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Ser mãe é o trabalho mais difícil da vida. Não tem remuneração, nem 13º, nem férias e nem dá pra pedir demissão.

Sabe aquela frase batida: “ser mãe é padecer no paraíso”? Pois é, tem muito mais padecimento do que paraíso.

Não me entendam mal, amo meus filhos mais que tudo nessa vida e eles me dão muitas alegrias, mas definitivamente não é fácil.

Eu tenho a sorte de contar com pai de verdade, daqueles que sempre fez tudo para e pelos filhos. Trocar fraldas, dar banho, acordar no meio da noite para atender, brincar, educar, dar bronca, fazer comida, limpar a casa… não há nada que ele não faça.

Mas apesar disso, ainda vivemos numa sociedade muito machista. Numa entrevista de emprego, ninguém pergunta ao homem se tem filhos, quem fica com eles, quem leva ao médico. Já uma mulher precisa deixar estas questões bem explicadas ao pleitear uma vaga.

Se a criança se comporta mal, logo julgam a mãe: “Cadê a mãe dessa criança?”, “Tua mãe não te dá educação?” e por aí vai.

No meu caso, mãe com esclerose múltipla, as coisas se complicam ainda mais. Não tenho energia para brincar com as crianças, nem posso me dedicar aos trabalhos de casa. Faço o que posso, mas é pouco. A culpa me acompanha de perto.

Sei que não tenho culpa das minhas limitações, mas ainda assim me sinto culpada por não atender todas as necessidades das minhas crianças e até mesmo de não poder trabalhar para dar à elas coisas materiais, não futilidades, mas aquilo que elas precisam e que o pai sozinho não dá conta de sustentar. Não nos falta nada, o básico nós temos: um teto sobre nossas cabeças, água, luz e telefone, comida suficiente, o que vestir e calçar. Mas qualquer coisa que ultrapasse a barreira do básico,  é uma dificuldade. A gente esperneia daqui, espreme dali e consegue dar jeito, mas se eu também trabalhasse, seria menos sofrido.

Crianças dão muita despesa, dão trabalho, dão preocupação. É preciso ter equilíbrio emocional para educá-las direito. É preciso exercitar o desapego, lembrar que os filhos não são nossos, mas do mundo e que o mundo não será maternal com eles, é preciso prepará-los para os desafios da vida. Ao mesmo tempo, precisamos dar carinho e proteção, demonstrar nosso amor, para que se sintam seguros e confiantes. É uma equação difícil de balancear.

Bebês são totalmente dependentes, dão trabalho. Crianças maiores são curiosas e destemidas, precisam de supervisão constante enquanto aprendem a se virar sozinhas e serem independentes. Adolescentes são desafiadores, questionam a nossa autoridade, as regras, o mundo. É preciso muito jogo de cintura e paciência. Filhos adultos não “precisam” mais de nós, mas ainda assim nos preocupam, queremos sempre lhes poupar do sofrimento, da dor, dos corações partidos…

Enfim, ter filhos é nunca mais viver sem preocupações. Ainda assim, é maravilhoso.

Toda vez que olho minhas meninas dormindo, serenas, tranquilas, meu coração quase para de tanto amor! E era assim também quando os mais velhos ainda estavam em casa. Tê-los embaixo da asa, protegidos, dá um conforto, uma calma.

Cada vez que ganho um abraço, um beijo ou um bilhetinho com um desenho feito pra mim, penso que sou muito abençoada de ser objeto do amor dos meus anjinhos. Cada vez que o filho mais velho vem visitar e nos damos aquele abraço apertado, sinto o cheirinho do cangote dele, me sinto forte, amada, feliz. Cada vez que a filha vem em casa e me beija com carinho, brinca comigo ou me pede um conselho, me sinto útil, capaz, poderosa.

Sim eu canso, perco a paciência, me preocupo com tudo. Mas recebo em troca uma admiração genuína, um amor puro, muito carinho. E dou muitas risadas! Adoro as oportunidades em que estamos todos juntos, ver o amor que existe entre eles, a preocupação de um com o outro e vê-los se divertindo juntos. Nesses momentos, reconheço o tal paraíso.

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