Tratamentos de EM nas últimas décadas

Compartilhe este post

Compartilhar no facebook
Compartilhar no linkedin
Compartilhar no twitter

Me considero uma pessoa privilegiada em vários aspectos, inclusive por ter sido convidada a participar deste grupo de blogueiros.

Que nova e maravilhosa experiência!

Para começar, gostaria de contar a impressionante trajetória da esclerose múltipla nos últimos anos.

Seguramente para os pacientes a impressão deve ser de que as coisas da esclerose múltipla evoluem muito lentamente e de modo pouco eficaz.

Ledo engano.

Começando pelo diagnóstico da doença: a primeira descrição oficial é de 1860 por Charcot.

A primeira tentativa de “organizar” a esclerose múltipla foi chegar em 1965 com os Critérios Diagnósticos de Schumacher. Cem anos entre um fato e outro.

Estes Critérios de Schumacher trouxeram mais uma revolução, pois sua construção ocorreu para possibilitar a realização de estudos clínicos em esclerose múltipla.

Novos Critérios Clínicos foram desenvolvidos por Poser em 1983. Apenas 18 anos após Schumacher…

Não foi pequena a revolução dos Critérios de Poser. Além de incluir ferramentas diagnósticas novas como a tomografia cerebral computadorizada e os potenciais evocados,  definia vários conceitos clínicos ainda hoje válidos.

Em 2001, McDonald e um grande grupo de especialistas revisam os critérios frente às novas realidades. São 18 anos de novo…

Agora reina a ressonância magnética e a definição de diagnóstico e critérios para início do tratamento são bastante modificados.

Vejam só  , em 2005 esses Critérios já são revisados! Cinco anos…  e  são novamente modificados em 2010.

Todo o ritmo da Esclerose Múltipla é outro!

Agora falando em tratamento.

Nos anos 1980, só havia corticoide. ACTH, dexametasona e prednisona. Altas doses continuadas, muitos efeitos colaterais, muitos problemas clínicos secundários aos tratamentos e baixa eficácia. Os pacientes pagavam um alto custo pessoal, para um ganho muito pequeno.

No início dos 1990, começamos a fazer pulsoterapia com metilprednisolona e já foi muito bom. Conseguíamos uma resposta neurológica melhor no manejo dos surtos. Pelo menos.

Em 1993, pela primeira vez, 133 anos após Charcot, surge a primeira droga específica para o tratamento da esclerose múltipla, o beta-interferon 1 b. É o início  do ciclo das drogas chamadas modificadoras da doença. Na sequência vem os beta-interferons 1 a e o acetato de glatiramer.

Pude assistir a profunda diferença que a introdução destas drogas trouxeram para o dia a dia dos pacientes e para a sua evolução a longo prazo.

Ok. Nada maravilhoso, não é a cura dirão aqueles que convivem com a doença.

Estas drogas modificadoras da doença são injetáveis, tem efeitos colaterais desagradáveis. Mas nem de longe as pessoas convivem com as dificuldades e riscos do uso de altas doses de corticoide oral por meses, anos e seus pesadíssimos efeitos adversos.

Por outro lado, o impacto na incapacitação, na vida real foi enorme e positivo.

Entramos os anos 2000 ambiciosos, todos queríamos mais agora que sabíamos melhor por onde caminhar.

Em 2005, uma nova forma de controlar a doença surge com o natalizumab. A porta que se abriu foi imensa. Muitas outras formas de abordar o tratamento chegam na sequência..

Cinco anos depois, passamos a ter o fingolimod com outra abordagem da rota imunológica.

Após o fingolimod, quase enfileirados fomos apresentados a teriflunomida, ao dimetil-fumarato e ao alentuzumab todos gestados durante os anos 2000 e prontos para ajudar um pouco mais.

Quanta riqueza!

Ok, ainda são drogas complicadas, nem todos tem indicação para usar, nem todos toleram, nem todos respondem bem, não é a cura….

Mas hoje temos mais drogas eficazes, podemos ter alternativas para individualizar cada mais vez os tratamentos e obter melhores respostas terapêuticas, evoluções mais tranquilas, menos surtos, menos incapacitação e, consequentemente, uma vida mais normal e produtiva.

Eu, depois de acompanhar esses cenários (não participei do período do Charcot e do Schumacher, só para esclarecer e não parecer a matusalém da Esclerose múltipla…), sou otimista.

Estamos muito a frente e com conhecimento fortemente embasado em estudos clínicos, só coisas positivas podem vir no futuro próximo.

Eu já estou esperando, n a maior expectativa.

Até o próximo post!

Explore mais

Ativismo e Direitos

Entenda novo PCDT de Esclerose Múltipla

O Governo Federal lançou uma consulta pública para a nova proposta de PCDT (Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas) de Esclerose Múltipla, na plataforma Participa +