Somos feitos de silêncio e sons.

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Adoro usar títulos e trechos de músicas para inspirar minhas postagens.
Essa frase é da música “Certas Coisas” do Lulu Santos.

Não gosto do silêncio absoluto, mas também não gosto de barulho excessivo.

Minha casa nunca está em silêncio, até porque com três crianças isso fica impossível, mas mesmo quando estou sozinha em casa, a TV está sempre ligada, mesmo que falando sozinha, pra me fazer companhia.  Mas quando o barulho é muito, fico bastante irritada.

Já havia notado isso quando ainda estava trabalhando. Depois daquele surto grande de EM que tive, notei que o barulho em excesso me desconcentrava muito e, além disso, me causava uma irritação sem tamanho.

No escritório onde eu trabalhava, não era raro termos 3 ou 4 impressoras, daquelas matriciais bem barulhentas, ligadas ao mesmo tempo, além do telefone que não parava de tocar, o rádio sempre ligado e mais a conversa dos colegas tudo ao mesmo tempo. Isso tudo que antes era absolutamente normal pra mim, começou a me incomodar. Tentei usar um radinho com fone de ouvido, para me isolar do resto do barulho, mas isso foi mal interpretado pelos colegas, que não me compreendiam e ficavam implicando comigo.

Esse era um dos motivos pelos quais eu não conseguia mais render no meu trabalho, já tinha ficado com dificuldade de concentração e o barulho não me ajudava em nada.

Em casa, acontece o mesmo. Tem dias que as três crianças tiram para miar o tempo todo, tem dias que tiram pra chorar, tem dias que tiram pra gritar e tem dias em que uma resolve miar, a outra chorar e a terceira gritar, tudo junto.

Aí somem a TV, que se alguém estiver assistindo o volume estará invariavelmente alto para que ela possa ser ouvida, o telefone que toca, o vizinho com suas músicas de gosto muito duvidoso a todo o volume, o cachorro latindo, marido e filha adolescente tentando falar comigo… E eu fico louca!

Chega um momento em que todos os sons ficam incompreensíveis e só ouço o barulho irritante. Vai me dando uma quentura, meu sangue ferve e a quizumba tá formada! Nesses momentos, tenho vontade de abrir a porta e sair correndo. Mas em vez disso, eu grito. #aloka

Ao longo do tempo tenho notado que a reação que tenho ao barulho é algo físico, talvez proveniente da própria EM, já que não tinha problemas antes. Não posso controlar. Não fico irritada só porque é barulho, fico irritada porque passo a não compreender mais o que estou escutando, minha cabeça dói, meus ouvidos doem.

Pareço uma velha reclamona, abaixando o som da TV ou da música a níveis quase inaudíveis, só para poder me equilibrar de novo. Quando estou sozinha, consigo ouvir a TV ou o som com o volume no mínimo e consigo compreender melhor do que quando o volume está excessivamente alto. À noite, depois que as crianças dormem, ficam inadmissíveis volumes mais altos e fico P… Quando além da TV tem música ligada. Fica aquela confusão nos meus ouvidos e marido briga comigo me chamando de chata, não compreende meu mal estar.

Como eu disse lá no comecinho, o barulho em si não me incomoda, o que me desnorteia é muita coisa junta, tudo ao mesmo tempo. E como o título desta postagem já diz: somos feitos de silêncio e som. Como eu sei que não terei silêncio pelos próximos anos, (e nem quero) acho justo que pelo menos não fique perturbada com os sons que me rodeiam.

E vocês que também tem crianças em casa, como administram o silêncio e o barulho da casa? E essa irritação, alguém mais sofre com ela?

 

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Este texto foi originalmente publicado em meu blog pessoal, que não existe mais. Mas relendo, vi o quanto era atual, mesmo após 7 anos. As únicas atualizações dizem respeito aos vizinhos que no endereço atual são bem mais comportados, mas em compensação há o barulho da rua, do trânsito e às vezes algum furdunço, e também às filhas, hoje já mais crescidinhas (mas ainda extremamente barulhentas) e a que era adolescente à época, hoje já é adulta e não mora mais conosco.

O barulho em excesso, conversas cruzadas e telefone cada dia me irritam mais. O interessante é que às vezes não me dou conta do que tá me irritando, não é uma implicância  do tipo: “não gosto”, é um sofrimento. Ao mesmo tempo em que o silêncio absoluto (ou quase) também é torturante.

Aí eu repito a pergunta feita ali em cima: Como administram o silêncio e o barulho da casa? E essa irritação, alguém mais sofre com ela? Sou doida, ou mais alguém me acompanha?

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