praias, além de Meireles, onde estávamos hospedadas, conhecemos Cumbuco, onde tomei banho em alto mar (passeio de jangada) e comi a cocada mais deliciosa da minha vida (sério, se vir um cara e der uma cocada de presente pra você nessa praia, você vai acabar saindo de lá com pelo menos umas cinco na mochila); e Canoa Quebrada, onde fiz um passeio de bugue (quase morri do coração), desci de tirolesa num duna (quase morri do coração duas vezes) e curtimos um dia lindo com nosso pequeno. Lá ele ficou bastante tempo com os pézinhos na areia, que foi a coisa que ele mais gostou da viagem (depois de água de coco, claro).

Pra fazer esses passeios, íamos de ônibus e, no primeiro dia, quando o guia disse: “só não sentem nos primeiros bancos porque vamos pegar um cadeirante e esse lugar é reservado”, pensei na hora: Uau! O ônibus tem acessibilidade! Só que não! Acessibilidade, nesse caso, é o sobrenome do cara que carrega o cadeirante pra dentro e pra fora do ônibus. Mas foi assim que conhecemos os queridos Vilmar e Lis, que foram à Cumbuco e Canoa Quebrada com a gente e o Vilmar colaborou com esse post fazendo uma avaliação do hotel em que ele ficou hospedado, o Praiano:

“Em geral o hotel é bom, principalmente os funcionários prestativos. Como sou cadeirante encontrei alguns problemas que nos incomodaram. Principalmente a questão do banheiro e chuveiro. A pia do banheiro  tem que ser melhorado no sentido de deixar acesso para a cadeira entrar sob a pia. A cadeira de banho precisa “urgentemente” ser trocada, pois a que está machucou os meus pés com uns parafusos que fica na parte de baixo (até revesti os parafusos com fita crepe para amenizar o atrito). Outra questão da cadeira que ela é hospitalar, ou seja, com rodas pequenas onde é necessário ter sempre alguém junto para levar até o chuveiro e depois até a cama. Nós cadeirantes, sempre que possível, precisamos e queremos nos “virar” sozinhos! Por exemplo, minha esposa estava na piscina e precisou sair para me ajudar a ir ai ao banheiro! O chuveiro tem um trilho no chão que foi colocado por um erro da na queda do piso, onde a água deveria ir para o ralo e não para fora do chuveiro. Esse trilho foi um incomodo para nós! A cama deveria ser mais alta, pois está muito desproporcional a altura da cadeira de rodas/banho, dificultando bastante as transferências.Enquanto não for acertado asses problemas não voltaríamos ao hotel e não aconselhamos quem for cadeirante a ir no hotel”

Resumindo a viagem: foi lindo demais! O Francisco é um ótimo companheiro de viagem e eu descobri que viajar com criança pequena é um barato! Quando eu estava grávida, li várias vezes pessoas postando memes nas redes sociais dizendo “enquanto alguns amigos estão tendo filhos, eu estou planejando viajar pelo mundo”. Pois eu estou planejando conhecer o mundo com meus filhos, que é a melhor coisa da vida!

Dicas de ouro pra viajar com bebês:

– leve brinquedos

– leve um carrinho de bebê (eu comprei um modelo guarda-chuva, que é fácil de desmontar e cabe em qualquer carro. Só despachava quando estava na porta do avião…facilita muito a vida)

– chupeta (pro avião é muito útil)

– fraldas, roupas e papinha extra (nunca se sabe se a escala no aeroporto vai atrasar)

– não saia da rotina de comida e sono do bebê

Adorei em Fortaleza:

– O verde do mar! Apesar do mar ser meio violento (caí e ralei o joelho)…é lindo demais!!!!!

– Teatro José de Alencar

– Praça do Passeio Público (é um lugar lindo, com um Baobá no meio. Tem muitas árvores e uma brisa gostosa. Ideal para um almoço, no Café do Passeio Público, que tem um buffet delicioso e um atendimento maravilhoso. Super recomendo!)

– Centro Cultural Dragão do Mar

– Mercado do Peixe (melhor lugar pra comer, sem dúvida)

– As pessoas! Bjo pra todos do hotel Mareiro!

– Paçoca do Nordeste (que é uma farofa com carne do sol – trouxe uns 5kg pra casa)

– Arte urbana

– Ver o sol se pôr nos trapiches da praia

– Centro de Turismo (antiga casa de detenção – melhor lugar pra comprar as rendas pra trazer de lembrança. Vá à tarde, quando não estão os ônibus de turismo)

Não gostei tanto assim:

– City Tour da Ernani Tour (muito pobre em termos culturais e históricos)

– O centro histórico está abandonado… muito triste

– Mercado Público Central (muito grande, muita coisa mas tudo meio igual ao que se vê na feirinha da praia)

– A cidade não é tão limpa

– Prostituição infantil (se vê em qualquer barraca na beira mar)

– Não conseguir andar 2m sem alguém tentar te vender alguma coisa ou pedir dinheiro, comida etc. Eu entendo que é uma vida difícil, mas complica o passeio.

 

p.s.: vejam a alegria do nosso Francisco com os pézinhos na areia:

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