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Há muito tempo fui convidado para escrever algum texto para a AME. Todos os dias pensava sobre o que falar, zilhões de ideias surgiam e sumiam da minha cabeça, até que chegou finalmente meu "deadline". Estou há alguns minutos para o final do tempo para fazer a publicação e nesse momento só consigo pensar no que move minha vida no momento, que é o fato de ser pai daqui a pouco tempo. 

De acordo com o Atlas da E.M. 2013, a probabilidade de alguém ter Esclerose Múltipla é de 18 em cada 100.000, ou seja, bastante baixa, né? Outra informação que vi no atlas da EM é que há duas vezes mais mulheres que homens com EM. Eu sempre quis fazer parte da minoria em alguma coisa, mas aí já é demais, não? Talvez, sei lá. Bem, fora toda essa questão de ser minoria, uma coisa que sempre quis, foi ser pai, desde muito novo, coisa que com o diagnóstico, passei a ver uma improbabilidade maior ainda de ocorrer.

Mas adivinhem só: minha companheira está grávida de uma criança que será minha primeira prole! (falando em gravidez acessem esse vídeo do Qualidade Vivida) Estou muito empolgado com a ideia de ser pai, até por ter sido o maior sonho de toda a minha vida. Fico pensando noite e dia sobre coisas que vou fazer para cuidar dela da melhor forma possível, e como voltei a cursar psicologia e estou fazendo duas disciplinas que tem tudo a ver com desenvolvimento das crianças e adolescentes, vou ficando cada dia mais empolgado. Fico pensando em coisas que quero ensinar a ela, fico imaginando tantas coisas que nem sei se vou conseguir lembrar ao menos da maioria delas quando a criança finalmente nascer e crescer, mas espero que sim. Na verdade recentemente eu reli um livro que gosto bastante, do Jostein Gaarder, a Garota das Laranjas, em que o pai, doente, deixa uma carta ao filho, que ainda era muito novo e com quem não poderia conversar conversas mais adultas. 

Particularmente, não acredito muito que eu vá morrer de esclerose múltipla, pelo menos num futuro tão próximo, ainda mais por causa dessa doença. Mesmo assim, gosto da ideia de deixar meus pensamentos guardados para o futuro, especialmente para minha criança vindoura.

Eita! Esqueci que era pra falar sobre alguma coisa relacionada à esclerose, né? Então vamos lá:

Bem, eu comecei a me sentir mal justamente quando minha última namorada dava sinais de que iria me deixar e quando isso se concretizou de fato foi justamente quando recebi o diagnóstico, foi um gatilho para aparecer a doença mesmo, depois ainda teve o falecimento da minha avó, por isso eu sentia que eu precisava de alguém comigo, trabalho este que minha companheira atual faz muito bem (obrigado), me proporcionando finalmente até minha prole inicial. Sinto fortemente que estes sentimentos de expectativas e felicidades são o que fazem minha E.M. não se manifestar há muito tempo, estando há quase 1 ano e meio sem surto. Sinto mesmo que a felicidade é o que faz com que eu me sinta bem e a esclerose fica sem graça de aparecer comigo nessas horas tão boas.

Claro que outro livro que li foi muito importante também, Poliana, nesse outro livro, ensina-se a olhar as coisas sempre pelos lados bons. Com ele consegui pensar melhor e enxergar como a Esclerose Múltipla me trouxe coisas maravilhosas também, como tantos amigos e amigas, como professores que tanto me auxiliavam e auxiliam em tudo que preciso, centenas de novos amigos e tudo o mais. Sinceramente, com tantas coisas boas que vejo acontecendo, seguindo esse novo viés de que as coisas são sempre boas ao invés de más, sinto como se minha vida só começasse a fazer sentido GRAÇAS à EM, e não que eu tenha perdido coisas POR CULPA dela. Afinal sem isso, sabe-se lá SE eu conseguiria ser pai algum dia.

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