Servindo-se de espelho

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Sábio é o ser humano que tem coragem de ir diante do espelho da sua alma para reconhecer seus erros e fracassos e utilizá-los para plantar as mais belas sementes no terreno de sua inteligência.

(Augusto Cury)

 

Quando nos dispomos a falar das nossas inquietações como pessoas acometidas por uma doença incurável, além de uma enorme coragem, devemos, também, nos preparar para enfrentar críticas de todas as espécies. 

Falar sobre nossos medos, frustrações e inseguranças não é tão simples quanto falarmos das nossas superações, vitórias e esperanças, pois, ao assumirmos nossos fantasmas, em uma grande parcela das vezes, serviremos de espelho para aqueles que se camuflam, ou melhor, tentam se camuflar sob as vestes de uma força que não se abala jamais.  Assumir para nós mesmos nossas fraquezas  é um dos maiores gestos de valentia que poderíamos ter.

Assim, quando aceitamos o desafio de escrever publicamente sobre a Esclerose Múltipla, podemos dizer que desnudamos nossas emoções a fim de tornar mais fácil nossa convivência com a enfermidade e, também, trazer um pouco de solidariedade aos que vivenciam situações muito próximas às que vivemos.

Desde que comecei o Blog MInhas Escleroses (http://minhasescleroses.blogspot.com.br) eu tenho me deparado com todos os tipos de reações daqueles que leem meus posts. Encrontro amparo, identificação, palavras de incentivo, conforto, consolo, compreensão, amizade, mas, em contrapartida, muitas vezes sou criticada negativamente e taxada com vários adjetivos pejorativos por expor alguns sentimentos que são compartilhados, de tal forma, que se torna desconfortável para quem lê se ver descrito, literalmente, nas minhas palavras.

Eu sou extremamente emotiva. Ouso mesmo afirmar que sou 90% emoção (sendo bem otimista) e 10% razão (sendo ainda mais otimista). Eu ajo com o coração na grande parte das vezes. Não digo que isso seja ruim, no entanto, um pouco mais de racionalidade teria me evitado sofrimentos imensuráveis, mas isso é assunto para um outro post qualquer dia destes. Bem, voltando às minhas emoções à flor da pele, costumo afirmar que minha escrita é um retrato meu ou, para ser mais moderna ou mais "antenada" como diria minha filha, um selfie. Quem lê o que eu escrevo desnuda minha alma, pois consegue saber exatamente o que estou vivenciando quando derramei meus sentimentos em forma de palavras. Eu sou transparente demais, não consigo falar de dor quando estou com o coração inundado de alegria e, muito menos falar de flores quando estou mergulhada no pântano das dores que a Esclerose Múltipla impõe ao meu corpo e emoções.

Assim como a primavera não é apenas feita de flores, pois, como já bem disse Leila Miccolis, existem muitos marimbondos voando também, o ser humano não é feito apenas de vivências positivas, uma vez que não existe nenhum ser humano que seja capaz de jamais se abater com os percalços que a vida traz. Então, expressar nossas angústias é algo absolutamente normal e perfeitamente aceitável, diria mesmo desejável, pois interiorizar sentimentos negativos é apenas mais uma forma de adoecer.

Diante disso, quero parabenizar a todos nós que não temos medo de dar nossa cara a tapa e continuamos firmes no propósito de compartilharmos nossa caminhada ao lado de uma doença tão debilitante e imprevisível feito nossa companheira múltipla.

Beijos corajosos!

 

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