Persistência ou teimosia

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No meu último post, falei como eu me sinto em relação à expectativa da cura. Um comentário feito pelo Jota me fez pensar num outro aspecto: sobre a EM ser parte de minha identidade. 

Quando tive o diagnóstico, fui forçada à incorporá-la na minha vida, não tive escolha. Ela então passou a fazer parte da minha vida, parte de mim, parte de quem sou. Por isso que para mim a mera expectativa de uma possível cura, distante e incerta, não me cause tanta emoção. 

Depois de tantos anos convivendo com a EM, já sei quem eu sou e quem eu posso ser apesar dela. Isso não é conformismo, é aceitação. Me aceito com as limitações que a doença me impõe, aprendi a viver com elas e sigo me adaptando. 

Se de uma hora pra outra eu ficasse curada, teria que modificar novamente toda minha identidade, me readaptar, mudar minhas perspectivas. Seria uma mudança ótima e eu certamente não teria problemas com isso, mas ficar naquela expectativa, fazendo planos para essa mudança, eu não consigo. 

Sempre falamos aqui que a EM se manifesta de formas diferentes em cada um de nós e que da mesma forma cada um reage de forma diferente. Não quero dizer que minha maneira de encarar tudo isso seja a melhor ou a certa, mas é a que funciona pra mim. Entre a persistência e a teimosia, o que funciona pra mim é a segunda opção. 

Eu tenho sonhos e faço planos, mas me limito a um passo de cada vez. Não posso sonhar escalar o Everest se nem consigo andar até a esquina. Então faço planos de andar até a esquina e forçar um pouquinho pra ver se consigo andar até a próxima. Saboreio cada trecho conquistado e então planejo o próximo, sonho com mais um destino. 

Dessa forma, não traço metas inatingíveis e não fico me frustrando a cada passo dado. O que não significa que fique estática. Me mantenho andando. Sempre. 

Não sou uma pessoa persistente. Se traço metas ambiciosas, na primeira dificuldade desanimo, me acovardo. Fico logo frustrada e desisto. Por isso preciso de metas mais modestas, mais ao alcance da minha mão. Ao atingi-las, sinto-me motivada, estimulada a buscar novas metas. 

Aproveito para dividir com vocês uma grande conquista, que ainda está em andamento: estou há 15 dias sem fumar. Não tem sido uma conquista fácil, estou sofrendo, penando para enfrentar esse desafio, um dia de cada vez. E eu vou conseguir, porque se me falta persistência, me sobra teimosia e alguém me disse que eu não conseguiria.  

E assim sigo vivendo. Fazendo pequenos planos, mas indo atrás deles. 

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